TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 30 de setembro de 2010


Enciclopédia: Tucano





Tucano


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

"São designadas por tucano as aves da família Ramphastidae que vivem nas florestas da América Central e América do SulPossuem um bico grande e oco. A parte superior é constituída por trabéculas de sustentação e a parte inferior é de natureza óssea. Não é um bico forte, já que é muito comprido e a alavanca (maxilar) não é suficiente para conferir tal qualidade. 

São monogâmicos territorialistas (vivem e se reproduzem em casal isolado). Não há dimorfismo sexual e a sexagem pode ser feita por análise de seu DNA.

Tucano-toco (Ramphastos toco) ainda não é uma espécie ameaçada de extinção, entretanto tem sido capturado e traficado para outros países a fim de ser vendido em lojas de animais. Isto tem como conseqüência a diminuição de sua população nas florestas, pondo em risco a variabilidade genética, como também a morte de muitos animais durante o transporte."


(Obs: Esse tucano vale a pena preservar!!!) 

A COMÉDIA EM FORTALEZA-CE

É muita Cara-de-Pau ! - O Lula de Antes e o Lula de Hoje !

A falta de coerência dos nossos políticos ( Ou a Cara-de Pau mesmo ) é uma coisa assustadora. Vemos que essas pessoas falam por conveniência. Vejam por exemplo, o que o nosso presidente Lula dizia acerca de projetos tipo o "Bolsa Família" de hoje, taxava-os de assistencialistas e manipuladores do povo. Dizia que o povo Brasileiro não votava por ideologia, mas com o estômago, por uma política de dominação. Agora, que está no poder e criou diversos desses "sistemas de dominação das massas", chama de imbecis os que são contrários a eles. Em qual dos LULAs se pode acreditar ? No de ontem, ou no de hoje ? Ou em nenhum dos dois ? Você escolhe:


O Brasil precisa repensar o seu Futuro!


“Temos, hoje, cerca de cento e cinqüenta milhões de eleitores e isso leva a muitos afirmar que somos uma democracia. Será verdadeira essa afirmação? Num país em que um terço da população, como é o nosso caso, vive no nível da miséria é possível existir democracia? (...) O nosso povo está compreendendo, com a persistência dessa continuada agressão aos seus direitos mais elementares, que a sua convocação às urnas, periodicamente, não passa da consagração de uma farsa”. (Nelson Werneck Sodré, “A Farsa do Neoliberalismo”).

“Nos lugares onde ocorrem estes equívocos tão graves, o povo mobiliza suas legiões ano após ano para conquistas que lhes custam imensos sacrifícios e que não tem o menor valor. São pequenas colinas dominadas pelo fogo de artilharia inimiga. A colina parlamento, a colina legalidade, a colina greve econômica legal, a colina aumento de salários, a colina constituição burguesa, a colina libertação de um herói popular...E o pior de tudo é que para ganhar estas posições têm que intervir no jogo político do estado burguês e apara conseguir a permissão de atuar nesse jogo, é preciso demonstrar que e dispões a atuar dentro da legalidade burguesa. E necessário demonstrar que se é bonzinho, que não se é perigoso, que não passará pela cabeça de ninguém assaltar quartéis, nem trens, nem destruir pontes, em justiçar carrascos e os torturadores, nem subir as montanhas e erguer com punho forte e definitivo a única e violenta afirmação da América: a luta final por sua redenção.” (Che Guevara “ Tática e Estratégia da Revolução na América Latina”).


Diante desse quadro de apodrecimento da política burguesa, onde os candidatos de um partido único,mas com várias legendas,disputam o controle da velha maquina estatal, existe esperança? Existe sim! E a esperança não está nos chamados movimentos sociais imobilizados e rendidos, cujas direções oportunistas foram compradas com cargos e promessas, migalhas desse velho poder. A esperança é a luta, é a revolução! Como vimos: eleição não muda nada na vida do povo. De nada adianta trocar um governo, enquanto o poder continuar nas mãos das classes exploradoras. Enquanto as terras, as fábricas,continuarem controlados por uma minoria que vive as custas do suor do nosso povo, as massas nada terão além de migalhas e ilusões. Enquanto o velho Estado burgês-latifundiário e sua medula, o aparato militar repressivo estiver de pé, os operários e camponeses não terão asseguradas nenhuma de suas conquistas. A história tem ensinado, a custa de muito sangue derramado pelos em luta: que “Fora o poder tudo é ilusão!”(Lenin)

Claro-escuro

Recostado numa preguiçosa, abaixo de uma velha jaqueira, o velho Sinfrônio Arnaud contemplava os canaviais do Cotovelo, com vista privilegiada. Um sol já meio bemol, de quatro da tarde, parece envernizar as folhas das canas que brilham e tremeluzem tangidas por um renitente vento de agosto. Arnaud punha-se a pensar nos destinos de Matozinho que vira crescer quase que de dentro da sua fazenda e hoje, varadas mais de oito décadas, empinava o umbigo e criava ares de gente lorde. Certo que ,como todo novo rico, ainda mesclava costumes matutos com atitudes grã-finas: a meio caminho entre a buchada e o caviar. Uma conversa, pela manhã, com um político neófito da vila, o pôs a matutar sobre o tempo que tudo vai engolindo com sua bocarra de Jaraguá. As verdades monolíticas de ontem dissolvem-se ,como por encanto, sob a ação inexorável das horas e do amálgama gelatinoso resultante esculpem-se novos costumes, novos paradigmas aparentemente sólidos e indissolúveis.
Metido tantos anos na política da cidade, construíra quase que uma nova constituição de leis populares, de limites e fronteiras intransponíveis nas campanhas eleitorais. Naqueles idos -- lembra-se com um sorriso mal disfarçado, nosso Sinfrônio – político não roubava. Primeiro, porque não havia sequer dinheiro em caixa: as verbas da prefeitura dependiam da arrecadação municipal de impostos cobrados a pessoas paupérrimas, a comerciantes pequenos. Tantas e tantas vezes precisou tirar do próprio bolso para cobrir as obrigações de final de mês. A palavra “ladrão”, assim, era termo proibitivo em qualquer circunstância e redundava, inevitavelmente, em faca no vazio , tapa no pé-do-ouvido, tiro de papo amarelo nos peitos do insultador. Qualquer alusão, também, a possíveis desvios sexuais padrões de candidatos ou parentes destes, resolvia-se nos campos de batalha e não nos tribunais. Sinfrônio mesmo comentava, com orgulho , que sua terra não possuía veados e nem mulher metida a homem : “ isso é putaria da capital e de Bertioga” , costumava dizer. Permitiam-se, apenas, fofocas atinentes a teúdas & manteúdas, mijos fora do caco , gambiarras dos candidatos do sexo masculino, até porque isso, se não acrescia, também não tirava voto de ninguém. O adultério masculino via-se como uma atividade normal e comum, já o feminino tinha leis específicas não muito diferentes das islâmicas.
Debaixo da jaqueira, Arnaud pensava na conversa que tivera pela manhã com Seginaldo Trancoso, um vereador em ascensão em Matozinho e só então percebeu como, definitivamente, aqueles bons tempos tinham sido mastigados pela engolideira do tempo. Trancoso contou que resolvera se candidatar pela primeira vez a vereador e, pouco conhecido, ninguém botou fé na sua candidatura. Tinha apenas uma bodeguinha na Vila e muitos conhecidos. De maneiras que ele, correndo nas laterais do campo, sem que ninguém percebesse bem, terminou sendo eleito. No pleito seguinte, no entanto, os adversários, já acordados, caíram de pau. Espalharam logo a notícia que ele era veado. A princípio Seginaldo disse ter ficado um pouco chateado, mas sustentou o dedo no apito: estava na chuva era prá se molhar. Pois, segundo ele, o tiro saiu pela culatra, aconteceu que perseguido, virou vítima , as florzinhas da cidade votaram todas nele que terminou como um dos mais bem votados na cidade. No último pleito, relatou Seginaldo, candidatei-me novamente e , aí, eles mudaram a tática: espalharam a fofoca que eu era corno. Aguentei calado novamente, embora sob protestos da minha santa esposa . Pois bem, desta vez é que a vitória foi arrasadora: todos os cornos de Matozinho votaram em mim e terminei como o mais votado e ainda presidente da Câmara. Na próxima eleição -- falou com franqueza Seginaldo para Sinfrônio -- estou achando que vão espalhar por aí que sou ladrão, pois é , vou sair logo candidato a Senador, não vai ter urna para suportar tanto voto !
No horizonte, Sinfrônio observou o sol desaparecer pro trás dos morros da Serra da Jurumenha . A noite invadia de sombra o Cotovelo. O mundo e a vida fluíam em meio à luz e a treva, num jogo eterno de claro-escuro.

J. Flávio Vieira

Adeus a Curtis

Morre aos 85 anos o ator Tony Curtis

Astro de Hollywood nos anos 1950 morreu em casa, nos EUA.

Ele atuou em filmes como 'Quanto mais quente melhor', com Marilyn Monroe.

De acordo com o porta-voz da família do ator, Curtis morreu em casa, no Estado americano de Nevada, cercado pela família. Curtis teria morrido na noite de quarta-feira segundo a agência de notícias AFP.

