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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

GOLPISTAS EM AÇÃO - José do Vale Pinheiro Feitosa

No dia 4 de março de 1955 um destacado nacionalista, militar de carreira, com uma enorme tradição de luta republicana, eleito deputado federal pelo PTB do Distrito Federal (Rio de Janeiro) faz um discurso no grande expediente da Câmara dos Deputados.

Ele fala para explicação pessoal. Em primeiro lugar cita a Liga de Emancipação Nacional, um movimento em defesa das riquezas nacionais e da autonomia do país em relação ao imperialismo americano e europeu. Diz que a Liga é composta, entre outros, pelo Deputado Campos Vergal, Vieira de Melo, Aarão Steinbruck, General Felicíssimo Cardoso, Coronel Artur Carnaúba e Edgar Buxbaum.

Em sua fala lê uma nota em que denuncia a tentativa de golpe político com a tal candidatura única (tese defendida pela UDN) e diz que são manobras feitas por forças nas sombras: os trustes norte-americanos, cujo exemplo é Eugênio Gudin, com o objetivo de liquidar a resistência patriótica contra a entrega do petróleo e do patrimônio da Nação e por isso se propõem ao golpe.

Qualquer leitor atento do momento brasileiro encontra um paralelo enorme com aquele remoto ano de 1955. Naquele ano o PSD, em aliança com o PTB, indicava Juscelino Kubistchek para a candidatura à presidência. A UDN, que tinha no Presidente Café Filho o seu braço político, afinal era um governo onde a UDN tinha o controle, não queria a candidatura Juscelino. Muitos setores militares agiam para derrubar a candidatura do PSD e estes militares tinham o braço político da UDN.
O discurso da UDN era a corrupção de Juscelino. Tratava-se da aquisição de dois terrenos da prefeitura por parte dele enquanto prefeito. Aquisição dentro das normas jurídicas, postas em dúvida pela UDN. Na verdade era uma velha briga dos mineiros, entre UDN e PSD, alçada ao nível nacional porque interessava à UDN.

Aliás a UDN, num paralelo incrível com o momento atual, conseguira rachar o PSD e vários outros setores aliados e eleito Carlos Luz, que era do PSD, mas desafeto de Juscelino. E foi com Carlos Luz na Presidência da Câmara que a UDN tentou uma CPI contra Juscelino, fez discursos agressivos contra ele e afinal, aproveitando uma licença saúde de Café Filho, deu a Carlos Luz o poder de desarmar politicamente a candidatura Juscelino.

Para todos efeitos foi tido como um golpe político. Como houve uma reação à manobra, o outro lado, a UDN, acusou a esta de golpe. Enfim, Café Filho após a alta hospitalar não mais assumiu o cargo, Carlos Luz perdeu a presidência da Câmara, passou para um udenista, mas eleito pelo PTB do Rio Grande do Sul que era Flores da Cunha. O golpe não deu certo, Juscelino foi eleito. Tomou posse. E passou o cargo para o próximo presidente eleito.

Enfim nos dias atuais, setores do judiciário, o PSDB e mais outros arrivistas em partidos menores, a mídia corporativa e um amplo trabalho nas redes sociais estão na mesma linha. Hoje mesmo, demonstrando a tese do deputado do PTB do qual cito o discurso na Câmara, José Serra, Senador pelo PSDB de São Paulo advoga a venda de partes da Petrobrás e a entrega do Pré-Sal para os “trustes estrangeiros” como denunciava o discurso do deputado em 1955. Falam-se num “trabalho lobista” de Serra com a Chevron (em vários sites).


E para saber quem era o deputado do PTB, nacionalista e que denunciava o golpe financiado pelas grandes empresas americanas: GENERAL LEÔNIDAS CARDOSO. PAI DO EX-PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.

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