TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

OS BLOGS, A IDEOLOGIAA E A AGRICULTURA FAMILIAR, - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma das coisas mais interessantes destes velhos blogs é a capacidade da produção de texto que reflitam a leitura e análise do mundo de quem nele escreve. Mesmo com as redes sociais, os blogs ainda continuam na pauta da comunicação. E mesmo quando vem aquela argumentação mofada de que a juventude se encontra mais no "whatsapp" ou no "face" isso é mero e rasteiro preconceito. Na verdade os blogs são mais analíticos e não é verdade que ninguém mais ler longos textos. 

Quem nunca teve capacidade de se fixar em argumentações complexas sempre terá dificuldade.  Mas não se pode dizer que esta linguagem morreu. Estamos diante da velha questão de todas as gerações: o analfabetismo funcional sempre existiu e mesmo entre quem consegue decifrar os textos, existe a preguiça dispersiva para fundir-se à novidade do inesperado que se ler. 

Então volto com uns dados que peguei hoje nos blogs. É sobre a produção agropecuária da agricultura familiar vis-à-vis à agricultura não familiar. É que aqui mesmo neste blog li muito argumento contra a agricultura familiar e defendendo como a suprema jóia da coroa o agronegócio dado o peso da balança comercial. 

Em que pese este peso isso é relativo na formação de uma sociedade democrática, com qualidade de vida e que tenha progresso. A agricultura familiar tem um enorme peso no desenvolvimento econômico das famílias rurais, reduz o impacto nocivo da urbanização a qualquer custo e abre espaço, inclusive para que o agronegócio possa vender sua produção no exterior. 

Aqui no blog cheguei a ler argumentos que reproduziam meramente os interesses dos grandes produtores rurais, a sua hegemonia, a sua ideologia monopolista do campo e o horror às pequenas e médias propriedades, vistas, por incrível que pareça como uma política comunista. A ideologia de direita usava isso para atacar todas as forças de esquerda, mas principalmente, para atacar os pequenos produtores no campo e os índios para que fossem abertas novas fronteiras de exploração capitalista do agronegócio. 

Hoje vi estes números e republico aqui: existem mais de 4,3 milhões de estabelecimentos voltados para a agricultura familiar contra 809,3 mil da modalidade não familiar. A agricultura familiar tem uma participação de 38% no valor bruto da produção e emprega 14 milhões de pessoas (74%) contra 5 milhões (26%) da agricultura não familiar. 

Agora observem um número relativo: a população brasileira nesta semana atingiu o total de 202 milhões de habitantes. A produção rural por estes números estaria ocupando em torno de 20%, um pouco menos de 10% da população. Mas aí temos de considerar a população familiar que vive deste meio, o que eleva certamente a esta população para mais de um quarto da nossa população. Isso não é pouco como impacto social dentro das cidades.

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