O nome verdadeiro de Curtis era Bernard Schwartz, nascido no dia 3 de junho de 1925. A carreira do ator se estendeu por seis décadas e ele fez mais de 120 filmes.
Tony Curtis se transformou em uma estrela de Hollywood e estrelou filmes como Quanto Mais Quente Melhor, em 1959, com Jack Lemmon e Marilyn Monroe, e, no mesmo ano, foi indicado ao Oscar, pelo longa Acorrentados, que estrelou ao lado de Sidney Poitier.
Além destes, Curtis participou de filmes como Spartacus, em 1960, Trapézio, em 1956 e o suspense, O Homem que Odiava as Mulheres, no mesmo ano.
Ele também ficou conhecido por sua participação no seriado de TV The Persuaders, nos anos 70.
Curtis foi casado seis vezes incluindo com a atriz Janet Leigh, com quem teve uma filha, a também atriz Jamie Lee Curtis.

Mais uma do "magistrado" Gilmar - José Nilton Mariano Saraiva

E o "magistrado" Gilmar Mendes, continua aprontando.
Quem não lembra que, meses atrás, após desrespeitar colegas ao atropelar ritos processuais consagrados, sua excelência achou por bem conceder dois habeas-corpus para tirar da cadeia o bandido Daniel Dantas (a troco de quê, não se sabe).
Agora, às vésperas da eleição, o beneficiário é o presidenciável José Serra. Vejam abaixo.
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Após falar com Serra, Mendes pára sessão
Ministro do STF adiou julgamento que pode derrubar exigência de dois documentos na hora de votar, pedida pelo PT
Candidato e ministro negam conversa, que foi presenciada pela Folha; julgamento sobre se lei vale continuará hoje
Moacyr Lopes Junior e Catia Seabra

Após receber uma ligação do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes interrompeu o julgamento de um recurso do PT contra a obrigatoriedade de apresentação dos dois documentos na hora de votar. Serra pediu que um assessor telefonasse para Mendes pouco antes das 14h, depois de participar de um encontro com representantes de servidores públicos em São Paulo. A solicitação foi testemunhada pela Folha.
No fim da tarde, Mendes pediu vista (mais prazo para análise), adiando o julgamento. Sete ministros já haviam votado pela exigência de apresentação de apenas um documento com foto, descartando a necessidade do título de eleitor. A obrigatoriedade da apresentação de dois documentos é apontada por tucanos como um fator a favor de Serra e contra sua adversária, Dilma Rousseff (PT). A petista tem o dobro da intenção de votos de Serra entre os eleitores com menos escolaridade. A lei foi aprovada com apoio do PT e depois sancionada por Lula, sem vetos.
Ontem, após pedir que o assessor ligasse para o ministro, Serra recebeu um celular das mãos de um ajudante de ordens, que o informou que Mendes estava na linha. Ao telefone, Serra cumprimentou o interlocutor como "meu presidente". Durante a conversa, caminhou pelo auditório. Após desligar, brincou com os jornalistas: "O que estão xeretando?" Depois, por meio de suas assessorias, Serra e Mendes negaram a existência da conversa. Para tucanos, a exigência da apresentação de dois documentos pode aumentar a abstenção nas faixas de menor escolaridade. Temendo o impacto sobre essa fatia do eleitorado, o PT entrou com a ação pedindo a derrubada da exigência.
O resultado do julgamento já está praticamente definido, mas o seu final depende agora de Mendes. Se o Supremo não julgar a ação a tempo das eleições, no próximo domingo, continuará valendo a exigência.

Geopark ARARIPE reúne maiores especialistas do mundo no Cariri


Estarão reunidos, no Cariri, os maiores estudiosos de geoparks do mundo, durante o 1º Workshop Latino-americano e Caribenho de Geoparks. O evento está sendo realizado por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado (Secitece), coordenação executiva do Projeto Geopark Araripe e equipe de técnicos, da Universidade Regional do Cariri (URCA). O workshop acontece de 17 a 19 de novembro, em Crato e Juazeiro do Norte. Vários eventos paralelos serão realizados, como a Feira do Empreendedor, em Juazeiro. A coordenação faz uma avaliação positiva de todo o trabalho que vem sendo desenvolvido em torno do Geopark, principalmente dos investimentos voltados para a infraestrutura nos últimos anos. Cerca de R$ 1 milhão, conforme a Secretaria, está sendo investido nas atividades preparatórias e no evento, que deverá reunir cerca de 150 participantes de vários países. São estudiosos do tema que terão a oportunidade de participar de debates temáticos. Haverá tradução simultânea das palestras ministradas em três idiomas. Segundo a coordenação, 10 dos maiores especialistas em geoparks estarão no Cariri. O cadastramento da imprensa para participar do evento estará sendo realizado, através da Coordenação do Geopark.

fonte: Assessoria Imprensa Geopark Araripe



CRATO - VI Salão de Outubro - Edição 2010

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A SOCIEDADE DOS AMIGOS DO MUSEU DO CRATO convida você a se fazer presente no VI SALÃO DE OUTUBRO que acontecerá no dia 30 de outubro de 2010, às 20h, no hall do Teatro Salviano Arraes Saraiva, na cidade do Crato. A mostra se estenderá até o dia 6 de novembro. Durante o evento, acontecerá a exposição dos trabalhos inscritos, com premiações para a categoria iniciantes assim como para artistas de outros estados brasileiros, incluindo alguns de renome internacional. Não perca esta oportunidade!

Venha conferir o maior acontecimento das Artes Plásticas na Capital da Cultura – Crato - Ceará

Apoio: Prefeitura Municipal do Crato, Secretaria de Cultura.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

COMPOSITORES DO BRASIL


“E eu, pra não morrer de tristeza
me sento na mesma mesa
mesmo sabendo quem és...”
(Pra não morrer de tristeza)

JOÃO SILVA

Por Zé Nilton

“João Silva nasceu em Arcoverde. Aos sete anos já tocava pandeiro e cantava em rádios no Recife. Aos quinze, por dores do mal d’amor, foi para o Rio de Janeiro tentar a fama. para um dia voltar e dizer à Iracema; “Tá vendo o que perdeu ?”. E voltou. Foi á sua casa. Ela veio, ficou na porta, ele falou-lhe: “Tá vendo o que você perdeu?” Calada estava, calada ela ficou. Mestre João me falou que lhe veio um nó angustial nos “grugumilhos”. Passado um tempo, Iracema balbuciou: “Vou ali beber água.” Não mais voltou. Naquele fatal momento nasceu: “ ... “Bebeu água foi simbora / nem se despediu de mim.”

Este é o Mestre João Leocádio da Silva. O mais profícuo, fiel e leal parceiro de Luiz Gonzaga. Nos idos de 1988, Gonzaga ia fazer um show no Canecão. Um crítico “alma sebosa”, do Rio de Janeiro, escreveu no jornal que aquela música de paraibas ia conspurcar o templo sagrado do samba. Gonzagão se “arretou”: “João, vamos dar uma pisa nesse “fela”. João retrucou: “Não, Gonzaga, vamos fazer isso com música”!. Seu Luiz não titubeou. Chamou o grande Geraldo Azevedo e, no LP “Ai Tem”, ambos cantaram “Taqui Pá Tu”, onde os dois craques “dixeram de um tudo” contra aquele beócio. No final da canção Gonzaga fala: “...Sabe, Geraldinho, o que esse cabra é, ele é um fela...”

Eis um tantinho de João Silva, que mostro aos caros leitores. Aos setenta anos, vivendo em Aracaju, ainda produzindo bem, um pouco magoado com Pernambuco, João Silva compôs, para Seu Luiz , desde 1964 (LP Sanfona do Povo, Não Foi Surpresa, de João Silva e João do Vale) até 1989 (onde canta com Gonzaga, no LP Alvorada Nordestina, da autoria dos dois, Vamos Chegando), sem esquecer de “Vou Te Matar de Cheiro”, no LP do mesmo nome, composta pelos parceiros e em homenagem à Edelzuita, último amor do Rei. No show final e inesquecível de Gonzagão, no Teatro Guararapes, sempre a segunda parte de cada música era cantada por João, a pedido de Lua, cujas forças estavam se exaurindo.

Não existe na Música Popular Nordestina e talvez na MPB, quem tenha maior quantidade de músicas gravadas por diversos artistas (mais de duas mil), do que Mestre João. Vejamos alguns: Gérson Filho, Severino Januário, Zé Gonzaga, Chiquinha Gonzaga, Joquinha Gonzaga, Ary Lobo, Marinês e Abdias, Dominguinhos, Joãozinho do Exú, Quininho de Valente, Novinho da Paraíba, Pinto do Acordeon, Cremilda, Elba Ramalho, Cirano, Trio Nordestino, Alcione, Beth Carvalho, Flávio Leandro, Flávio José, Genival Lacerda, Núbia Lafayette, Ney Matogrosso.

Aliás, para compor, João é multifacetado. O hino da boemia nordestina, sem dúvida, é Pra Não Morrer de Tristeza, supra sumo do samba de latada, que Mestre João chama “samba apracatado”. Mas ele compõe, além de todo tipo de forró, merengue, bolero, guarânia, lamento, toada, carimbó, como se pode ver no Lp “Mixto Quente”, que ele gravou em 1979.

Um grupo de pessoas, que amam a música nordestina, em parceria, chamaram Mestre João Silva, para resgatar-lhe vida e obra. Quando aceitou, João citou versos de Nélson Cavaquinho, sambista como ele: “... Quem quiser fazer por mim / que faça agora...” O projeto chama-se MESTRE JOÃO SILVA - PRA NÃO MORRER DE TRISTEZA - O MAIOR PARCEIRO DE LUIZ GONZAGA. Na tarefa estão engajados este escriba que vos fala, Roberta Jansen, Rinaldo Ferraz, Herbert Lucena, a gravadora A FÁBRICA, Mávio Holanda, Jr. do Bode e esperamos a necessária ajuda das autoridades culturais. Certamente contaremos com o apoio desta Folha de Pernambuco, para lançar luz sobre o mais popular compositor pernambucano vivo

Pra finalizar, só mesmo trazendo, aqui, a letra de “Flor de Croatá’, de Mestre João, que o grande Flávio José considera como a música que ele mais gosta de cantar: “ Vou bater porta /Pra quem abusou de mim /Esse meu rosto triste /Não nasceu assim /Era bonito que nem flor / De Croatá/ E então zangado/ Era danado pra cheirar/ Tinha alegria /Que jorrava noite e dia / Mas se excedeu / Pra um tal malvado/ De um amor/ Que não deu gosto/ Só deu desgosto/ E tudo em fim/ Foi até bom/ Que me ensinou a ser ruim.”
Texto de José Maria Almeida Marques, poeta pernambucano. Transcrito de http://www.enciclopedianordeste.com.br/nova339.phpda

Nesta quinta um pouquinho da obra desse mestre da Música Popular Brasileira no Programa Radiofônico Compositores do Brasil.

Quem ouvir verá!

Na sequência:

DANÇADOR RUIM, de João Silva e Zé Mocó com Dominguinhos e Luiz Gonzaga
ESTOU ROENDO SIM, de João Silva e Anatalicio com Trio Nordestino
DEIXA A TANGA VOAR, de João Silva e Luiz Gonzaga com Luiz Gonzaga
DE FI A PAVI, de (João Silva e Oseinha com Virgilio
AMIGO VELHO TOCADOR, de João Silva Zé Mocó com Marinês
DANADO DE BOM, de João Silva e Luiz Gonzaga com Luiz Caldas
TOQUE SANFONEIRO, de João Silva com João Silva
CORAÇÃO MALUVIDO, de João Silva e Pedro Maranguape, com Ary Lobo
PRA NÃO MORRER DE TRISTEZA, de João Silva, com Ney Matogrosso
VIVA MEU PADIM, de João Silva e Luiz Gonzaga com Luiz Gonzaga e & Benito di Paula
PAGODE RUSSO, de João Silva e Luiz Gonzaga com Zeca Baleiro

COMPOSITORES DO BRASIL
Rádio Educadora do Cariri -1020
www.radioeducadoradocariri.com
Acesse pelo www.blogdocrato.com
Quintas-feiras, de 14 às 15 horas
Pesquisa, Produção e Apresentação de Zé Nilton

Financial Times : Grandes Expectativas para o sucessor de Lula


Os candidatos a presidente tem a missão de continuar com o crescimento econômico brasileiro.




