TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Brasil: apenas será uma grande Nação se for um grande Povo - José do Vale Pinheiro Feitosa

Estou pagando uma dívida para meus eventuais leitores. Em texto de semanas passadas me propus a levantar a questão se o Brasil poderia ter um papel diferente mesmo considerando as condicionantes do capitalismo mundial e sua história. Isso é do interesse dos brasileiros, especialmente quando pensamos numa sociedade mais igualitária dentro do nosso país.

Acho que todo desvio da ideia de igualdade como o pódio do mérito, a diferença racial, de sexo, de religião, de naturalidade, de herança de riquezas e outros tantos que pretendem promover privilégios, devem ser compreendidos e controlados. Somos todos iguais, com nossas idiossincrasias, mas literalmente temos o mesmo potencial de viver em paz e como os recursos e meios necessários.

Toda vez que alguém começa a considerar os gritos dos vizinhos como o empecilho para o próprio crescimento, estranhar a oração do outro, ter ódio do livre pensar ou mesmo desejar sobretudo explorar e ganhar dinheiro a custas de outros, a desigualdade não é simplesmente ampliada, ela na verdade é negada, sabotada e violentamente atacada.

Enfim, o Brasil para exercer um novo paradigma num futuro sistema capitalista mundial precisa viver, antes de tudo, uma sociedade igualitária. Se não temos os mesmos objetivos para nordestinos, sulistas e nortistas, algo grave ocorre no país. Se a classe média mais ilustrada apenas imagina nos moradores das periferias urbanas como mero serviçais para suas casas, ainda teremos muito para educar desta ilustração que não compreendeu ainda o verdadeiro sentido do que é o ser humano.

Somente na expectativa de vivermos uma sociedade igualitária é que podemos nos colocar como potência mundial em face de novos paradigmas para o sistema capitalista mundial. Há meses passados estava com um motorista chileno em longa conversa e ele como homem de direita e acostumado a transportar brasileiros que têm a mesma identidade política, veio o Lula por ter cedido naquela questão da Bolívia.

Aí eu disse que o melhor para o Brasil seria ter uma grande relação com os países da América do Sul sem exercer a ganância do imperialismo americano. Seria fácil ao Brasil pressionar a Bolívia, inclusive facilitando a vida das multinacionais francesas, inglesas, holandesas e outras mais, no sentido de desmoralizar um país pobre e sem condições de se defender. Mas isso seria negar igualmente aos mais pobres do Brasil. Os estados que sempre ficaram à margem, por exemplo, da enorme potência que é a economia paulista.

A igualdade entre os brasileiros é o norte para que grandes projetos internacionais do Governo ou das empresas brasileiras se exerçam sob bases mais humanas e voltadas para o desenvolvimento humano. Por isso se luta tanto o desde os anos 30 com leis trabalhistas, da previdência social, da defesa do índios e assim por diante. A educação pública, a saúde pública, a segurança e o transporte público como eixos para a igualdade. Além do estímulo à criatividade por um trabalho em condições de dignidade por empreendedorismo coletivo cooperativado visando sempre o bem comum.

Essa é apenas uma parte conceitual, de um arcabouço muito maior e que precisa ser enfocado em toda a sociedade brasileira para que possamos pensar no que o professor da UFRJ José Luís Fiori afirma. “Sempre existirá um imenso espaço de liberdade e de invenção revolucionária para o Brasil:  descobrir como projetar seu poder e sua liderança fora de suas fronteiras sem seguir o figurino tradicional das grandes potências. Ou seja, sem reivindicar nenhum tipo de “destino manifesto”, sem utilizar a violência bélica dos europeus e norte-americanos, e sem se propor conquistar qualquer povo que seja, para “convertê-lo”, “civilizá-lo”, ou simplesmente comandar o seu destino.”


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