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sexta-feira, 24 de junho de 2011

E língua portuguesa hein? José do Vale Pinheiro Feitosa

Comecemos pelo lado político das línguas e especialmente da língua portuguesa (espere aí não fuja: o assunto é político, mas não se trata de propagar partidos e ideologias). Então, vamos resumir uma longa entrevista com o lingüista brasileiro Gilvan Muller de Oliveira que é diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, sediado em Cabo Verde e que pertence à Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

A idéia central é que os idiomas expressam poder e as relações entre os idiomas representam dominação de povos sobre outros. Por isso é uma questão política a luta pela diversidade lingüística pela qual se necessita lutar de modo permanente. Porém isso não significa uma segregação lingüística, ao contrário a diversidade irá estimular atitudes poliglotas que enriquecem as relações entre as pessoas.

Agora uma constatação e duas conclusões: o português é a terceira língua mais expressa no twitter (9%) ficando atrás apenas do Inglês e do Japonês, além do mais o inglês caiu num ano de 66% para 50% dos twitters globais e uma língua pouco conhecida como o Malaio desponta com 6% e línguas como árabe, hebreu, islandês, persa, swahili, nepalês e pashtum compareciam com 2% cada uma delas. As conclusões: a imposição progressiva do inglês não aconteceu na rede e as comunicações em rede desenvolvem uma galáxia multilíngüe na qual o português se destaca pela presença do Brasil (até agora, quando Angola e Moçambique crescerem o impacto será maior).

Essa muitos brasileiros desconhecem, que é a defesa da diversidade lingüística no Brasil: existem 3.500 escola bilíngües freqüentadas por 200 mil índios. A preservação e manutenção das línguas de minorias é um fator essencial de desenvolvimento humano. Imaginem o quanto poderíamos ter da nossa alma cariri se não tivessem apagado a língua entre nós.

Em todos os projetos da CPLP através do IILP existe o estímulo à manutenção das línguas crioulas e dos povos regionais, seja no Timor, em África ou até mesmo na Espanha como o caso do galego. A CPLP está se tornando uma referência estratégica lentamente.

A institucionalização da língua portuguesa através dos países que a falam se tornou uma referência de estímulo ao uso da língua em outras regiões. Hoje o Português é língua oficial nas organizações de Nações: na ONU já é parte e em mais cinco blocos regionais de países - União Européia, Mercosul, Cedeao, CEAC, SADC e futuramente pode ser ainda língua oficial da Asean, quando Timor deixar de ser observador e se tornar membro pleno.

A Ucrânia pediu para ser membro permanente da CPLP para surpresa nossa por que foi, dentro da União Soviética aquela nação responsável pelo português, além, é claro, de existirem 400 mil descendentes de ucraniano no país. Os ucranianos não querem perder este patrimônio lingüístico que aprenderam. Agora mesmo a Guinés Equatorial está entrando na CPLP apesar da língua oficial ser o francês.

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