O Brasil é um país feliz –ou ao menos é o que muitos acreditam. De fato, o talento do futebol do país, o êxtase coletivo de seus carnavais, sua herança multirracial e, é claro, aqueles biquínis minúsculos, todos fazem parte do imenso poder “soft” do Brasil. Some a isso uma economia que está crescendo rapidamente e os brasileiros podem –segundo Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente em fim de mandato do país– reivindicar ser o povo “mais feliz e mais criativo” do mundo.
Há certa verdade nesse orgulho. Às vésperas de eleições presidenciais que deverão conduzir ao poder a candidata apoiada por Lula, aparentemente a situação nunca esteve tão boa para o Brasil. Apesar de ainda marcado por grande desigualdade social e crime violento, ele é uma das famosas economias Bric –Brasil, Rússia, Índia e China– que estão mudando a ordem internacional. A oferta de ações de US$ 67 bilhões da Petrobras, a estatal do petróleo, na semana passada, foi a maior do mundo e apenas a mais recente expressão do poder financeiro emergente do Brasil. O país já é um importante centro regional para formação de capital; a previsão é de que até 2025 ele seja uma das cinco maiores economias do mundo.
No passado, as eleições brasileiras costumavam ser catalisadoras de crises financeiras –e a postura blasé de muitos investidores em relação à votação de 3 de outubro é um sinal, para Jim O’Neill, o economista do Goldman Sachs que cunhou a sigla Bric, de que “as pessoas podem agora estar se empolgando”.
Todavia, na política externa, um antigo figurante agora é um sério candidato para um assento permanente no conselho de segurança da ONU. Em questões como o Irã, Brasília também buscou –apesar de não totalmente bem-sucedida– exercer um papel de mediadora internacional. E como sede da próxima Copa do Mundo de futebol e, em 2016, dos Jogos Olímpicos, o Brasil chegou de forma confiante ao palco global.Como muitos de seus vizinhos latino-americanos, o Brasil nunca careceu de promessa –ou decepção. A pergunta agora é se desta vez é realmente diferente.
A julgar pela reação dos investidores, acadêmicos e muitos brasileiros, é. Outros se mostram mais cautelosos. Para Luis Alberto Moreno, chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento, os maiores riscos enfrentados pelo Brasil são “complacência e excesso de confiança”.Por ora, os otimistas parecem estar em vantagem. Os investidores estrangeiros que pagaram pela oferta da Petrobras, na semana passada, injetarão aproximadamente US$ 50 bilhões adicionais no país neste ano. Uma enxurrada de livros recentes celebra a “chegada” do Brasil e sua maior autoconfiança. Enquanto isso, Lula, cujas raízes de esquerda estão no movimento sindical, deverá deixar o palácio presidencial com um índice de aprovação de 80% –um endosso notável de um país que passou pela crise financeira global praticamente ileso e viu mais de 30 milhões ingressarem na classe média em cinco anos.
Dilma Rousseff, a ex-ministra da Casa Civil que parece que vencerá com facilidade a eleição, tem concorrido com a promessa de mais do mesmo. Uma ex-diretora da Petrobras, a tecnocrata austera –às vezes apelidada, de forma previsível, de “Dama de Ferro”– acredita firmemente no poder de um Estado atuante. A capitalização da Petrobras, que ele ajudou a planejar, aumentará o poder do governo sobre a empresa. Rousseff também é responsável por uma série de programas de investimento em estradas, portos e ferrovias, em parte financiados por bancos estatais, desesperadamente necessários pelo Brasil para melhorar sua infraestrutura dilapidada. Eles estão em andamento, mas, atrapalhados pela burocracia, não no ritmo que muitos imaginavam ou esperavam.
Seu maior adversário político, José Serra, o governador centrista de São Paulo, não tem conseguido avançar com uma plataforma que parece ser uma versão mais enxuta, mais eficiente, das políticas voltadas para o social de Lula. De fato, as pesquisas mostram que em todas as classes os brasileiros estão em grande parte felizes com suas vidas e acreditam que ela até melhorará.
Em vez disso, os maiores desafios diante de Dilma estão nas entranhas sociais e econômicas mais profundas do país. Apesar de seus sucessos, o Brasil permanece de muitas formas um país altamente desigual, que está gastando além do que ganha. Apesar de a pobreza ter caído em um terço durante a última década, mais de um quinto dos 200 milhões de habitantes do Brasil ainda são considerados oficialmente pobres. A dívida pública caiu, mas o país ainda depende de reservas estrangeiras para poder financiar a si mesmo. Apesar do boom de exportação de commodities, a previsão é de que seu déficit em conta corrente neste ano seja de 3% do produto interno bruto. Ele poderá aumentar no próximo ano.
A violência que ainda atormenta suas infames favelas torna o Brasil um local ainda mais perigoso do que o México afligido pelo narcotráfico. Álvaro Uribe, o ex-presidente da Colômbia, é apenas uma das várias figuras regionais importantes que acreditam que o Brasil está dando “atenção insuficiente” ao consumo doméstico de drogas e à criminalidade relacionada. Pela experiência de seu próprio país nos anos 90, e a do México atualmente, ele aponta que “é um risco deixar de enfrentar o problema do narcotráfico”.
Enquanto isso, a ascensão extraordinária de Lula de engraxate a presidente tem projetado a imagem do Brasil como uma terra de promessa e mobilidade social. Mas como tantas histórias americanas, ela é parte mito. “No exterior, Lula se transformou em um símbolo de uma terra de oportunidade, onde o pobre pode chegar lá”, diz Fernando Henrique Cardoso, presidente por dois mandatos antes de Lula. “Isso não é realmente verdade.” O Brasil, apesar de seus recentes sucessos, continua sendo o 11º país mais desigual do mundo.
Em outros lugares, tamanha desigualdade poderia levar a um conflito civil aberto. Mas a generosidade dos brasileiros, sua predileção pela tolerância e conciliação –ou complacência, como dizem alguns críticos– têm afastado uma maior violência. “De que outra forma seria possível explicar o fato de não haver uma guerra constante no Rio de Janeiro, onde os moradores muito pobres das favelas convivem lado a lado com os super-ricos”, diz Julia Oliveira, uma consultora de administração.
Essa complacência também é o calcanhar-de-aquiles da economia brasileira. O país aspira ser uma potência global, mas para chegar ao próximo nível, argumentam os analistas, ele precisa passar para um novo patamar de desempenho econômico, um focado em fornecer melhores serviços públicos –não apenas mais– especialmente na educação.
O Estado, famoso por sua ineficiência e burocracia, também precisa ser reduzido. Um corte nos gastos públicos, por exemplo, aumentaria a poupança nacional e limitaria a dependência do país de capital estrangeiro. Isso o imunizaria de contágio financeiro em caso de piora da economia global. Sem isso, diz Neil Shearing, um analista da Capital Economics, o Brasil corre o risco de voltar ao padrão de boom e estouro do passado, com bons anos “pontuados por recessões causadas pela interrupção repentina do fluxo de capital”.
Há quase 70 anos, o romancista Stefan Zweig escreveu que o Brasil era “o país do futuro”. Esse otimismo está refletido na psique nacional –apesar dos rostos estressados dos trabalhadores urbanos nas ruas movimentadas de São Paulo sugerirem o contrário. A frase de Zweif acabou se transformando em slogan, depois em um clichê e finalmente em uma impossibilidade para os brasileiros –praticamente um “estigma e vaticínio”, nas palavras do escritor brasileiro Alberto Dines.
Mas graças às reformas econômicas implantadas por Fernando Henrique Cardoso, quando foi presidente de 1994 a 2002, as fundações para a estabilidade econômica do país foram estabelecidas. Nos oito anos seguintes, apesar dos recorrentes escândalos de corrupção, as políticas sociais de Lula ajudaram a deixar o país mais à vontade consigo mesmo. Estas eleições são as primeiras desde 1982 em que nenhum dos dois está concorrendo.
Eles deixam para trás um país mais próspero e socialmente coeso do que, supostamente, jamais foi – e uma provável presidente, Dilma Rousseff, que promete manter as políticas necessárias para manter essa estabilidade econômica. O país tem um setor privado próspero e três quartos dos brasileiros dizem acreditar na economia de mercado, segundo uma pesquisa do Centro Pew, em comparação a menos da metade dos mexicanos e argentinos. Tudo isso cria uma plataforma que sugere que o recente desempenho do país será mais do que fogo de palha –mesmo com o Brasil sem dúvida sendo um beneficiário felizardo do boom de commodities e da abundante liquidez global, condições que não durarão para sempre.
Em comparação com outros países Bric, o Brasil poderá nunca alcançar, digamos, a capacidade da China de executar iniciativas estratégicas ambiciosas no ensino ou tecnologia. Ele também precisa realizar mais reformas para elevar sua tendência de taxa de crescimento, de aproximadamente 4% agora. Ao mesmo tempo, ele carece de muitos dos outros problemas estruturais dos Brics, seja as divisões religiosas da Índia, o autoritarismo chinês ou as relações ambivalentes da Rússia com o Ocidente. A história de seus imigrantes também o deixa com abertura para ideias estrangeiras e a capacidade de adotá-las rapidamente.
De fato, uma delas pode ser lida no encosto de cada assento de voos domésticos da TAM, a maior companhia aérea do país: “Brasil: a 5º maior economia do mundo em 2025”. Para os brasileiros que se beliscam diante da ideia, diz muito o fato da declaração ser creditada à revista “The Economist”. O restante parece feliz –críticos como FHC dizem “anestesiado”– com a relativa prosperidade do status quo.“O Brasil poderia ser de outra forma”, diz um brasileiro que trabalha como principal economista de um grande banco ocidental em São Paulo. “Mas então não seríamos o Brasil. Nós seríamos a Suíça (...) e isso não seria divertido.”
Crescimento nas margens
Ao longo da última década, a economia do Brasil cresceu em média 3,5% ao ano, quase o dobro da média da década anterior. O país pode estar mais feliz, mas também está mais gordo. Quase metade de todos os homens e 48% das mulheres estão acima do peso, em comparação a apenas 19% dos homens e 28% das mulheres nos anos 70.
Todavia, o ethos do “corpo é belo” permanece de outras formas. Os brasileiros escovam seus dentes, em média, mais do que qualquer outro, e consomem mais desodorante per capita do que os Estados Unidos –apenas dois motivos para as empresas de bens de consumo internacionais considerarem o mercado brasileiro tão importante.
Cultura de negócios - Um espírito de aventura nascido das fazendas e navegadores portugueses
A história é destino? As origens daquilo que muitos empresários reconhecem ser talentos particularmente brasileiros podem ser traçadas à corrida, no final do século 15, entre Espanha e Portugal para exploração do novo mundo.
Os dois países estavam à procura de uma rota marítima para a Ásia, diz o professor Alfredo Behrens da Fundação Instituto de Administração, em São Paulo. Os portugueses encontraram uma e se tornaram mercadores. Os espanhóis encontraram a América e se tornaram conquistadores.Os portugueses também encontraram o Brasil, mas praticamente o ignoraram até se tornar sua única possessão além-mar, após perderem suas rotas comerciais asiáticas para os holandeses.
“Eles tiveram que se concentrar no Brasil”, diz o prof. Behrens. “Na época eles eram mercadores. Eles sabiam como negociar. Eles tinham jogo de cintura. Isso é o que torna os brasileiros diferentes dos outros latino-americanos.Ele também traça outras características brasileiras ainda mais para trás, até a expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica durante a Idade Média e a subsequente queda na população. Isso criou uma cultura de agricultura de baixa densidade, em vez de uma agricultura de alta densidade, traduzida na América Latina na forma de enormes plantações controladas por alguns poucos donos de terras ricos, e trabalhadas por séculos por milhões de escravos africanos.
Os ecos dessa hierarquia –e o resultante distanciamento e falta de confiança– perduram no local de trabalho, ele diz. “Isso leva a um personalismo que tenta passar por cima desses processos, onde a pessoa tenta fazer amizade com o chefe e ao ‘jeitinho’, além de um espírito de aventura que significa que as pessoas podem ficar onde estão por algum tempo, mas estão sonhando com coisas maiores.”
E isso, ele diz, cria uma cultura de negócios com a qual os estrangeiros às vezes têm dificuldade em lidar: um banqueiro britânico me disse que era como “tentar guiar um rebanho de gatos”.
Também é uma cultura que promove a criatividade e o empreendimento. Rolf Steiner, o chefe regional da Swiss Re em São Paulo, trabalhou anteriormente na Itália e diz ter ficado encantado com a atmosfera de abertura e criatividade nos escritórios brasileiros da resseguradora, após o ambiente de negócios mais conservador que ele encontrou na Itália.
É o tipo de comentário ouvido em muitos setores. Tarek Farahat, presidente-executivo da Procter & Gamble no país, considera os executivos brasileiros entre os mais talentosos dentre as operações globais da empresa.
Mas um dos exemplos mais famosos do empreendimento brasileiro no exterior –a Anheuser-Busch InBev, a maior cervejaria do mundo, criada e dirigida por brasileiros– é uma exceção que comprova a regra, diz o prof. Behrens.
“Os brasileiros são melhores negociadores do que nossos vizinhos latinos”, ele aponta. “Mas isso não significa que não tenhamos conquistadores.”



Financial Times


John Paul Rathbone e Jonathan Wheatley

Números do dia - José Nilton Mariano Saraiva

CNI/IBOPE dá 5 pontos de vantagem no 1o turno
(29/09/10)
Dilma – 50% (estimulada) – 55% (votos válidos)
Serra – 27% (estimulada) – 30% (votos válidos)
Marina – 13% (estimulada) – 14% (votos válidos)
Outros – 1% (estimulada) – 1% (votos válidos)


SENSUS também não confirma Datafolha
(29/09/10)
Dilma – 47,5% (estimulada) – 55% (votos válidos)
Serra – 26,0% (estimulada) - 30% (votos válidos)
Marina – 12,0% (estimulada) – 13% (votos válidos)
Outros – 2,0% (estimulada) – 2% (votos válidos)

Procura-se o artífice da virada !


Onde andará aquele que poderá salvar Serra da derrocada final de domingo próximo ? O grande estadista das privatizações, o amigo dileto dos aposentados vagabundos ! O Sociólogo primeiro a descobrir, por fim, que não existe fome no Brasil . Por que não sobe no palanque e ajuda o outro tucano a arrancar as últimas tábuas e se agarrar nelas, antes do dilúvio ?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

a certeza na frente, a história na mão

 
 
"O problema é que você quer falar com Geraldo Vandré. E Geraldo Vandré não existe mais, foi um pseudônimo que usei até 1968." 


É o que diz Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, 75 anos no último dia 12, quando o procuram. O mitológico autor de "Pra não dizer que não falei de flores" continua recluso em um pequeno apartamento em São Paulo, arrodeado de livros e um violão.

O voto limpo - Emerson Monteiro

Diante das intransponíveis dificuldades para validar a lei da Ficha Limpa, só resta agora aos eleitores a responsabilidade direta pelo assunto e cuidar de limpar todas as impurezas do seu precioso voto já nas eleições do corrente ano.
Os pressupostos da chamada Ficha Limpa mexeram com previsões de antecipar em um ano a matéria de cunho eleitoral, gerando questionamentos desde os tribunais regionais até chegar ao Supremo.
Por essas e outras razões, porém, o escore apertado de 5 a 5, na votação dos ministros, bem demonstra o quanto custa reverter hábitos numa política dominada por caciques tradicionais aferrados ao comando.
Quando as forças em jogo dispuserem de energia suficiente para reformar as instituições políticas envelhecidas, só então haverá esperança de evoluir no voto com as mudanças para realizar o sonho da verdadeira democracia.
Enquanto não ocorrer, no entanto, caberá, mais do que nunca, aos eleitores escolher os candidatos dignos, bem preparados, honestos e trabalhadores.
Instrumentos básicos dos destinos nacionais, eles irão definir o futuro, nos vários setores da vida pública. Os escolhidos mandarão chuva durante quatro longos anos da paciência do povo. Chegarão ao trono cobertos das grandes oportunidades e dos maiores direitos. Achar-se-ão investidos na autoridade com imunidades, foros especiais e proventos generosos, à custa de uma nação pobre e cofres esvaziados.
Em qualquer outra situação, o mais modesto do eleitor estudaria com rigor, mediria, pesaria, examinaria, avaliaria como gosto suas preferências. No comércio, nas compras dos mercados, butiques, nos sacolões e freiras, restaurantes, bancas de revistas, locadoras, etc.
Nas cabines eleitorais, todavia, a situação ganha conotação de quem quer elevar alguém ao sétimo céu da política, ofertar cheques em branco, depositar noutras mãos valores morais e bons costumes, família, segurança, educação, alimentação, e muito mais.
Por isso, trate de exercitar a seleção dos seus candidatos com a vista descoberta, olhos de bom senso, no fiel cumprimento do dever e das leis da consciência, no justo do possível. Porquanto, seremos responsabilizados pelo bom andamento dos negócios democráticos conquistados ao preço das lutas heróicas das gerações que nos antecederam e nos confiaram à continuação dessa história de imensos valores positivos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Os “milagres” da política – José Nilton Mariano Saraiva (*)

Quando o tímido e insosso deputado Marcos Cals abdicou de mais um provável mandato de Deputado Estadual para concorrer à governadoria do Estado, certamente o fez em atenção ao chefe “de fato” do PSDB (embora não “de direito”), um certo Senador da República. Esperava, mui provavelmente, que o nobre Senador conseguisse induzir o eleitor cearense a sufragá-lo nas urnas, transferindo-lhe um caminhão de votos e mais alguma coisa. Pelo andar da carruagem, entretanto, a tal da “transferência” não vingou (é preciso ter cacife pra tal) e a votação do senhor Cals será tão tímida quanto o seu recatado desempenho pessoal (prova provada que o tal Senador da República não ta com essa bola toda, já que até sua própria reeleição não está assegurada).
Rebocado do parlamento estadual para integrar o secretariado do Governador do Estado Cid Gomes (de quem privava da amizade pessoal) até poucos meses atrás, o que o senhor Cals certamente não esperava é que se visse obrigado, por um desses “milagres”
da política, a jogar pesado e ter que “meter o malho” – e até de uma forma um tanto quanto desrespeitosa e virulenta - no ex-chefe e no seu irmão Ciro Gomes, ao repercutir na “telinha” uma reportagem (sem provas) de uma revista que já foi séria e hoje se transformou em verdadeiro “esgoto” da mídia brasileira (Revista VEJA), tratando do “desvio’ de 300 milhões de reais.
Como, pelo próprio temperamento e postura, o senhor Cals não é dado a arroubos tais, a hipótese mais provável é que tenha sido “aconselhado” por alguém do partido a desfraldar tal bandeira, a fim de lançar suspeitas sobre a honestidade e honradez dos
irmãos e conseguir alguns votos a mais (pra amenizar um pouco o vexame), mesmo que à custa do rompimento de uma amizade antiga.
Coincidentemente, a “coisa” houvera sido demarcada lá atrás, a partir do momento em que o tal Senador da República, à procura de apoio político, encontrou dificuldades para ser recebido pelo Governador do Estado (que também deixou de atender telefonemas
do próprio) sob a pueril desculpa de “falta de datas”. Ao recorrer ao irmão, Ciro Gomes, também não encontrou a receptividade devida, deixando-o apoplético.
E aí aconteceu um outro “milagre” da política: o confronto público, aberto e azedo do criador (o nobre Senador da República) e da criatura (família Ferreira Gomes), já que as denúncias (ainda não comprovadas) da revista VEJA, que põem em cheque a honestidade e seriedade dos Gomes, parece se ter transformado no “brinquedinho” preferido do antigo e arrogante aliado.
Como na pouco cheirosa arena política reina o cinismo, a desfaçatez e a hipocrisia, a pergunta que fica é: será que, tal qual os milagres do Padre Cícero (que tinham dia e hora marcados pra acontecer) após as eleições teremos o “milagre da ressurreição” na política cearense, com os Gomes e o nobre Senador da República confraternizando publicamente em nossa frente???
*******************************
(*) Por indicação do Zé Flávio Vieira e do Darlan Reis aportamos a partir de hoje aqui no Cariricult, atendendo honroso convite que nos foi formulado pelo Salatiel (não tivemos, ainda, a oportunidade de ser apresentado a nenhum deles, embora os conheçamos).

Meu nome é John Ford, eu faço westerns



Mostra reúne a obra do cineasta que recriou o caubói e o faroeste




RESUMO Idiossincrasias, temperamento difícil, economia de meios e aversão a concessões à indústria fizeram de John Ford um nome central no cinema do século 20. Vistos em retrospectiva em São Paulo, Rio e Brasília, seus filmes são um manifesto pela ordem coletiva, negando o tradicional individualismo da figura do caubói. 

PEDRO BUTCHER
ilustração RODRIGO ANDRADE

EM 1961, JOHN FORD recebeu em seu escritório, nos estúdios da Paramount, a visita de um moleque de 15 anos que sonhava em ser cineasta. O diretor estava com 67 anos e preparava aquele que seria um de seus melhores filmes, "O Homem que Matou o Facínora". A secretária avisou: "Ele vai recebê-lo, mas só por um minuto". 
O adolescente entrou na sala, decorada com pinturas que representavam o Velho Oeste.
"Então você quer fazer filmes?", perguntou Ford.
"Sim, senhor. Quero ser diretor de cinema."
"Certo. Está vendo essas pinturas? Observe a primeira e me diga o que vê."
"Vejo um índio e um cavalo."
"Não, não, não. Cadê o horizonte? Você é capaz de me dizer onde está o horizonte?"
O moleque apontou. 
"Não aponte", disse Ford. "Olhe para a pintura como um todo e me diga onde está o horizonte."
"Embaixo."
"Bom. Agora observe a próxima. Cadê o horizonte?"
"Em cima."
"Ok. Agora vem cá: quando você chegar à conclusão de que pôr o horizonte na parte inferior ou na parte superior pode ser melhor do que no meio do quadro, então talvez, algum dia, você possa se tornar um bom diretor."

MITOLOGIA Quem conta a história, anos depois, é o próprio moleque, chamado Steven Spielberg, no documentário "Directed by John Ford", de Peter Bogdanovich, combinação de reflexão crítica sobre os filmes de Ford e muitos casos narrados por atores e colaboradores do diretor de "Rastros de Ódio". As boas histórias são muitas, pois, em torno de seu temperamento difícil, criou-se uma mitologia tão forte quanto sua obra. 
O relato de Spielberg, contudo, vai além da anedota, pois toca num ponto fundamental: o gênio artístico do cineasta e seu apurado senso estético. 
Não que Ford (1894-1973) tenha sido injustiçado. Ao contrário de Orson Welles e Alfred Hitchcock, que jamais ganharam o Oscar de melhor diretor, Ford levou quatro (até hoje é o recordista na categoria, com "O Delator", de 1935; "As Vinhas da Ira", de 1940; "Como Era Verde Meu Vale", de 1941; e "Depois do Vendaval", de 1952). Durante boa parte de sua vasta carreira, que durou de 1917 a 1970, foi reconhecido como o maior cineasta americano. 
Na avaliação do crítico americano Tag Gallagher, porém, tal reconhecimento, mesmo quando cravado de elogios, se deu por linhas tortas. "Nos filmes de Ford, a eloquência de suas composições tornava o diálogo virtualmente desnecessário, não por falta de riqueza do roteiro, mas porque a estrutura literária era apenas um aspecto da complexa inteligência formal de seu cinema", escreve ele na monumental biografia "John Ford - The Man and His Films", que o próprio autor disponibilizou na internet, em home.sprynet.com/~tag/tag/. "É essa imensa inteligência que muitos críticos ignoraram." 

