TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 30 de julho de 2013

"Pés de barro" - José Nilton Mariano Saraiva

Quando o Ministro-Presidente do STF, Joaquim Barbosa, resolveu inovar nos ritos processualísticos dessa banda do Ocidente, ao importar da literatura alemã leis que permitiram condenar os réus envolvidos no tal “mensalão” sem provas, (por mera suposição ou desconfiança de que haviam praticado crimes), de pronto a mídia nacional resolveu transformá-lo numa espécie de “herói nacional”, paladino intimorato da nossa justiça, ícone de uma nova era, arauto contra a falta de ética e a presença da corrupção. Tanto é que, a partir de então, Sua Excelência passou a figurar na lista dos possíveis candidatos à Presidência da República e, já aí, com um percentual de intenção de votos bastante animador e nada desprezível. Assim, Joaquimzão, querendo ou não, da noite pro dia tornou-se o “cara” da vez.
Mas, eis que de repente, como o pau que bate em Chico é o mesmo que açoita Francisco, Joaquimzão passou de estilingue a “vidraça”, por conta da descoberta de atos suspeitos no seu dia-a-dia, incompatíveis com a posição que ocupa, daí a mesma mídia que o incensou às alturas tentar agora tirar-lhe a escada, lançando-o no olho do furacão.
É que, objetivando adquirir um apartamento de alto padrão nos Estados Unidos (Miami), Joaquimzão resolveu constituir uma empresa offshore, no Brasil (Assas JB Corp); só que pisou no tomate e ficou definitivamente comprometido ao colocar o endereço do imóvel funcional em que mora (Brasília) como sede da citada empresa, numa manobra típica visando obter benefícios fiscais.
Descobriu-se, então, que o Decreto nº 980/1993, que regula a cessão de uso dos imóveis residenciais de propriedade da União, situados no Distrito Federal, não prevê o uso de imóvel funcional para outros fins, que não o de moradia.
E a emenda ficou pior que o soneto quando, na tentativa de defender-se da manobra suspeita, Joaquimzão garantiu não ter cometido nenhuma irregularidade e, apelando para o tradicional e desgastado argumento utilizado por nossos políticos mafiosos, garantiu ter sido alvo de uma “brutal invasão de privacidade”.

Fato é que, independentemente de ser convencido ou não a concorrer em qualquer tipo de eleição, lá na frente, Joaquimzão forneceu de bandeja munição suficiente para ser utilizada por futuros adversário-concorrentes, porquanto mostrando-nos ser um mero santo de “pés de barro”. 

Nenhum comentário: