TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

cartum por LUPIN



Marketing político piorando a situação do político - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ao invés de discutir política, de construir uma imagem junto à sociedade, os políticos atuais recorrem ao Marketing. Sob a forma de empresas especializadas, de assessorias de imprensa ou de outros tipos de assessoria mais política, o objetivo é manter a imagem pública do político numa situação adequada.

O Marketing age nas mídias, pois são estas que intermedeiam toda a mensagem de construção da imagem do político. Em recente episódio aqui na cidade vimos uma lição das dificuldades da tarefa e principalmente de erros comuns que provocam exatamente o efeito contrário do que se pretendia.

Aconteceu um incidente numa reunião política que envolvia um personagem destacado da cidade. O incidente poderia ter ficado restrito à reunião, mas ultrapassou-a e chegou ao conhecimento da pessoa que deste modo veio a público protestar sobre o que considerou ofensivo a si. Dado o protesto houve a manifestação de uma terceira pessoa considerando que aquilo resultava de uma prática reincidente e que dado o padrão cairia o incidente sobre a liderança maior a ele.

O que teríamos como marketing: desvincular a liderança do incidente e reduzir o incidente a algo insignificante, inclusive demonstrando carinho público pela personagem atingida. O que resultou do trabalho de marketing? Exatamente o contrário.

A cada ação de marketing realizada mais trazia a liderança maior para o centro do incidente. A repetição sistemática do seu nome com o incidente ampliou a sensação de que afinal ele tinha algo com o assunto. É como um anunciante repetindo o nome várias vezes de uma mercadoria até que ela se fixa na nossa memória.

Por outro lado o incidente foi ampliado ao invés de reduzido e esquecido. Por um longo período ficou sendo martelada a vingança, os processos na justiça, as desqualificações em torno do incidente, dando-lhe gás e sobrevivência. Na verdade até se preparou o público para o nascimento de uma grande montanha derivada do incidente. Ora todo mundo ficou doido para ouvir a exposição ampliada de quem naquela altura deveria era estar sendo preservada e associada a gestos magnânimos como, por exemplo, visitar a pessoa atingida e desfazer o que julgava uma trama.

Pelo contrário a ampliação do incidente com sua sobrevivência em mais um dia, apenas o pôs sob os efeitos perniciosos de uma trama que mesmo se não houvesse, agora passaria a existir. A “trama” dos erros do marketing político. E aí os recursos de marketing também são importantes para o efeito que se deseja. Por exemplo, se o político chama a sua família para o centro do incidente ele só está valorizando o mesmo. É como se jogasse gasolina num monturo que deveria estar se apagando.

Ao divulgar uma explicação havida no ambiente que originou o debate, o conteúdo da explicação deveria ser muito bem cuidado. Qualquer deslize, qualquer ampliação do debate como acusar terceiros pelos fatos e se eximir de todos eles ou qualquer referência à liderança maior, apenas provoca o efeito que não se desejava. Mais põe a liderança maior na roda e a si mesmo onde não gostaria de politicamente se encontrar.

Enfim o Marketing entrou na vida dos políticos e da política como consequência das ciências em torno da comunicação social, da psicologia social e da própria natureza dos meios utilizados. Por isso temos muitos problemas em face do seu uso.

NARRADIRES DE JAVÉ


    O filme Narradores de Javé, de Eliana Caffé, conta a história de um povoado fictício denominado Javé, que está prestes a ser inundado por via da construção de uma hidrelétrica. Nestas circunstâncias os moradores do pequeno lugarejo, ameaçados pela hipótese, de perder tudo o que ali se havia construído no decorrer de toda uma vida, de suplantar todas as suas reminiscências e deixar para trás a sua própria identidade quanto ao seu lugar de origem, entram em “parafusos”.
       Neste dado momento, um senhor já de idade dá uma idéia. “Não inunda se virar coisa importante, patrimônio”. Como assim patrimônio? Todos queriam saber como e de que forma isto poderiam ser feito. Estavam todos curiosos e fariam de tudo pra que não pudessem abandonar o pequeno lugarejo. Mas pra que Javé pudesse se transformar em patrimônio histórico, fazia-se necessário que houvesse documentado toda a história da cidade, principalmente o histórico da sua fundação. Mas como se faria isto se Javé era um lugar tão pequeno, que nem existia no mapa?
        O Próprio mentor da idéia sugere que seja escrito em um livro a historia do lugar. Mas, como se faria isto se em Javé todos eram analfabetos? Eis uma preocupação! Mas, havia alguém que poderia ajudar. Antônio Biá era o carteiro da acanhada cidadezinha, e este havia sido degredado de exercer o seu ofício diário – pois consta num dos episódios do filme que Biá escrevia cartas em nome dos moradores de Javé por sua própria conta, para manter a sua profissão e continuar trabalhando. Porém a atitude incorreta de Biá é descoberta e este definitivamente é impedido de exercer o seu trabalho.
        Os habitantes de Javé vêem que esta é uma forma de Biá se redimir. E é incumbida a ele a missão de escrever o referido livro que futuramente seria o documento oficial usado para tombar e salvaguardar o pacato lugarejo como patrimônio histórico e cultural da humanidade.
        Tendo como base a história de vida dos moradores de Javé e principalmente o relato oral de memória dos mais velhos, pra que estes, possam contar como se deu a gênese do lugar, o que na história é chamado de “mito de origem” entra o papel de quatro personagens principais que de acordo com os seus relatos, foram os seus antepassados que fundaram a cidade. Cada qual conta a história a sua maneira, de forma que sejam reconhecidos como sendo parte da casta do fundador da cidade de Javé. De acordo com as personagens, cada qual defende a sua narrativa como sendo veredita.
       O primeiro entrevistado relata que o fundador foi Idaléssio que veio se fixar no lugar com a sua gente na época do ouro que sendo este vencido numa disputa pela conquista de território sai fugindo com a sua família e seu povo e vem habitar em Javé. A segunda, é Maria Dina diz que a instituidora do lugar foi uma mulher. Javé, segundo a entrevistada era uma comunidade matriarcal e que supostamente a fundadora fazia parte dos antepassados da personagem.
      O terceiro entrevistado é Firmino. Este faz um relato similar ao do primeiro entrevistado, só que discorda no momento em que Idaléssio saiu fugindo com o seu povo. Ele diz que saiu em retirada. O quarto entrevistado é Pai Cariá um personagem de origem africano. Ele diz foram os seus antepassados que fundaram Javé e faz o relato de toda a história sendo cantada no idioma de seu povo. Dessa forma o nome do fundador se assemelha aos nomes cognominados pelos outros personagens. Idaleco este é o nome e a narrativa prossegue até que este se cala, pois se vê impedido pelas idéias e palpites que propõe Biá durante todo o contexto da história.
`           O filme ainda prossegue com outras entrevistas, outras histórias, super engraçadas e termina com Biá entregando o livro em branco ao povo de Javé, e a cidade acaba inundada pelas águas da represa.



A FACE COMUM DO BILIONÉSIMO SÉTIMO HUMANO, DO BLOQUEIO A CUBA E BOICOTE DOS EUA À UNESCO - José do Vale Pinheiro Feitosa

O que tem a vê a chegada da população mundial a 7 bilhões de humanos, a resiliência dos americanos no bloqueio comercial a Cuba e o boicote da contribuição dos EUA com a UNESCO só por que esta aceitou a Palestina como membro pleno? O denominador comum é a ideologia imperial de natureza anglo-saxônica.

Esperem aí que não estou forçando a barra. Posso cometer uma dificuldade interpretativa ao falar da criança simbólica que nasceu nas Filipinas como sendo o bilionésimo sétimo humano. Agora esclareço: o pavor conservador com a perda de seus privilégios diante desta população crescente. O Filipinozinho agora nascido, bem que a ONU lhe deu uma esperança capitalista, alguma poupança para estudar e à família um capital para começar um negócio. Agora os conservadores chorarem lágrimas de sangue malthusiana por conta do coitado inocente, isso já cheira à própria desconfiança no sistema que adere às suas almas. Nesta hora são piores que os comunistas: não confiam no capitalismo do Adam Smith. Agora a bem aventurança se ameaça.

O neo-malthusianismo, especialmente este da grande mídia, tem a sombra indelével daquelas teorias da Eugenia tão apreciadas pelos Fascistas. O sentimento mais exposto por estes é que está crescendo muita gente não branca e isso lhes subtrai substâncias para a defesa do seu imutável status quo. Não confessam isso, mas demonstram ao alardear a fome na África, a falta de Água no Oriente Médio e na China e falta de energia nos soquetes de suas lâmpadas. Tudo em nome do privilégio. Toda matemática deste povo é mentirosa e não tem o menor respeito. A população mundial cresce a proporções cada vez menores e chegará ao ano de 2100 em quantidade suficiente de meios para se manter, pois os já existentes atualmente são mais do que abrangentes para o consumo previsto no futuro. A fome que existe e o desastre do saneamento é a pobreza em face da concentração de renda.

Por isso os EUA e Israel sozinhos perdem na votação para todos os países pedindo o fim do bloqueio comercial a Cuba e ainda vem com papo de democracia enquanto assassinam políticos estrangeiros. Deve haver alguém de boa fé que ache que o problema se resume ao direito dos americanos negociarem com quem bem quiserem. Mas aí não venham com papo de comércio livre e não pratiquem a chantagem que praticam: se um navio sai do Brasil com uma carga para Cuba e para os EUA, eles não permitem o aportamento nos portos americanos. Não tem quem não fique com raiva de um argumento a favor disso.

Quando a UNESCO que cuida exatamente da paz abriga um povo que vive em luta e os EUA deixam de pagar suas obrigações com a Organização que é da ONU como represália pelo ato, este país se tornou um pária político ou no mínimo poderia ser enquadrado, não pelos critérios de Bush, mas certamente pelo critério da acepção da palavra: em algo do eixo do mal.

Enfim o denominador comum destas três notícias é a própria midiatização dela pelas corporações a refletir-se aderente nos corações dos setores reacionários e conservadores em todo mundo.

chuva

Eu nunca fugi de mim
por isso nunca me cansei

nem dos versos
nem dos sonhos.

A chuva é um sinal
que mais tarde
vem vindo
arco-íris.

E todo arco-íris lava a alma
depois que a chuva
molha os cabelos
das rosas

e os bermudões
das orquídeas.

Se já adultos e velhos não vimos arco-íris algum
havemos de ter por encanto na memória
aquele desenho que fizemos
quando éramos crianças.

E se rosas e orquídeas
é papo de jardineiro tristonho
havemos de lembrar que um dia

mesmo de passagem
desejamos os canteiros
da praça.

O cansaço nem por morte minha
e a fuga de mim é um absurdo.

ESTREIA HOJE "A DONZELA E O CANGACEIRO"

O tão esperado espetáculo da Cia. Cearense de Teatro Brincante, escrito e dirigido por Cacá Araújo, estreia hoje, 31.10.2011, às 20h no Teatro Rachel de Queiroz, em Crato-CE, ficando em cartaz somente até amanhã, devendo ser reapresentado no dia 12 de novembro, durante a 3ª Guerrilha  do Ato Dramático Caririense.

Foto de Mônica Batista
Foto de Mônica Batista

Foto de Mônica Batista
A SINOPSE:

A ambição desmedida do homem rico, a ganância cruel do norte-americano e a trama infernal vinda das trevas ameaçam o Sítio Fundão, importante reserva ecológica brasileira. 

As forças do mal, lideradas pelo Bode-Preto, entram em disputa ferrenha pelo domínio da área, mas são enfrentadas pela legião do bem, liderada pela Caipora, deusa protetora da natureza.

Somente o amor pode salvar o sítio da destruição total. Um enigma, proferido pela esfinge de Seu Jefrésso, contém todo o segredo do universo, capaz de restabelecer a paz e a harmonia. 

Donzela Flor, símbolo de pureza, precisa ser desencantada. O cangaceiro Edimundo Virgulino, valente e destemido, luta com bravura para salvar o sítio e conquistar o coração da donzela. 

O ESPETÁCULO:

Ao abordar a ecologia e o meio ambiente a partir de motivo factual doméstico, neste caso a luta pela preservação do Sítio Fundão, importante reserva ecológica na zona urbana na cidade do Crato-CE ameaçada de extinção, o espetáculo "A Donzela e o Cangaceiro" amplia o foco ao propor uma leitura da gana imperialista capitaneada pelos EUA, usurpadores das riquezas alheias. Envereda também pelo universo histórico e mítico do homem nordestino e universal, revisitando o cangaço e o mito da Caipora numa história fantástica, mas embrenhada “na” e “de” realidade. 

"A Donzela e o Cangaceiro", obra premiada pela Funarte em 2007, é um projeto teatral que dá prosseguimento à determinação do dramaturgo Cacá Araújo em buscar a afirmação de uma dramaturgia nordestina e universal alinhada ao resgate e à difusão da cultura tradicional popular, fundada na expressão do imaginário do povo, nas lendas, nos mitos, nos causos, nas aventuras, nos romances, na história, nos mistérios que habitam a alma afoita e brincante do sertanejo, cujo sangue saltitante se perpetua no riso e na dor, na graça e no sofrimento, na desventura e na esperança. 

O ELENCO:

Mateus – Cacá Araújo / Catirina – Kelvya Maia / Pafúncio Pedregôso – Franciolli Luciano / Cafuçú – Paulo Henrique Macêdo / Feiticeira Catrevage – Jonyzia Fernandes / Vicença – Rosa Waleska Nobre / Dona Colombina – Samara Neres / Donzela Flor – Charline Moura / Caipora – Orleyna Moura / Troncho Sam – Márcio Silvestre / Edimundo Virgulino – Emerson Rodrigues / Bode-Preto – Joênio Alves / Seu Jefrésso – Jardas Araújo 

A TÉCNICA:

Texto e Direção – Cacá Araújo
Assistência de Direção – Orleyna Moura
Iluminação – Cacá Araújo e Emerson Rodrigues 
Cenografia e Sonoplastia – Cacá Araújo 
Cenotécnica – Saymon Luna, França Soares, Mestre Galdino e Marlon Torres
Figurino e Maquiagem – Joênio Alves
Adereços – Cristiano de Oliveira 
Ritualística Corporal – Joênio Alves e Kelyenne Maia 
Criação Musical – Lifanco
Instrumentistas – Lifanco e os atores
Criação e execução de efeitos sonoros – Lifanco e os atores
Operação de Luz – Paulo Fernandes
Operação de Som – Babi Nobre
Confecção de Figurino – Ariane Morais
Cinegrafia – Antonio Wideny (Toyota)
Fotografia – Gessy Maia 
Xilogravura do Cartaz – Carlos Henrique 
Designer – Felipe Tavares 
Contra-Regra – Mauro Silvestre
Produção Executiva – Kelvya Maia 
Produção – Sociedade Cariri das Artes 

AS PARCERIAS:

Sociedade de Cultura Artística do Crato 
Secretaria de Cultura do Crato
Casa Harmônica
Circo-Escola Alegria
Coletivo Camaradas 
Ed Alencar 

OS PATROCINADORES:

- Governo do Estado do Ceará / Secretaria Estadual da Cultura - através do VI Edital de Incentivo às Artes, Lei 13.811 de 20 de agosto de 2006 
- Prefeitura Municipal do Crato - através da Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude

Enjôo da Folha de São Paulo com as manifestações dos seus leitores em relação à doença de Lula - sobre a coluna de Gilberto Dimenstein

Publicado na Folha de São Paulo este texto revela o comportamento de certas pessoas na internet. Profunda aversão ao contraditório e inimigos violentos dos oponentes políticos. O Gilberto faz parte do corpo Editorial da Folha de São Paulo e se mostra envergonhado com o fato vivenciado por ele em face das manifestações dos leitores de sua coluna com relação à doença de Lula. O que ele não considera e talvez não passe em sua consideração é que a Folha de São Paulo contribua na raiz deste ódio. O modo como caiu o nível até de comentaristas bem estruturados na grande imprensa certamente está na pedagogia desta raiva toda. Isso sem falar num verdadeiro ódio que emana em blogs de revistas como a Veja e outros. A vinculação entre os internautas virulentos e desumanos e a grande imprensa é tamanha que uma comentarista da Rádio CBN, chamada Lúcia Hipólito, torceu o assunto para tirar vantagens políticas além de querer aplicar em Lula uma teoria geral sobre câncer da laringe. Por isso o enjôo do Gilberto até causa dúvida em nossos frágeis espíritos: será que na verdade ele não estaria comemorando “uma enxurrada de ataques desrespeitosos” para demonstrar que o Lula não recebe solidariedade nem no câncer como disse o Lara Resende sobre a solidariedade mineira? Mas isso pode se inserir na paranóia deste que vos escreve.

O câncer de Lula me envergonhou
Gilberto Dimenstein

DE SÃO PAULO

Senti um misto de vergonha e enjoo ao receber centenas de comentários de leitores para a minha coluna sobre o câncer de Lula. Fossem apenas algumas dezenas, não me daria o trabalho de comentar. O fato é que foi uma enxurrada de ataques desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando prazer com a tragédia de um ser humano. Pode sinalizar algo mais profundo.

Centenas de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?

Lula teve muitos problemas --e merece ser criticado por muitas coisas, a começar por uma conivência com a corrupção. Mas não foi um ditador, manteve as regras democráticas e a economia crescendo, investiu como nunca no social.

No caso de seu câncer, tratou a doença com extrema transparência e altivez. É um caso, portanto, em que todos deveriam se sentir incomodados com a tragédia alheia.

Minha suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado um avanço do jornalismo e, de outro, uma porta direta com o esgoto de ressentimento e da ignorância.

Isso significa quem um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a se comportar com um mínimo de decência.

Última Hora: a mais nova banda do pedaço

A banda Última Hora fez sua estreia nos últimos momentos da noite de sábado, 29 de outubro, no Buffet Quinta dos Lobos, em Crato, no encerramento da formatura dos terceiroanistas do Colégio Diocesano.
Os integrantes do Última Hora são alunos do Colégio Diocesano do Crato (agora, ex-alunos, pois eles também concluíram o ensino médio) e o repertório traz festejadas canções de bandas do chamado rock  brasileiro dos anos 80, como Paramalas do Sucesso e Barão Vermelho, e compositores da MPB como Zé Ramalho e Jorge Benjor, além de clássicos do rock'n'roll, como Stand By Me.

Confira as imagens:


Fotos: Carlos Rafael

domingo, 30 de outubro de 2011

“Crônica da morte anunciada” – José Nilton Mariano Saraiva

Quando uma figura da grandeza, estirpe e respeitabilidade de um José do Vale Pinheiro Feitosa resolve expor-se publicamente (citando nominalmente pessoas), a fim de mostrar toda a sua indignação e revolta contra (queiramos ou não) uma autoridade constituída (“A política de Samuel Araripe mais uma vez investe contra Almina Arraes”) é porque a coisa é séria e ultrapassou os limites da tolerância e razoabilidade.
No entanto, o triste e deplorável episodio envolvendo uma das mais respeitáveis e queridas figuras da cidade do Crato – D. Almina Arraes – mais uma vez vilipendiada por pessoas ligadas ao atual prefeito do Crato (dessa vez em pleno recinto da Câmara Municipal), parece ser a tal da “crônica da morte anunciada”.
Ou vocês não lembram que meses atrás, quando D. Almina Arraes foi impiedosa e humilhantemente enxovalhada em plena recinto da SAAEC (por parte do seu alienígena presidente, um tal de “doutor” Procópio Benevides, segundo consta afilhado do Tasso Jereissati), os áulicos do prefeito da cidade trataram foi de desqualificá-la, numa tentativa canhestra e inglória de tentar abafar aquela grave ocorrência, enquanto que o “preposto” do chefe da municipalidade (que custa uma verdadeira montanha de dinheiro aos cofres públicos) sequer foi advertido ???
Fato é que eles não têm como esconder que nesses sete anos da (des)administração Samuel Araripe o Crato se desminlinguiu, foi ao fundo do poço (se é que esse poço tem fundo), e hoje é uma cidade entregue à própria sorte (ou às baratas e ratos), porquanto esvaziada e sem quaisquer perspectivas, por conta da falta de vocação administrativa, de habilidade pessoal e de prestígio político do atual gestor municipal (quantos órgãos e/ou instituições – públicos ou privados - foram fechados ou tiveram suas atividades encerradas ou simplesmente transferidas pra Juazeiro do Norte, nesse curto – que parece uma eternidade - período ???).
É o que dá colocar em tão importantes cargos pessoas sem a menor vocação para o exercício da função pública, unicamente com o fito de manter uma “tradição familiar” (os pais do prefeito e do vereador-suplente dirigiram a cidade, décadas atrás).
Registramos, pois, de público, nossa solidariedade ao Joaquim Pinheiro, a D. Almina Arraes (que não conhecemos pessoalmente) e demais membros da família ultrajada.
E aos cidadãos da cidade, um apelo: ACORDEM, POR AMOR AO CRATO !!!

sábado, 29 de outubro de 2011

A política de Samuel Araripe mais uma vez investe contra Almina Arraes - José do Vale Pinheiro Feitosa

Acabo de ler no blog do Azul Sonhado uma carta de Almina Arraes. Encontrei se dando ao trabalho de salvaguardar seus argumentos contra a SAEC diante da palavra fácil do vereador George Hugo Macário de Brito. Ele teria a acusado de caduca para proteger a administração de Samuel Araripe. Por isso ao considerar a distância dos detalhes do ocorrido fica o extrato do que realmente aconteceu: o estilo debochado e virulento de uma situação política que administra o Crato há oito anos. E em que pese o ácido do vereador, todo ele tem uma nascente e ela é Samuel Araripe. Foi em defesa de sua administração que a caduquice argumentativa do vereador se manifestou no plenário da câmara.

Eu tive contato com o George Macário pessoalmente e à distância por três vezes. A primeira foi numa reunião na Fundação Araripe quando o Pierre e a Violeta (irmã de Almina) o apresentou. Acho que ele teria algumas habilidades que poderiam ajudar a Fundação. A segunda quando tendo feito um texto para recordar as imagens de criança com os aviões da Real pousando no aeroporto do Crato e ele me cobrou não ter citado o avô que era o agente da Real no Crato. Ora meu texto não era um trabalho de pesquisa para esgotar o assunto, era um trabalho sentimental embora com pesquisa, mas não citar o avô dele não havia problema nenhum. Acho que ele queria dar a informação, mas o modo como o fez me pareceu arrogante e depois o li algumas vezes com argumentos que foram a marca dos agentes da administração Samuel em blogs e manifestações orais. Por último, por um amigo comum o Bruno Pedrosa, que demonstrou carinho por ele, inclusive pelo seu viés artístico.

Então fica o registro que pouco conheço o George Macário para fazer um julgamento dele em razão desta fala desrespeitosa e desqualificadora de uma cidadã em defesa dos seus direitos. Aliás, até me surpreendeu. O pai dele, Humberto Macário é muito amigo da família Arraes, até por que se casou com uma filha de Aline, filha de Alexandre Arraes e muito próximos de Dona Benigna, a mãe de Almina. A admiração e amizade de Ernani Silva e do próprio Humberto com a família inclusive causou-me um problema operacional na época de estudante. Então o diretor de um grupo de teatro estudantil que ensaiava o Auto da Compadecida, iríamos nos apresentar em Juazeiro e Humberto avisou à família que se fôssemos seríamos todos presos por subversão. Isso me valeu a perda de dois atores chaves no elenco filhos de Almina. Tivemos que improvisar a substituição de última hora.

Não sei se os filhos e netos estão mais arrogantes por que foram criados num mundo de abundância. Seria possível que aconteça aí o célebre manifesto de oligarquias que se sucedem no poder e acham que todos ficam muitos níveis abaixo das necessidades desta? O que motiva algo assim para defender uma administração num debate na Câmara de Vereador é no mínimo o demonstrativo da escassez completa de alguma moralidade e algum senso de cuidado em ser representante do povo. Os oligarcas costumam desconsiderar as instituições, pois eles sempre vêm primeiro. Se apresentam na assembléia deliberativa da sociedade como se estivessem num bar entre amigos falando dos outro o que bem entendem ou lhe vem à cabeça após alguns graus de álcool na cuca. Mas o pior é que o neto de Aline, filho de Humberto Macário disse o que disse sobre Almina em nome de Samuel Araripe, outro filho de papai político.

Duas escolas do Crato serão beneficiadas com Laboratório de Arte Contemporânea



(foto) O famoso urinol de Marcel Duchamp imagem emblemática desse tipo de arte. Estudantes produzirão materiais e ações na área da arte contemporânea.

Experiência piloto em artes nas escolas será desenvolvida pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará - SEDUC, através da 18ª Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação – CREDE, na cidade do Crato. Trata-se do Projeto Laboratório de Estudos, Vivencias e Experimentos em Arte Contemporânea – LEVE Arte Contemporânea que será desenvolvido com os alunos do Colégio Estadual Wilson Gonçalves e do Teodorico Tele de Quental. O objetivo do projeto é favorecer o contato dos estudantes com as produções artísticas, os espaços de circulação da arte e com os próprios artistas. As atividades do Laboratório constarão de visitações as instituições, ateliers, galerias, leituras visuais e teóricas e produção de trabalhos e ações experimentais no campo da arte contemporânea.

Os diretores das escolas estão confiantes na possibilidade de desenvolvimento cognitivo dos alunos. O Projeto funcionará no contra turno das aulas convencionais e terá inicio a partir desta segunda-feira, dia 31. Essa semana os alunos já estarão participando de atividades vivenciais e no sábado, dia 05 de novembro terão a sua primeira aula performance no centro da cidade, na oportunidade um artista irá ministrar aula e ao mesmo tempo fará a raspagem do cabelo e da barba, o que resultará posteriormente num material pedagógico para as aulas de artes.

Para a professora do Curso de Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri – URCA, Nívia Uchôa essa experiência tem importância para o intercâmbio dos alunos com outros universos de pensamento, a partir da arte contemporânea e da cultura. Ela destaca que é necessário que o ensino de Artes nas escolas seja tratado de forma interdisciplinar e contextualizado.

A idéia do projeto nasceu a partir de uma experiência pedagógica em sala de aula desenvolvida numa escola da rede estadual do Crato, localizada no bairro mais populoso da cidade, o bairro Seminário. Em que os alunos tiveram a oportunidade fazer trabalhos no campo da arte que fugia da normalidade que estavam acostumados, como assistir aulas em baixo das arvores, subir em cima das cadeiras escolares, produzir espetáculos, vídeos e fazer trabalhos de artes nos espaços urbanos.

Duas escolas do Crato serão beneficiadas com Laboratório de Arte Contemporânea



(foto) O famoso urinol de Marcel Duchamp imagem emblemática desse tipo de arte. Estudantes produzirão materiais e ações na área da arte contemporânea.

Experiência piloto em artes nas escolas será desenvolvida pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará - SEDUC, através da 18ª Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação – CREDE, na cidade do Crato. Trata-se do Projeto Laboratório de Estudos, Vivencias e Experimentos em Arte Contemporânea – LEVE Arte Contemporânea que será desenvolvido com os alunos do Colégio Estadual Wilson Gonçalves e do Teodorico Tele de Quental. O objetivo do projeto é favorecer o contato dos estudantes com as produções artísticas, os espaços de circulação da arte e com os próprios artistas. As atividades do Laboratório constarão de visitações as instituições, ateliers, galerias, leituras visuais e teóricas e produção de trabalhos e ações experimentais no campo da arte contemporânea.

Os diretores das escolas estão confiantes na possibilidade de desenvolvimento cognitivo dos alunos. O Projeto funcionará no contra turno das aulas convencionais e terá inicio a partir desta segunda-feira, dia 31. Essa semana os alunos já estarão participando de atividades vivenciais e no sábado, dia 05 de novembro terão a sua primeira aula performance no centro da cidade, na oportunidade um artista irá ministrar aula e ao mesmo tempo fará a raspagem do cabelo e da barba, o que resultará posteriormente num material pedagógico para as aulas de artes.

Para a professora do Curso de Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri – URCA, Nívia Uchôa essa experiência tem importância para o intercâmbio dos alunos com outros universos de pensamento, a partir da arte contemporânea e da cultura. Ela destaca que é necessário que o ensino de Artes nas escolas seja tratado de forma interdisciplinar e contextualizado.

A idéia do projeto nasceu a partir de uma experiência pedagógica em sala de aula desenvolvida numa escola da rede estadual do Crato, localizada no bairro mais populoso da cidade, o bairro Seminário. Em que os alunos tiveram a oportunidade fazer trabalhos no campo da arte que fugia da normalidade que estavam acostumados, como assistir aulas em baixo das arvores, subir em cima das cadeiras escolares, produzir espetáculos, vídeos e fazer trabalhos de artes nos espaços urbanos.

“Zorro” X “Sargento Garcia” – José Nilton Mariano Saraiva

Como não somos de ficar em cima do muro, guardar conveniências ou sair por aí sem tirar o sabão do corpo, já tivemos oportunidade de afirmar, aqui mesmo e em diversas oportunidades, que, lamentavelmente, no Brasil os desmandos afloram e se encontram presentes em todas as esferas do poder constituído (Executivo, Legislativo e Judiciário) e não será um Presidente (a) da República sério e bem intencionado (como o é a Dilma Rousseff) que irá debelá-los da noite pro dia, de uma hora pra outra, usando uma simplória varinha mágica de condão. Isso porque se trata de uma “questão cultural”, estratificada secularmente, arraigada em profundidade e solidamente fincada em terreno rochoso; portanto, demandará tempo, muito trabalho e paciência a fim que seja definitivamente varrida do mapa ou exterminada de uma vez por todas.
Agora mesmo, causou o maior qüiproquó e passou a ser discutido nos lares, bares, na rua, supermercados, motéis, igrejas, entre quatro paredes, nos altos escalões e em qualquer rodinha que se estabeleça no meio da rua, a corajosa declaração da ministra-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, ao admitir que “...há bandidos escondidos atrás da toga”, que “...existe corrupção no poder Judiciário, como existe em todos os segmentos da sociedade brasileira e eu tenho o dever constitucional de combatê-la” e, alfim, ao provocar sarcasticamente: "Sabe que dia eu vou inspecionar São Paulo? No dia em que o sargento Garcia prender o Zorro. É um Tribunal de Justiça fechado, refratário a qualquer ação do CNJ” (aqui pra nós: qual seria a razão ???).
Ora, todos nós sabemos que não existe no Brasil grupo mais corporativo do que o Poder Judiciário, já que muitos dos seus magistrados se julgam donos da verdade, senhores da razão, intocáveis criaturas, espécie de semi-deuses e, pois, inalcançáveis pelo mortal-comum (talvez em razão da multifacetada cultura adquirida), daí a reação irada e apopléctica do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) César Peluzo, exigindo um pedido de desculpas formal da magistrada. Ao que esta não titubeou em responder “Eu não tenho que me desculpar. Estão dizendo que ofendi a magistratura, que ofendi todos os juízes do país. Eu não fiz isso de maneira nenhuma. Eu quero é proteger a magistratura dos bandidos infiltrados. Estou atenta às minhas responsabilidades, aos meus deveres constitucionais para que um dia eu possa dizer, depois da minha aposentadoria: nunca mais o despotismo, regerá a nossa Nação”.
Aqui pra nós, a verdade verdadeira é que os “pseudos” donos do poder e da razão (integrantes do Judiciário) não admitem qualquer espécie de controle – externo ou interno - e querem é tirar o poder da corregedoria do CNJ para investigar os crimes (graves e diversos) praticados por juízes, delegando a tarefa aos tribunais regionais (onde eles seriam julgados por seus pares, com resultados pra lá de previsíveis).
Basta que se diga que dos 33 juízes punidos pelo Conselho Nacional de Justiça, desde a sua criação (em 2005), o Supremo Tribunal Federal já concedeu liminares suspendendo as penas de 15 deles (e neste momento nada menos que 35 desembargadores estão sendo investigados pela corregedoria do CNJ).
E você, aboletado aí em sua poltrona do outro lado da telinha, sorvendo aquela “loura suada” estupidamente gelada e tirando o gosto com panelada (ou lagosta, por que não ???), acha mesmo que “Suas Excelências” (os nossos bravos juízes) devem continuar mandando e desmandado, casando e batizando, fazendo e acontecendo, sem nenhuma contestação ??? É justo isso ???

E do outro lado está cheia? - José do Vale Pinheiro Feitosa

É impossível negar, a carroça da internet não está vazia. Ela está cheia de coisas divergentes e de divergências dentro do próprio discurso. Existe um tipo de texto que se contradiz dentro da própria indignação como este abaixo. Leia com atenção que encontrarão tais contradições.

Fazendo uma interpretação apressada, suponho que seja fruto de muito exercício de leitura, em várias fontes com tendências interpretativas diferentes. Aí a pessoa pega um argumento aqui e junta com outro lá e não percebe a contradição. Mas o importante é que o pessoal está escrevendo muita bobagem, mas reproduz direitinho o que lêem. No texto abaixo somos capazes até de saber as fontes onde o camarada se "instruiu" para fazer sua leitura. Claro que ele também recebe muito spam com coisas iguais.

"Há uma grande conspiração em curso no Brasil. Trata-se da conspiração do PT e da esquerda em geral para assaltar o bolso das famílias, para imporem um modo politicamente correto de pensar, para censurarem o machismo, a homofobia, o sexismo e o nosso direito de andar armados. Essa gente quer assaltar os cofres públicos para nos fazer pagar impostos, com os quais eles só fazem roubar e enriquecer, enquanto eu me sinto vilipendiado e cada vez mais envergonhado. Nunca houve tanta corrupção neste país, nunca. É aquela coisa do pobre que jamais teve algo e que agora se lambuza, minha avó já dizia. Aqui, comediante é levado a sério, só porque é fascista, homofóbico, machista e age contra a lei, enquanto os políticos, ah, os políticos, esses seguem sem ser levados a sério. Por isso eu gosto mesmo é do Bolsonaro, inclusive. Ele vem sendo vítima do festival de autoritarismo e corrupção que assolam este país. Esses petralhas que estão mais preocupados em atacar a liberdade de imprensa do que em governar o país. Sim, porque o país só vai bem graças a Fernando Henrique, que não fosse ele, esses petralhas iam ver. O PT não faz nada que preste e só rouba o nosso dinheiro. O filho de Lula é milionário, Dilma sabe e acoberta Orlando Silva, aquele moleque safado que está podre de rico, caiu porque é culpado, óbvio.

Outro dia um jornal muito importante disse no seu editorial que o país precisava de uma limpeza ética! Eu concordo! Cresce no país a consciência de que chega de tudo isso que aí está! E ainda querem mais imposto para a saúde, e fraudam até provas de ensino médio, que são de alta importância para os nossos filhos! Como eles terão certeza de que entrarão por seus próprios méritos na Universidade? Não basta ter direitos negados pelas vagas dadas de presente – às nossas custas – a quem se diz negro (como se houvesse racismo no Brasil, ora essa!), aos desqualificados das escolas públicas e, pasmem, para indígenas. Chega! Está na hora da nossa marcha, da marcha pela dignidade, contra essa gente que quer mandar em nós, que quer controlar o nosso modo de pensar, que pretende ganhar dinheiro às minhas custas e fazer demagogia com os impostos que eu e minha família e você paga!"

"Padim" forte - José Nilton Mariano Saraiva

Qualquer estrangeiro encrencado com a Justiça do país de origem (ou mesmo de uma outra nação qualquer) e que queira se estabelecer no Brasil sem perigo de ser deportado ou expulso, dispõe de um atalho seguro, magnânimo, fácil e de uma eficiência a toda prova: gerar filhos aqui na terrinha.
Procurado e acusado pela Interpol (espécie de polícia internacional) sob a acusação de tráfico de drogas, extorsão, agiotagem, contrabando, prostituição e jogo ilegal (só isso), e tendo contra si um mandato de prisão emitido nos Estados Unidos, o mafioso israelense Yoram El Al (38 anos) foi preso no Rio de Janeiro em 2006 (sem visto de permanência), do que se valeu o governo americano para solicitar sua extradição.
Esperto, antenado, certamente que podre de rico e assessorado por um desses advogados conhecedores dos meandros das nossas caducas e frouxas leis, um ano após a prisão Yoram El Al apelou para o inusitado: solicitou uma autorização ao Supremo Tribunal Federal para que fosse recolhido seu sêmen na cadeia, a fim de ser usado numa inseminação artificial na companheira, impossibilitada de engravidar pelas vias normais.
Xeque-mate.
Sensibilizado e por demais comovido, o ministro Joaquim Barbosa houve por bem atender ao “coitado” do preso, sem antes salientar em seu despacho, que “...a coleta do líquido seminal do extraditando deve ser feita na própria carceragem, que, de acordo com o próprio peticionário, possui ambiente favorável à coleta, e observadas as devidas cautelas policiais”. Efetuado o procedimento, bingo: nasceram gêmeos.
Resultado de todo esse périplo ??? Mais tarde, Yoram El Al recorreu ao Ministério da Justiça, conseguiu o “visto de permanência” para ele e a companheira e certamente daqui não mais arribarão pé.
Agora, aqui só pra nós: se fosse um “liso” qualquer, um descamisado da vida, um zé-ninguém, será que o ministro-padrinho Joaquim Barbosa iria se preocupar em mandar recolher seu esperma, a fim de que gerasse filhos brasileiros e se livrasse da extradição ??? A troco de quê tudo isso foi feito ???
È por essa (e outras, também cabeludas) que o nosso Poder Judiciário a cada dia mergulha fundo em um mar de incredibilidade. Mas... será que os seus ministros estão preocupados com isso ???

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

SOPA DE LETRAS



Um versão diferente do enredo da mídia - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não se trata efetivamente de choro de gente politicamente encontrada em dificuldade diante de tantas denúncias. É evidente que desde o episódio do chamado Mensalão e de modo mais eficiente com o Governo Dilma que a revista Veja, Época, Isto é e os jornais O Globo, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo estão em ampla campanha de derrubar ministros e apontar corrupção no governo federal.

O comportamento desta rede de mídia dirigida por quatro famílias poderosas - Civita, Marinho, Frias e Mesquita – é tão claro que até já apostam nas próximas vítimas: o Ministro do Trabalho, o Ministro das Comunicações e o da Educação. Na internet os pios leitores da rede repercutem as apostas de queda. Para eles, os partidários da oposição é um ganho, mas para o país no mínimo temos o privilégio da dúvida.

A rede não tem limite para fundamentar suas denúncias. Vale qualquer jogo: requentar matérias, revelar segredos de justiça, gravar ilegalmente, associar-se a pessoas investigadas e com vários processos em curso e assim por diante. E quando se pergunta qual o limite desta ação, sobem aos céus com suas asinhas de anjo e das nuvens acusam a censura à liberdade de empresa.

A democracia tem que jogar aberto e, portanto, se a mídia pode fazer o que faz, igualmente a discordância é livre e deve se precaver com métodos suficientes para não se sujeitar à versão única da rede e das famílias poderosas. Não se pode impedir que os maus feitos venham à luz da notícia, mas podemos combinar o jogo para que esta postura seja universal, que não apenas se preste para um lado e que emendas vendidas da assembléia de São Paulo, por exemplo, sejam convenientemente supridas do livre exercício da informação. A omissão tem o mesmo pecado da denúncia sem fundamento.

O que temos além deste tumulto que lembra a piada do homem de longos bigodes em que as crianças pinçaram fezes enquanto dormia e ao acordar achou que o cheiro de merda ora estava em si, ou na cadeira em que se sentava, talvez no corredor e com a face fora da janela do trem, concluiu que era o mundo todo. Esta noticia abaixo informa algo diferente sobre a corrupção no país e especialmente no governo federal. No mínimo é uma visão diferente das famílias que manda na informação no Brasil. A cabeça de cada é livre para contemplar a diversidade da democracia.

OCDE volta a elogiar Brasil, agora por 'progressos' contra corrupção
Pelo segundo dia seguido, a entidade internacional Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou relatório com elogios ao Brasil. O motivo agora foram “importantes progressos” que o organismo entende terem havido no combate à corrupção no país na última década.

Entre eles, a OCDE aponta a ampliação da transparência e do controle social nos serviços públicos, a criação da Controladoria Geral da União (CGU) – uma espécie de vigia interno do governo federal -, mudanças em licitações e incentivo a melhores padrões de conduta por parte dos servidores.

O estudo sobre a probidade do governo federal foi divulgado nesta quarta feira (27) pelo secretário geral da OCDE, Angel Gurria, em evento em Brasília junto com o ministro chefe da CGU, Jorge Hage.

Apesar de identificar avanços, a entidade também diz que o país ainda precisa melhorar e faz algumas recomendações no documento, como o reforço dos órgãos de fiscalização.

O país submeteu-se voluntariamente à análise e colaborou com a OCDE, órgão que reúne 34 países e tem como missão autoimposta contribuir para o desenvolvimento e o bem estar mundial – o Brasil não é membro da OCDE.

A avaliação sobre a lisura do setor federal foi combinada pelos países do G20 em novembro do ano passado, num pacto chamado de Plano de Ação Anticorrupção. O Brasil foi o primeiro a passar pelo teste e, por isso, a OCDE diz que o relatório tem “importância global”.

“A iniciativa do Brasil de ser avaliado por seus pares em uma questão sistêmica importante destaca seu papel crescente e sua relevância nos debates internacionais e nos processos de tomada de decisão”, afirma o documento.

Em discurso, Jorge Hage disse que o país tem “uma tradição de baixa eficiência, pouca transparência e descaso com corrupção”, que no entanto estaria sendo enfrentada cada vez mais. “Não temos a menor dúvida de que o governo da presidenta Dilma Roussef é um momento histórico particularmente propício para essa tarefa.”

Segundo Hage no mundo de hoje, em que se veem pressões populares cobrando mais participação nas decisões, como mostraram manifestações no mundo árabe e, mais recentemente, em Wall Street, o tema a transparência ganha destaque. “A luta contra corrupção não tem fim”, afirmou.

Al Capone Tá Bebo: De novo, novíssimo em show, hoje, 20Hs, no SESC Juazeiro


A banda Al Capone Tá Bebo (Aquiles Sales & Marcos Lobisomem Et Alli) emplaca hoje o segundo show da semana (o primeiro foi na terça, 25, no SESC Crato). Eu fui. E gostei do que Vi e  do que ouvi. Hoje será no SESC Juazeiro, a partir das 20 horas.

Al Capone... é uma banda novíssima, cheirando ainda a especiaria chegada recente  em navilouca transatlântica in transassons. Velho (e bom) só o lendário Lobisomem, com seus trinta anos de estrada, mas renovado e renovando o sangue com seu filho (garoto esperto) Ariel, que dá uma canja na batera.

Na guitarra, os dedos ágeis em cordas tensas e vocal agudo a la 'serginho "mutantes" dias' - Aquiles Sales, anjo endiabrado e sorriso maroto quando a galera ensandecida grita: Aquiles, cadê aquele?

A banda, porém, é inteira com a cozinha ritmica do baixo-e-batera possante e pulsante.

Al Capone pode até tá bebo, mas não perde o compasso, a régua e a regra de fazer dançar.

Todo mundo lá...



Fotos: Carlos Rafael

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Agende-se!

Estaremos nos shows programados para o Festival Cariri da Canção, que hoje começa.

“Intocáveis” e “inimputáveis”– José Nilton Mariano Saraiva

Não é de hoje que os “intocáveis” membros do nosso poder Judiciário, encastelados em suas redomas, se acham na berlinda, principalmente em razão das decisões pra lá de contestáveis de alguns de seus integrantes (principalmente nos seus “tribunais superiores”).
Tido e havido - em tempos outros - como o último guardião da moralidade, o ícone maior da respeitabilidade, o refúgio dos descamisados, o justiceiro dos desvalidos, na prática diária os seus integrantes apresentam um “modus operandi” que depõe contra tudo isso (embora não se possa provar absolutamente nada contra nenhum deles, vez que as coisas são muito bem “amarradas”). E ai de você, se ousar se meter a besta, e reclamar.
Quem não lembra, por exemplo, que meses atrás o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, literalmente “peitou” todos os companheiros de toga, atropelou ritos consagrados do julgamento processualístico e se indispôs com boa parte dos integrantes do Judiciário, com o fito único e exclusivo (e obteve sucesso) de soltar da prisão o banqueiro-bandido Daniel Dantas, “engaiolado” duas vezes por decisão do austero juiz Fausto de Sanctis, em razão das comprovadas falcatruas no mercado financeiro ??? E isso depois que o próprio banqueiro-bandido afirmou calma e peremptoriamente que não estava preocupado, porquanto, quando a ação chegasse às instâncias superiores, teria a prisão revertida. Não deu outra. A troco de quê ???
Quem não recorda que, após ser condenado pela Justiça Federal do Ceará em três julgamentos (em todos eles à pena de 14 (quatorze) anos de reclusão, em regime fechado), em razão das portentosas fraudes processadas na contabilidade da instituição à qual presidida (BNB), e que deixaram um rombo estratosférico (sete bilhões de reais), o senhor Byron Costa de Queiroz deu um jeito de (recorrer) levar a questão pra ser julgada no Tribunal Regional Federal do Recife, onde foi novamente julgado e (incrivelmente) inocentado “por unanimidade” pelos senhores Desembargadores daquela Corte ??? Será que os juizes da Justiça Federal do Ceará se sentiram desmoralizados ??? Hoje, o “coitado” do Byron Queiroz (que é afilhado do senhor Tasso Jereissati) vice a freqüentar as “rodas sociais” de Fortaleza, e não perde a oportunidade de gozar com os funcionários da instituição. A troco de quê ???
Atualmente, aqui em Fortaleza, um fato inusitado envolve (em suspeitas mil) mais um integrante do Judiciário, a saber: conforme determina a lei, é terminantemente proibido desmatar e construir em Áreas de Relevante Interesse Ecológico (Arie) em razão da grave e irreversível lesão ambiental que pode provocar.
Pois bem, o “Parque do Cocó” é uma dessas áreas que funciona como uma espécie de “pulmão” da nossa hoje abrasiva e sufocada Fortaleza, e onde você pode exercitar-se respirando o pouco de ar puro que ainda nos resta (não custa lembrar que, lá atrás, quando a “questão ambiental” não tinha a relevância que tem hoje, o empresário Tasso Jereissati construiu o seu Shopping Iguatemi exatamente no coração daquela imensa e aprazível área verde; e, embora depois tenha havido contestação, como o homem tem grana a coisa ficou o dito pelo não dito).
Fato é que, assim como “sobra” ambição desmedida e “falta” preocupação para com tão relevante tema, tais terrenos virgens foram adquiridos (certamente que a preço de banana) por gente esperta e inescrupulosa, criou-se uma Associação Cearense dos Empresários da Construção e Loteadores (Acecol) e a intenção é desmatar toda a área, passar por cima do que se constituir obstáculo e construir os espigões da vida.
Os mafiosos empresários recorreram a quem, a fim de perpetrar tão acintoso crime ??? Elementar, meu caro Watson: a um dos integrantes do nosso Judiciário. E ali contaram com a compreensão, simpatia e benevolência do juiz Francisco das Chagas Barreto, que já emitiu um parecer favorável ao desmatamento e à construção. A tal “questão ambiental” que se exploda. A troco de quê ???
Há uma luz no fim do túnel, no entanto: lá em Brasília, a ministra Eliana Calmon, do próprio Supremo Tribunal Federal, navegando contra meio-mundo de gente, confirmou, sim, que há “bandidos de toga”, enquanto que uma pesquisa recente mostra que entre onze instituições avaliadas pelo povo, o Poder Judiciário só perde para aquela outra instituição onde a maioria tem pós-graduação e doutorado em “picaretagem”: o Congresso Nacional.
O bicho pega é quando lembramos que eles, além de “intocáveis”, são, também, “inimputáveis” (mas vamos chegar lá).

Olhem aí as dez confusões da semana na cabeça de certa gente - José do Vale Pinheiro Feitosa

1 – A Europa tenta sair da crise com ajuda dos emergentes comprando seus títulos com aval do FMI.

2 – A Europa vai precisar e muito da China. E agora todos os dias vocês verão chefes de estado europeu prestando homenagens ao Dalai Lama e pedindo punição para o comunismo chinês que invade o santuário religioso do Tibete.

3 – Quem vai pagar a conta da OTAN pelo tanto que gastou para matar Kadafi? Fora petróleo a Líbia só tem areia. E aí o petróleo fica com a Europa e EUA e a China com a areia?

4 – E os EUA vão retirar 30 mil soldados do Iraque. Pronto o desemprego nos EUA aumentará algumas frações.

5 – E o acordo que corta 50% da dívida Grega, foi concessão por amor ao próximo ou o próximo estava prestes a corta o pescoço dos líderes europeus? As ruas gregas estão bem violentas e a economia só despenca. As praças de Berlim já se encheram, além da Itália, do quebra-quebra inglês. Ou confusão danada o puro da fé sente.

6 – E o Vaticano minha gente? Este papa não disfarça, é um discípulo de Rosa de Luxemburgo infiltrado nas hostes direitistas da aliança Reagan/João Paulo II. Não é que a Santa Sé quer o pé do Estado na regulação da ambição do sistema financeiro!

7 – A mais antiga do sentimento milenista no Brasil. Nada da sociedade proteger os mais fracos com fundos para financiá-los. A política e o trabalhador que lute para “vender” suas propostas para alguma mão beneficente financiá-los. Aí vai está assim de capitalista querendo financiar comunistas, libertários, o MST entre outros do mesmo naipe (tem uma exceção: camisas t-shirt com a cara de Che pode ser, mas está meio fora de moda). Entre uma proposta do Instituto Millenium (o milênio deles tem terminação latina e é com duplo ele – gente coisa é outra fina) e outra do MST certamente a FIESP financiará a do MST. Isso é que é liberdade de mercado e a democracia do que nos resta.

8 – Não pode pôr comunista no governo. Todos são ladrões. Vide o Orlando Silva que deveria sair algemado para que as máquinas fotográficas da revista Veja se vangloriem pela defesa do patrimônio nacional. Este sentimento inquisitorial e de fogueiras a priori ainda deixará o ar fétido de carnes queimadas.

9 – E o Obama? Todo mês tem um assassinato para comemorar. Uma estatística da economia e da pobreza a chorar. Um recuo nas despesas a amargurar. A última é o medo despertado na dupla estado/indústria armamentista: o orçamento para a defesa será cortado. Agora é que muita gente vai para a rua mesmo.

10 – E a OCDE (organização para a cooperação e desenvolvimento econômico), de perfil liberal e européia, só tem elogios para as políticas brasileiras, especialmente de transferência de renda. Mas quer meter os dedos no gargalo dos aposentados com dois tipos de medida: aumenta a idade e desvincula seus reajustes do reajuste do salário mínimo. Com a economia brasileira em crescimento, é mais ou menos aquela tese de subir e tirar a escada para que outros também não subam. Esta Europa é mesmo ingrata: querem nosso dinheiro por uma mão e na outra não nos querem crescendo.

As propostas políticas na luta nacional - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando temos muitas propostas de soluções para um mesmo problema, dada a dispersão das propostas, poderemos não ter nenhuma. No entanto, quando temos algumas propostas fortes e consistentes, alguma proposta pode dar caminho para o futuro. Ao desenvolvê-la no caminho do futuro esta proposta vencedora sofrerá modificações circunstanciadas pela realidade. Se ela tentar seguir um caminho dogmático, passando um rolo compressor sobre a realidade, irá se esfarelar por rigidez. De qualquer modo o caminho dogmático nem sempre é próprio da proposta, por vezes forças externas de modo estratégico provocam os agentes da proposta a ponto que eles não tenham alternativas de adaptação à realidade. De modo resumido tem sido o que ocorreu na história desde o renascimento, o desenvolvimento da razão, da ciência e do capitalismo.

No Brasil existem duas propostas políticas em prática. Ambas nacionais, com conteúdos programáticos diferentes, com leituras da realidade distintas e com alianças estratégicas dentro e fora do país de natureza própria. Uma proposta tem o núcleo político organizado por uma aliança histórica entre PSDB/DEM/PPS e agora possivelmente em disputa como o novo PSD e a outra proposta formada historicamente pelo PT/PC do B e mais o PMDB e outros partidos como o PDT e o PSB.

Para facilitar o texto vou denominar à primeira proposta de Neoliberal/Ortodoxa e à segunda Progressista/Social. Estas duas propostas galvanizam os discursos do pós guerra que se diferenciavam entre direita, para a primeira proposta e esquerda para segunda. Quando digo galvanizam explico que a história está em movimento e os termos direita e esquerda como são compreendidos estão modificados pela mudança histórica. Os Neoliberais/Ortodoxos se aliam com setores do capitalismo brasileiro internacionalizado, especialmente pelos ganhos com as privatizações, com amplas margens do agronegócio, com setores da classe média tradicional, banqueiros nacionais e internacionais e com alianças estratégicas externas especialmente com lideranças dos EUA e Europa. Os Progressista/Social se aliam com os capitalistas nacionais com pretensões a um protagonismo maior no mundo, com setores dos trabalhadores organizados, com movimentos sociais organizados, setores da pequena agricultura e tem alianças externas com lideranças e países emergentes como ele.

Os Neoliberais/Ortodoxos apresentaram um programa político de enterrar o que chamaram de era Vargas, com flexibilização dos direitos trabalhistas, regulação da vida social realizada pelo mercado, reforma e privatização da previdência, fim de todas as empresas estatais e uma forte aliança com as corporações multinacionais para dali extrair riquezas na oportunidade do que chamavam globalização inevitável. Algumas marcas políticas este pensamento tem: horror ao papel do Estado, desestímulo ao funcionalismo público, políticas de transferência de renda, mercado regulado, movimentos sociais e partidos de esquerda.

Os Progressistas/Sociais praticam governos em que os valores da era Vargas não são enterrados, mas são sensíveis à mudanças em alguns pilares desta era; aceitam o desenvolvimento capitalista, praticam a regulação do mercado, especialmente no mundo financeiro e acreditam num caminho próprio para inserção comercial no mundo atual. As marcas políticas desta proposta não vou repeti-las, pois são exatamente o contrário daquelas anunciadas para o outro grupo.

Não precisaria dizer o que direi, pois acho que ficou claro que as duas propostas são consistentes historicamente. Acontece que elas não se ancoram apenas em discursos de suas lideranças ou em algumas manifestações programáticas, ambas têm instituições por trás delas, formulando e atualizando os dados da realidade para se apoiarem. A proposta Neoliberal/Ortodoxa tem muitos acadêmicos propondo, existem setores predominantes da mídia corporativa formulando e repetindo o mantra todos os dias, além de vários institutos como a Casa do Saber no Rio de Janeiro e o Instituto Milenium em São Paulo. A proposta Progressista/Social igualmente possui setores importantes da academia, como estão no governo federal os órgãos fazem “paper” que acentuam suas teses e vários institutos e fundações trabalham com suas teses.

Bom ainda tem a internet com sua prática subversiva e agressiva. A riqueza aí é muito grande e as duas propostas estão plenamente contempladas. De vez em quando alguém quer a prisão de ministro, chama todos os adversários de ladrões e mostram os papers dos seus institutos como se fossem a última palavra da sabedoria humana. A guerra de trincheiras, igual àquela da primeira guerra mundial, se reproduz na internet entre os dois grupos. O que não falta é cachorro doido dando mordida de um lado e outro da trincheira.

Uma pergunta. Tem espaço para outras propostas virem para o palco político nacional? Tem. Algumas mais à direita da direita e outras mais à esquerda da esquerda. Dificilmente haverá uma que ocupará o centro político, pois ambas as propostas hegemônicas no momento político já têm suas bases formadas em partes do centro político. O PSD, por exemplo, no máximo herdará a herança da proposta Neoliberal/Ortodoxa com alguma revisão. Por que penso na radicalização à direita ou à esquerda? Em razão da crise econômica Americana e Européia que pode evoluir para uma crise mundial mais aprofundada. Só para não se imaginar tudo no campo teórico: relatório desta semana aponta que a população americana abaixo da linha de pobreza está crescendo, especialmente nos outrora subúrbios da promessa de uma vida feliz de consumo. Todas as radicalizações (de direita ou esquerda) tiveram o campo fértil da miséria como nascedouro da proposta.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Fernando Morais falando do seu novo livro envolvendo Cuba e o EUA no Terra Magazine

O Fernando Morais está com uma entrevista no blog do Terra Magazine falando sobre o novo livro dele: Os últimos soldados da guerra fria. O centro da entrevista é o conteúdo do livro, mas termina por fazer uma avaliação do momento atual dos dois lados dos cubanos em luta: os anti-castristas de Miami e o cubanos que vivem Cuda.

Já no final da entrevista lhe é feita uma pergunta que bem traduz o embate na internet dos nossos dias. Ele responde e depois novas perguntas até o final da entrevista. Segue abaixo pois este clima também se encontra entre nós por aqui:


No Brasil, quando a pessoa faz algum tipo de trabalho ou pesquisa sobre Cuba, já corre o risco de levar paulada de 70% das pessoas, principalmente na área da mídia. Como ficou a relação entre Brasil e Cuba, não no plano diplomático, pois os dois países permanecem próximos, mas naquele das mentalidades? Cuba teve uma relação cultural forte com o Brasil. E hoje, como está? Não houve um refluxo?

Acho que o fato da chamada "grande imprensa" ter dado uma radicalizada ideológica muito grande nos últimos anos...

À direita?

Em direção à direita, contribuiu para isso. As pessoas falam de Cuba com raiva. Você vê na televisão, nas revistas, na internet...

A internet piorou isso?

Piorou muito na internet. Virou uma lixeira. Guardadas as exceções. Então, eu acho que essa gente tem um pouco de vergonha de dizer que foi a favor do golpe militar no Brasil, que é de direita, e usa determinados símbolos. Cuba é um deles. Venezuela é outro. Irã é outro. O próprio Kadafi, a Líbia. A Cristina (Kirchner) é tratada como o Eixo do Mal, no deboche, meio desrespeitoso. A sorte é que, na internet, você não precisa de dinheiro pra ter blog. Antigamente, pra montar um jornal, você precisava de uma fortuna. Pra montar uma estação de televisão, uma fortuna. Hoje você compra um notebook nas Casas Bahia, pagando 60 paus por mês, e compra um telefone por 50 reais, e passa a ser seu próprio Roberto Marinho. Se você tiver o que dizer, vai ter audiência. É uma revolução. Eu achava que a democratização dos meios de comunicação eletrônicos ia se dar nas trincheiras, nas barricadas, nas tribunas. E a tecnologia andou mais rápido que as ideologias.

O que foi desfavorável, em certo sentido, para Cuba, porque aí veio uma blogueira como Yoani Sánchez.

Claro! Claro! Olha, isso aí é absolutamente incontrolável. E é bom que seja. Você joga em igualdade de condições. Os chamados "blogueiros sujos" estão no mesmo patamar de audiência dos "limpinhos", dos cheirosos, dos anti-Lula, anti-Dilma, "anti" tudo que cheire a esquerda. O lado ruim disso é a radicalização desrespeitosa, o anonimato.

Você se sente patrulhado?

Você sabe, rapaz, que eu vi um filminho de Chico Buarque, o da internet (sobre comentários anônimos na rede). Fui dar uma entrevista para Jô Soares e, automaticamente, o programa dele foi para a internet. Foi para o YouTube. Rapaaaaaaz, mas que coisa! Tinha gente dizendo o seguinte: "Mas quem é que manda essa bicha sem vergonha entrevistar essa anta comunista? Por que não vão os dois pra Cuba cortar cana, esses filhos da puta?". Assim mesmo: "bicha sem vergonha" e "anta comunista". Claro que era um anônimo, um José de Souza. Isso é muito ruim. Mas é melhor assim do que não ter. E o Chico, naquele filminho, fala uma coisa engraçada: lá vem esse bêbado velho encher o saco! (risos) E ele não bebe nada... Apesar de ter esse lado ruim, prefiro isso a não ter internet ou ter internet controlada pelas grandes telefônicas. A internet é livre.

Proteção individual e coletiva contra o poder absoluto da mídia corporativa e não corporativa - José do Vale Pinheiro Feitosa

Vou começar pelo lado da mídia corporativa apresentando um trecho do editorial do jornal O Globo a respeito das últimas eleições argentina: "A reeleição da presidente Cristina Kirchner, com 53,9% dos votos em primeiro turno, foi tão acachapante que a coloca, em termos de poder, em situação similar à de Hugo Chávez em 2005, quando a oposição venezuelana boicotou as eleições e os chavistas ganharam tudo (...)A força política que a presidente ganhou agora, inclusive aumentando as bancadas no Congresso, lhe garante os instrumentos para aprofundar o modelo kirchnerista, caracterizado por autoritarismo, concentração do poder, protecionismo comercial (péssimo para o Brasil), intervenção na economia e ataque sem trégua à imprensa profissional e independente. A ideia é que haja apenas a versão oficial dos fatos".

Qual a idéia por trás deste texto? Que todo poder numa democracia necessita de contrabalanços para reduzir a força deletéria do poder apenas pelo poder. O poder total seria antidemocrático por que extrai substância da sociedade e concentra todas as decisões no núcleo do poder. Para que a sociedade, diga-se sociedade no sentido demográfico, ou seja, todos mesmo, tenha substância é preciso que ela se seja detentora de mecanismos para se contrapor ao núcleo de poder.

Onde o editorial do Globo zera o problema? O “pau que dá em Chico dá em Francisco”. A mídia corporativa na Argentina e especialmente no Brasil é nucleada por famílias tradicionais. No Brasil apenas quatro famílias: Civita, Marinho, Frias e Mesquita (esta dependente de bancos). Estas famílias detentoras de revistas, jornais, televisões, editoras, controle de papéis, telecomunicações, entre outras empresas, formam exatamente aquilo que se queixa na política: o poder pelo poder.

É preciso um contrabalanço para este poder absolutista. E não venham com papo de mercado, do tipo o leitor é quem decide, cai na vala comum dos eleitores, afinal Chávez e Cristina são frutos de eleições livres. Se queremos um debate que saia deste fla x flu ideológico cheirando à “guerra fria”, passemos a olhar para o olho do furacão do poder do mando e desmando. Não todo ele na mídia, compreendam bem, mas ela como parte certamente.

É preciso proteger o cidadão do “julgo da notícia”, do jornalismo declaratório, do jornalismo amigo do submundo com o objetivo de constranger pessoas e governos. Não sei o que se pensa do policial de Brasília que investiu contra Orlando Silva: apresentou um atestado falso de saúde para não comparecer à polícia federal enquanto sentava-se, para escárnio de todos e do Estado, na companhia de políticos oposicionista e agora, quando a oposição o convida para uma audiência na câmara, ele aceita e depois não comparece por que o objetivo de derrubar o ministro já estava concretizado.

Na semana passada um cidadão, exposto pelo jornal a Folha de São Paulo, com enormes prejuízos pessoais, inclusive financeiros, apenas conseguiu, na justiça, o direito de resposta treze anos após. O jornal com seu núcleo de poder pelo poder lhe negou este tempo todo o que afinal era um direito enfim reconhecido pela justiça. O mesmo jornal não compareceu a uma audiência da câmara federal para se posicionar contra a perseguição a um blog que satirizava o jornal.

Por isso o contrabalanço é necessários e, claro, o combate firme e consciente contra todo tipo de manipulação do poder pelo poder.

Registro em imagens do show da banda Al Capone Tá Bebo, ontem, 25/10, no SESC Crato







Fotos: Carlos Rafael Dias

AUTORITARISMO NA CÂMARA DO CRATO

Desde muito tempo ouço dizerem que uma casa legislativa, não importa se de âmbito federal, estadual ou municipal, é, por definição e atribuições, um lugar do povo, posto que abriga parlamentares eleitos para o mister da tradução dos anseios e inquietações populares. Mas não foi bem assim que me pareceu funcionar a Câmara Municipal do Crato, pelo menos na manhã de ontem, 25 de outubro do ano em que professores da rede estadual foram espancados na Assembleia Legislativa do Ceará.

Pois bem, senhoras e senhores... Saibam, pelas breves e sinceras letras que seguem, sobre a violência e o constrangimento de que fui vítima.

Convidaram-me a assistir a uma sessão na Câmara de Vereadores, durante a qual a bailarina e coreógrafa Danielle Esmeraldo, Secretária Municipal de Cultura, fez uma exposição das ações e projetos de sua pasta, evidenciando o que se denominou de “revitalização” do Centro Cultural do Araripe. Ouvi, atenta e pacientemente, também a intervenção de vários respeitáveis edis da situação e da oposição. Após esse frutífero rito, foi, pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Vereador Florisval Sobreira Coriolano, oferecida a palavra a quem, do público presente, dela desejasse fazer uso. Aceitei a gentileza e, pasmem, nem bem principiei minhas colocações, o amigo vereador Fernando Brasil, sem solicitar aparte, interrompeu-me insistentemente “mandando” ironicamente que eu mencionasse nomes e mais nomes de prefeitos em minha recém-iniciada avaliação de recentes gestões no quesito cultura. Mesmo do tempo em que eu era apenas uma criança ou adolescente. Absurdo! Como a interferência já impedia que eu desenvolvesse meu raciocínio e beirava o sarcasmo, respondi-lhe com graça que me encaminhasse um requerimento para tal fim. Tentei continuar e fui grosseiramente interrompido pelo Presidente Coriolano acusando-me de desrespeito. Devolvi-lhe no mesmo tom que o povo é que estava sendo desrespeitado, pois no uso da palavra nada nem ninguém me obrigariam a guiar meu discurso pelo pensamento ou desejo de outrem. Ele não aceitou a verdade, perdeu o controle, usou seu poder e encerrou abruptamente a sessão num toque nervoso de campainha para depois sair às carreiras sem sequer agradecer a presença da autoridade convidada ou dos demais cidadãos e cidadãs, aos quais restaram apenas a indignação e a perplexidade diante de desnecessária e reprovável cena de autoritarismo.     

Entendo as motivações políticas que moveram cada gesto e lastrearam cada palavra a mim dirigida. Entretanto, não guardo nenhum rancor e declaro inabalada minha amizade com os nobres parlamentares aqui mencionados. Prefiro, em meu voluntário devaneio, acreditar que todos querem o desenvolvimento do Crato e o bem-estar de seu povo, apesar de achar estranhas algumas atitudes. 

Para finalizar, sinto-me na obrigação de atender aos pedidos de muitos da plateia desejosos de saber o que traria a palavra que me fora ceifada. Nada de extraordinário, julgo, mas a expressão do que percebi de mais significativo nas gestões que presenciei nos últimos cerca de 25 anos como artista, trabalhador e cidadão:

WALTER PEIXOTO – Autor da irreparável tragédia de destruição de quase todo o patrimônio arquitetônico e histórico do Crato em sua primeira gestão.

JOSÉ ALDEGUNDES MUNIZ GOMES DE MATTOS (ZÉ ADEGA) – Deu grande apoio ao movimento carnavalesco, inclusive doando terreno para as escolas de samba construírem suas sedes. Durante sua gestão foi criado o CHAMA – Chapada Musical do Araripe, importante festival de música que fortaleceu a criação local.

ANTONIO PRIMO DE BRITO – Criou a Fundação Cultural J. de Figueiredo Filho, atendendo a reivindicações de artistas e intelectuais. Apoiou grupos folclóricos e também realizou o CHAMA, dando-lhe dimensão nacional. Adquiriu o Cine-Moderno e elaborou projeto inicial de sua transformação no Cine-Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva.

RAIMUNDO BEZERRA – Criou a Secretaria Municipal de Cultura, dotando-lhe de papel estratégico no desenvolvimento do Município. Adquiriu o Sítio Caldeirão do Beato José Lourenço, importante referência da memória do nosso povo, e projetou a construção de um parque histórico na localidade. Valorizou o folclore e a cultura popular. Continuou o projeto do Cine-Teatro municipal Salviano Arraes Saraiva.

MOACIR SIQUEIRA – Assumiu a gestão após o falecimento de Raimundo Bezerra e, talvez por sua inabilidade político-administrativa, não deixou, a meu ver, marcas significativas no setor.

WALTER PEIXOTO (2ª gestão) – Extinguiu a Secretaria Municipal de Cultura e desprezou a Fundação Cultural J. de Figueiredo Filho.

SAMUEL ARARIPE – Recriou a Secretaria Municipal de Cultura e fortaleceu a Fundação Cultural J. de Figueiredo Filho. Democratizou a gestão cultural com a realização de conferência e criação do Conselho e do Fundo Municipal. Implantou o Sistema Municipal de Cultura, inserindo-o no contexto dos sistemas estadual e nacional. Apóia o folclore, a cultura popular, ong’s e eventos em todo o município, mantendo, para isso, amplo e diversificado calendário em parceria com vários setores da sociedade. Criou escolas de arte e valorizou a histórica Banda de Música Municipal. Construiu o Centro Cultural do Araripe, revitalizando o antigo Largo da RFFSA e preservando aquele patrimônio histórico e arquitetônico. Recriou o festival de música, hoje denominado Festival Cariri da Canção, que traz as modalidades estudantil (local) e nacional.

Com o breve relato, e a partir da minha vivência, classifico a gestão de SAMUEL ARARIPE como a de melhor desempenho na área da cultura, segmento a que estou diretamente ligado através de minha atividade artística, desde os tempos de amador até a atual fase profissional.

No que diz respeito ao incremento das ações desenvolvidas no Centro Cultural do Araripe, tema da sessão, sugiro que seja realizado um seminário do Conselho Municipal de Cultura aberto à participação de artistas das várias linguagens, comunidade (principalmente a do entorno), vereadores, empresários, ONG’S CULTURAIS, SESC, SEBRAE, CCBNB, Ministério Público e gestores municipais, com o fim de traçar uma política de ocupação permanente e alternativas concretas de financiamento.

Era isso o que eu queria dizer ontem na Casa do Povo e infelizmente fui impedido...

Crato, 26 de outubro de 2011.

Cacá Araújo
Cidadão, Artista, Professor