SUTILEZAS "Os apologistas de Ford louvam seus instintos e emoções como se ele fosse artista inconscientemente, sem intenção", prossegue Gallagher. "Seus detratores depreciam seu sentimentalismo, o tacham de racista, militarista e reacionário, ignorando as sutilezas entre os extremos, os discursos de níveis duplos, o apelo obsessivo de sua obra pela tolerância."
Gallagher reconhece que parte da culpa por essa incompreensão vem do próprio Ford, "que se escondia sob máscaras". A atitude seca e até agressiva, repudiando o rótulo de "artista", foi uma estratégia de sobrevivência na máquina trituradora de Hollywood, que acabou moldando a figura pública de Ford e, aos poucos, ganhou contornos folclóricos. 
Nos trechos de uma entrevista reproduzida no documentário, Bogdanovich aproveita essa faceta para extrair momentos verdadeiramente cômicos: 

Bogdanovich - (fora de quadro): "O senhor fez 'Three Bad Men' (1926), um 'western' de grande escala, com uma sequência elaborada da chegada dos colonos. Como o senhor a filmou?"
Ford- "Com uma câmera".

Sua visão do Oeste tem se tornado progressivamente triste e melancólica ao longo dos anos. O senhor se deu conta dessa mudança?
Não sei do que está falando.

Que elemento particular do Oeste o atraiu desde o começo de sua carreira?
Não saberia dizer. 

O senhor concordaria que em "Sangue de Herói" (1948) a tradição do Exército tem mais importância que o indivíduo?
Corta!

ESTETA Tal atitude não diminui as qualidades de Ford como esteta. Trabalhando no coração da indústria, quase sempre sem assinar os roteiros e a montagem final de seus filmes, Ford construiu uma obra absolutamente pessoal e singular. Poucos foram tão perfeitos ao combinar conteúdo e forma. 
"Ford foi um dos mestres da unidade orgânica, princípio em que os elementos estéticos da linguagem cinematográfica se encontram em diálogo uns com os outros", diz João Luiz Vieira, professor na Universidade Federal Fluminense. "É importante perceber como determinado enquadramento, com sua composição, iluminação, distância entre a câmera e o assunto, angulação e mobilidade, constrói sentidos em conjunto com a movimentação e expressão dos atores, figurino, cenografia (natural ou em estúdio) etc.".
Após um mergulho na obra de Ford, o cineasta Bertrand Tavernier escreveu o texto "La Chevauchée de Sganarelle" [A Cavalgada de Sganarelle], publicado na revista "Présence du Cinéma" em 1965 e disponível em francês na internet. "As grandes retrospectivas organizadas pela Cinemateca Francesa são duras provas para os cineastas", diz, citando os filmes de Vincente Minnelli e George Cukor como exemplos dos que não sobrevivem tão bem quando vistos em conjunto. 

OPORTUNIDADE Este, contudo, não seria o caso de Ford -e o ilustríssimo espectador brasileiro pode tirar a prova na retrospectiva dedicada ao cineasta que está em cartaz no CCBB de São Paulo até 17 de outubro e depois segue para Brasília (28/9 a 17/10) e Rio de Janeiro (12/10 a 7/11). É uma oportunidade raríssima: são 36 filmes, todos em película, e mais o fundamental documentário de Peter Bogdanovich ("Directed by John Ford", 1971/2006). 
O catálogo da mostra traz 18 textos essenciais sobre Ford, quase todos inéditos no Brasil (três assinados por Tag Gallagher, e análises de Serge Daney, João Bénard da Costa, Jacques Rancière, Andrew Sarris, Jean Mitry, Lindsay Anderson. Há também um curso, dividido em quatro módulos, ministrado por Ismail Xavier, da USP, e João Luiz Vieira, entre outros.
Tavernier, em seu texto, aponta com precisão os elementos que costuram os filmes e tornam a obra de John Ford grandiosa, sem fazer vista grossa a seus numerosos erros -entre os quais inclui o consagrado "O Delator", que lhe rendeu o primeiro Oscar- e apontando a dificuldade interna criada pelas próprias mutações ao longo da carreira ("nosso homem é um dos mais rebeldes às exegeses"). 

VIAGENS E PEREGRINAÇÕES Enquanto o "western" clássico apresenta uma visão individualista do mundo, marcada por uma forte ideia de violência física ou interior ("um caubói e seu desejo de vingança; um fora da lei que tenta escapar de seu passado; um atirador e sua vontade de matar"), em Ford "a linha de força raramente é constituída em torno de um sentimento individual ou de um motivador negativo, destruidor", diz Tavernier. As viagens e peregrinações predominam. 
"Os filmes são odisseias de caravanas de emigrantes, patrulhas de um grupo de cavaleiros, travessias do deserto por uma diligência, ou bandidos procurados pela polícia. Ford só se interessa por problemas pessoais na medida em que se interceptam aos da comunidade. Seus heróis só reagem em função do meio em que vivem e não impõem questões morais. Sua ética só existe em relação a um sentimento de ordem coletivo."
"Nos filmes de Ford, são evidentes os conflitos entre o indivíduo e a civilização", afirma Gallagher num brilhante ensaio visual produzido para a edição especial em DVD de "No Tempo das Diligências" ("Stagecoach", 1939), da coleção Criterion. "Enquanto em tantos outros cineastas os personagens são desprovidos de qualquer coisa que os pré-defina, em Ford os personagens vivem e respiram sua cultura, suas religiões, raças, classes." Em seus filmes, o quadro está sempre carregado de detalhes riquíssimos. Cada personagem tem um passado.

LOCAÇÃO Ford foi um pioneiro nas filmagens em locação. São famosos seus planos abertos, mostrando homens a cavalo em pequena escala, cujo movimento forma linhas diagonais ou espirais no interior de uma vasta paisagem. Em "No Tempo das Diligências", ele filmou pela primeira vez na belíssima região de Monument Valley, na fronteira dos Estados de Arizona e Utah, paisagem que virou marca registrada de seus filmes. 
"Legião Invencível" ("She Wore a Yellow Ribbon", 1949), segunda parte da "trilogia da cavalaria", também traz um momento visual marcante: comandada por John Wayne, a cavalaria segue pela paisagem desértica enquanto uma tempestade de raios avança por trás. Consta que Ford ordenou prosseguir com as filmagens mesmo após o início da tempestade, contra a vontade do fotógrafo e de parte do elenco.
Por causa desta e de outras imagens, estabeleceu-se mais um mito em torno do cineasta: a famosa "Ford's luck", a "sorte de Ford", embora a atriz Maureen O'Hara diminua sua importância ao revelar que o lindo efeito do véu que voa ao vento na cena do casamento de "Como Era Verde Meu Vale" ("How Green Was My Valley", 1941) é obra de três ventiladores. 
Numa complexa sequência que só corrobora seu senso de composição, vemos a noiva e o noivo saírem da igreja em direção à carruagem. A beleza da cena não põe a perder o senso de sutileza: a alegria da festa contrasta com a melancolia da noiva, apaixonada por outro homem (o pastor da cidade). Ela só aceitou se casar com o filho do dono da mina de carvão onde trabalham o pai e os irmãos por força das convenções sociais. 
A sequência termina com a imagem do pastor no alto de uma colina, observando a partida dos noivos ao longe. Robert Parrish, assistente de Ford no filme, conta que, logo depois de rodar o plano, perguntou se o diretor não faria um close do personagem -a escolha mais óbvia para os padrões da narrativa clássica americana. Ford reagiu com repúdio: 
"Não, de jeito nenhum, eles podem acabar usando!" 
"Eles" eram os produtores. 

NA CABEÇA Assim era Ford: filmava só o necessário para a compreensão da cena -nem mais, nem menos (algo particularmente exemplar na era digital, em que se filma absolutamente tudo, o que gerou até um protesto de Fernando Meirelles). Tal método é ainda mais impressionante quando se conhece a aversão de Ford a storyboards, ou seja, o planejamento visual do filme em desenhos semelhantes a histórias em quadrinhos, método que Hitchcock, por exemplo, adorava. 
A economia de planos era, sobretudo, uma forma de contornar a interferência dos estúdios. "Se você filmar muito, o 'comitê' assume o comando. Eles começam a tirar cenas, acrescentar outras, misturar as coisas. Isso eles não conseguem fazer com meus filmes. Corto na câmera e é isso aí. Não sobra muito material no chão quando termino um trabalho."
Sua repulsa aos executivos de Hollywood, aliás, é tema de várias histórias clássicas envolvendo Ford. Consta que ele teria contratado seguranças para manter longe dos sets o poderoso Darryl F. Zanuck, executivo da Fox conhecido por suas intervenções nos filmes. Em outra ocasião, reuniu a equipe em torno de um executivo infiltrado e disse em alto e bom som: "Este é um produtor associado. Podem dar uma boa olhada nele, porque daqui para a frente vocês não vão vê-lo de novo".
Reunir a equipe para constranger os atores era um dos esportes favoritos do cineasta, que preferia trabalhar sob tensão. John Wayne, por incrível que pareça, foi um alvo favorito de suas chacotas. 
A personalidade difícil e exigente, no entanto, não impediu que muitos atores reconhecessem que seus melhores desempenhos foram alcançados sob a direção de Ford. A "trupe" do cineasta entendia que, sob a carapaça da dureza, havia enorme sensibilidade. 

ÉTICA No mesmo ensaio visual sobre "No Tempo das Diligências", Tag Gallagher analisa uma sequência aparentemente simples, mas exemplar da ética rigorosa de Ford (sempre traduzida em estética, ou seja, escolhas de enquadramentos e posicionamento de câmera). "No Tempo das Diligências" conta a história de um grupo heterogêneo que atravessa o deserto na mesma diligência. Entre eles está Dallas (Claire Trevor), prostituta expulsa da cidade em que vivia, e Lucy (Louise Platt), que viaja grávida para reencontrar o marido. 
Em uma pausa na viagem, Ringo, o personagem de John Wayne, convida Dallas para sentar-se à mesa de jantar, o que choca a todos e deixa Lucy especialmente incomodada. O espectador entende tudo o que se passa apenas pela troca de olhares. Gallagher cita um texto do crítico Nick Browne que acusa Ford de ter feito uma cena moralista. Logo em seguida, destrói essa versão: analisando a cena plano a plano, demonstra como, pelo posicionamento da câmera e pela escolha da ordem das imagens, Ford evita julgar os personagens. 
Depois de mostrar o olhar reprovador de Lucy do ponto de vista de Dallas, o cineasta não corta para o que seria a continuação mais óbvia da cena: o ponto de vista de Lucy. Prefere situar a câmera do outro lado da mesa. É uma estratégia, na verdade, simples: nunca mostrar dois pontos de vistas seguidos: "Ford não quer submeter o espectador à manipulação da câmera. O que ele busca é uma empatia à distância". As conclusões se dão na cabeça de cada um. 

MURNAU No fundo, John Ford era um romântico. Filho de irlandeses, carregava consigo um fascínio pelo país natal e horror às histórias de injustiça e pobreza que marcaram a infância dos pais. Um de seus filmes favoritos era uma história de amor: "Aurora" (1927), de F.W. Murnau. 
Para cada história em torno da dureza de Ford há também uma história de ternura e de justiça. Quando Hollywood viveu a sombra do macarthismo e os setores conservadores da indústria promoveram uma intensa perseguição aos profissionais suspeitos de serem filiados ao Partido Comunista, Cecil B. De Mille, um dos diretores mais influentes da época, liderou um movimento para que Sindicato dos Diretores destituísse Joseph L. Mankiewicz, seu presidente. 
Numa reunião do sindicato, Ford fez um pronunciamento célebre: "Meu nome é John Ford. Eu faço 'westerns'. Não acredito que exista alguém nessa sala que saiba mais o que o público americano quer ver do que Cecil B. De Mille. Mas eu não gosto do senhor, não gosto do que você representa nem do que o senhor tem dito aqui, nesta noite".
A mais bela das histórias românticas envolvendo Ford encerra o documentário de Peter Bogdanovich e revela sua paixão por Katharine Hepburn, com quem o cineasta teria tido um breve caso depois de "Maria Stuart" ("Mary of Scotland", 1936). 
Já doente e perto de morrer, Ford recebeu a visita de Katharine. Quando os dois ficam sozinhos no quarto dele, Ford diz: "Eu te amo" - e ela responde: "Eu sei". 
Peter Bogdanovich sugere que a sucessão de obras-primas de Ford entre 1939 e 1941 ("No Tempo das Diligências", "A Mocidade de Lincoln", "As Vinhas da Ira" e "Como Era Verde Meu Vale") teria sido feita sob o feitiço dessa paixão. Os brutos, afinal, também amam. 

"Trabalhando no coração da indústria, quase sempre sem assinar os roteiros e a montagem final de seus filmes, Ford construiu uma obra absolutamente pessoal e singular. Poucos foram tão perfeitos ao combinar conteúdo e forma"

'A economia de planos era, sobretudo, uma forma de contornar a interferência dos estúdios. "Se você filmar muito, o 'comitê' assume o comando. Eles começam a tirar cenas, acrescentar outras, misturar as coisas. Isso eles não conseguem fazer com meus filmes. Corto na câmera e é isso aí"'

A COMÉDIA DA MALDIÇÃO NO DRAGÃO DO MAR

A MAIOR COMÉDIA DE TODOS OS TEMPOS!!!
5 ANOS EM CARTAZ!!!


DIA 29 (QUARTA) DE SETEMBRO DE 2010, 20h
TEATRO DRAGÃO DO MAR (FORTALEZA-CE)
ENTRADA: 1KG DE ALIMENTO NÃO PERECÍVEL

Cia. Cearense de Teatro Brincante
Texto e Direção de Cacá Araújo

Mais de 10.000 pessoas já viram o espetáculo que traz a fantástica história de Ana Expedita, uma bela jovem que se amanceba com o vigário e é condenada à terrível maldição de virar mula-sem-cabeça!

O espetáculo teatral A COMÉDIA DA MALDIÇÃO, de Cacá Araújo, encenado pela Cia. Cearense de Teatro Brincante, da cidade de Crato-CE, conseguiu um feito inédito no Ceará: durante três dias seguidos (sábado, dia 18, domingo, 19, e segunda, dia 20 de setembro) lotou o Teatro Rachel de Queiroz em duas sessões por noite. "Platéias maravilhosas se revesavam prestigiando os artistas, foi inesquecível, uma grande página de nossa história. A segunda sessão começava depois das 10 da noite e o público esperava disputando espaço, afirmou o cenógrafo França Soares."

As próximas apresentações da peça serão no Teatro Dragão do Mar, em Fortaleza-CE, dia 29 de setembro de 2010 (quarta-feira), inserida na programação do 1º Festival SATED das Artes; em 15 de outubro, no XXI Festival de Teatro de Acopiara-CE; e no dia 30, também de outubro, no Teatro Marquise Branca, em Juazeiro do Norte-CE, convidada para as comemorações alusivas aos 25 anos da Cia. de Teatro Livremente.

A Cia. Cearense de Teatro Brincante completará 5 anos de existência no dia 11 de novembro de 2010, mantendo em cartaz, desde então, o espetáculo A COMÉDIA DA MALDIÇÃO, que já circulou por diversos lugares além do Crato: Araripe-CE, Nova Olinda-CE, Juazeiro do Norte-CE e Sousa-PB.





















ELENCO:
Cacá Araújo: Tandô / Carla Hemanuela: Mãe Luzia / Charline Moura: Irmã Francilina / Jardas Araújo: Cantador / Edival Dias: Padre Sebastião / Joênio Alves: Dono da Bodega / Jonyzia Fernandes: Ana Expedita / Joseany Oliveira: Leide Zefa / Josernany Oliveira: Brincante da Mula / Lifanco: Violeiro / Lílian Carvalho: Beata Carmélia / Lorenna Gonçalves: Cibita / Márcio Silvestre: Vigário Felizberto / Orleyna Moura: Viúva Fantina / Paula Amorim: Ladra / Paulo Henrique Macêdo: Fotógrafo Jorjão / Samara Neres: Cantadora

TÉCNICA:
Texto e Direção Geral: Cacá Araújo / Assistência de Direção: Orleyna Moura / Cenografia: França Soares e Cacá Araújo / Sonoplastia: Cacá Araújo / Iluminação: Danilo Brito / Maquiagem: Carla Hemanuela e Joênio Alves / Figurino: Orleyna Moura, Joênio Alves e Carla Hemanuela / Guarda-Roupa: Luciana Ferreira / Operação de Som: Emerson Rodrigues / Operação de Luz: Danilo Brito / Música: Lifanco e Cacá Araújo / Designer: Felipe Tavares / Produção Executiva: Mônica Batista / Produção Geral: Sociedade Cariri das Artes


BLUES

AGENDE-SE!


AMANHÃ:O MAGO DA VOZ ENCANTADA CARIRI...MOSTRA SÃO MIGUEL.

Amanhã a noite,na Praça de São Miguel,no mesmo bairro,Show Tributo a Adoniram Barbosa com JOÃO DO CRATO o mago da voz encantada cariri.
Foto do cartaz-Wilsonbernardo

IMPERDÍVEL! ATÉ 16 DE OUTUBRO



FESTA BAILA COMIGO



Festa temática com a presença das bandasLOS THE OS, OS ÁGUIAS e o DJ LUB LUB tocando sucessos das décadas de 60/70 e 80. Vá à caráter e PAGUE MEIA ENTRADA, curta mais intensamente a festa.

domingo, 26 de setembro de 2010

cartum por LUPIN


Peregrino

Ultimamente acordo
antes das galinhas
e toco um blues
antes que os galos
façam gargarejos
com vinagre,
gengibre
e sal.

O sol me espera esfacelado:
pedaços nos galhos
das árvores;

outros pedaços
nas calçadas,
batentes,
pneus,
portões.

mas ele
(inteiro e altivo)

não muda o ar esnobe
rindo da minha cara
engomada às avessas.

Sei que o dia será infernal:
dragões,
leões,
serpentes

no fundo
da mesma cova

esperando apenas
um vacilo do trovador
ou do escravo romano.

Nem um nem outro.
Nem ai nem ui.
Nem salvação
nem morte.

Pego minha pazinha
(dessas de praia)

e saio pelos canteiros
das praças
(perdido)

a plantar e destruir
jardins alheios.

Somente assim
satisfaço-me

admirando as lágrimas
dos velhinhos

que esquecem
de lançar farelos
aos pombos

e relembram
os amores
de outrora.

Sem ver
nem pra que,

cada um se levanta do banco
amassa o saco de ração
chuta as perninhas
dos pombos

e forma-se (cada qual
com sua pazinha
de praia)

uma pequena multidão
atrás do poeta.

Todos perdidos
(alguns felizes)

plantando
e destruindo
jardins alheios.

(RE) CONSTRUINDO A IDENTIDADE CARIRI


Brevemente, podemos dizer que identidade é aquilo que se é: “sou índio”, “sou branco”, “sou negro”. Dessa forma identidade parece ser algo positivo, (“aquilo que sou”), uma característica particular um fato autônomo. Esta, por sua vez, também, possui uma relação de dependência da diferença quando digo: “sou índio” estou diferenciando, negando; “não sou negro”, sob esse aspecto identidade é o ponto de origem que define a diferença; dizer o que sou implica dizer o que não sou.Podemos ainda, dizer que é o resultado de atos de criação, não são elementos da natureza, não são essências, ela é ativamente produzida, é uma produção cultural e social da cultura e dos sistemas simbólicos que a compõem.

A identidade “ser índio”, não pode ser vista, compreendida fora de um processo de produção simbólica, ela, só possui sentido em relação com uma cadeia de significados formados por outras identidades étnicas. A afirmação da identidade dos grupos sociais traduz o desejo desses grupos sociais, garantirem o acesso privilegiado aos bens sociais. A identidade está sempre ligada ao poder; incluir, excluir (esse pertence, esse não pertence), demarcar fronteiras (nós e eles), desenvolvidos e primitivos o que mostra a utilização de uma forma de classificação estruturada em torno de oposições binárias.

Há sempre nos grupos a busca de uma identidade como norma, a identidade normal é natural, desejável, única, essa possui tal força que nem é vista como uma identidade e, sim, como a identidade, por exemplo; numa sociedade de supremacia indígena “ser índio” não é considerado uma identidade.

No caso dos processos de reconstrução de identidades étnicas é comum o uso de mitos fundadores, a construção de símbolos étnicos: a língua e os mitos são elementos centrais nos processos de reconstrução identitária, pois, a memória coletiva é um fenômeno importante construído coletivamente e submetido a flutuações, transformações, mudanças constantes que muito contribuem com o sentimento de identidade, ou seja, o sentido da imagem de si, pra si e para os outros.

No processo de reconstrução de identidades étnicas há três elementos essências a serem observados: a unidade física, (fronteira de pertencimento ao grupo), a continuidade dentro do tempo, o sentimento de coerência (os diferentes elementos que formam um indivíduo são efetivamente unificados).A reconstrução da identidade coletiva dos remanescentes Cariris é, então, todos os esforços que o grupo tem feito longo do tempo, todo o trabalho necessário para dar a cada membro do grupo o sentimento de unidade, de continuidade e de coerência.

Após essa breve abordagem do resgate da identidade étnica Cariri, podemos dizer que; essa retomada esse resgate, se situa no campo da identidade coletiva resgatada uma vez que esta é percebida pelo contraste de um grupo ante outro grupo.

Contudo, é suficiente para entendermos o processo de retomada da identidade Cariri na comunidade de Monte Alverne em Crato, nos situarmos no campo da identidade considerando-a como um sistema de representações e símbolos que estão contidos em estórias, memórias, e imagens que servem de referência para esse grupo.

Francisco Filemon Souza Lopes
Aluno de Graduação do Curso de Ciências Sociais – URCA
Atuante na Pesquisa sobre Identidade Étnica Cariri

sábado, 25 de setembro de 2010

você me sintoniza, e a gente então se liga

 
 
É impressionante como o rádio resiste nestes tempos virtuais, invadindo os recursos de novas mídias, e através dos labirintos hightech interative, chegando ao "pé do ouvido" de todos.
Quando visito alguma cidade que não conheço, a primeira coisa que faço é escutar as estações locais, e de preferência começando pelas AMs, onde o sotaque é mais puro e o perfil é sem maquiagem. Ainda.

Todos os dias escuto rádio. Mas hoje é o Dia do Rádio.

Balé

Ínvios caminhos trilhou a Medicina em terras de Santa Cruz! O primeiro médico aqui aportou ainda nas caravelas de Cabral : Johannus Emenelaus. E devemos ao holandês Guilherme Piso que veio a Pernambuco com o Conde Maurício de Nassau, no Século XVI, o primeiro Tratado de Medicina das Américas. Nosso conhecimento médico, como nossa cultura, sofreu intenso processo de miscigenação: um pouco aprendido dos portugueses, dos jesuítas, dos afro-descendentes, dos holandeses, franceses, judeus e dos índios. Nossos primeiros profissionais de médicos só começaram a ser formados por aqui a partir do Século XIX, com a inauguração da primeira Escola de Medicina, a de Salvador, que coincide com a chegada da família Real. Todos profissionais daquela geração carregavam consigo características interessantíssimas: exercendo uma ciência que ainda se banhava em fontes empíricas, tinham uma profunda formação humanística e ética no exercício da Arte hipocrática. Para eles, o exercício da medicina era antes de tudo impelida por vocação e fazia-se muito mais sacerdócio do que emprego; mais Arte do que Ciência. Tinham uma profunda proximidade com as famílias e eram reverenciados como membros delas, como um parente próximo, como um amigo. Participavam do cotidiano das pessoas e tratavam não apenas os males físicos, mas leniam também as agruras da alma. A partir do Século XX, à medida que a Medicina se foi firmando mais e mais como Ciência; os novos profissionais começaram a se aproximar das máquinas, dos acessórios de diagnóstico sofisticados, voltando-se mais para o tecnicismo e menos para a alma; mais para a superfície e menos para os recantos mais abissais da natureza humana.
O ouvinte , certamente, verá essa evolução como natural. O mundo mudou: a TV, o DVD, o Computador , a Internet , a Midia, imprimiram uma velocidade estonteante aos tempos modernos. Os contatos hoje se fazem muito mais virtualmente do que na esfera real. Já existe Cirurgia Robótica permitindo que um médico em Nova York opere um paciente em São Paulo, sem que nunca tenha visto seu cliente e sem que nunca tenha a impossibilidade de conhecê-lo um dia. Muitos sites já disponibilizam consultas virtuais, à distância. Já não existe espaço para o contato físico entre as pessoas, para o toque , o olhar, a escuta. O médico hoje formado, com certeza, não poderia ter permanecido o mesmo de anos passados. Hoje ele é tem uma formação muito mais técnica e muito menos humanística e as vocações são criadas através de um dos deuses da modernidade : o Mercado. Temos profissionais da mais alta qualificação , nas mais variadas sub-especialidades, capazes de tratar com esmero e maestria: dedos, fígados, olhos, cérebros; mas muitas vezes impossibilitados totalmente de cuidar de pessoas na sua holística vivência, na sua divina complexidade. A convivência entre os próprios colegas, também, sofreu uma grande deterioração, simplesmente porque não há mais colegas nos tempos atuais, existem concorrentes da mesma fatia de mercado. Tenebrosos tempos modernos!
Esta reflexão, amigos, talvez um pouco crua para um dia de sábado, brota em meio à tristeza que tomou conta da nossa cidade no dia de ontem. Partiu na inevitável viagem, um dos últimos luminares da fase áurea da Medicina caririense dos últimos 60 anos: Dr. Eldon Gutemberg Cariri. Querido de todos, recepcionou milhares de cratenses na chegada a este mundo de lágrimas, com um carinho e lhaneza quase que beneditinos. Pasmem vocês ! Ele sabia ouvir as pessoas! Não era um parteiro , mas um simples acólito da natureza. Acompanhava as gestantes por horas a fio, sem qualquer interferência no processo natural do parto: nem fórceps, nem medicamentos para apressar o processo e nem pensar em cesáreas desnecessárias! Longe dele a correria desenfreada dos dias de hoje, a velocidade estonteante das criaturas em busca de que? Para onde? Dr. Eldon, como um condor, não precisava de esforços desnecessários : sabia plainar, conhecia as correntes favoráveis de vento e flutuou vida afora, com a leveza de um bailarino. Discreto, sem arroubos, sem arrufos, exerceu seu sacerdócio por tanto tempo, antenado com os precipícios tenebrosos do espírito humano. Poliglota, leitor voraz, pianista, percebia claramente que a formação humanística é tão importante para o médico quanto o conhecimento técnico. Ontem, o condor pousou com a mesma leveza com que tinha empreendido o vôo por mais de oitenta anos.
Dr. Eldon parece deixar ensinamentos profundos às novas gerações. A paciência é capaz de mover montanhas. A Técnica isolada, apenas fabrica ótimos mecânicos para consertar relógios, rádios, computadores: não tem instrumentos suficientes de curar pessoas. E mais : a Ética precisa sobrepor todo conhecimento e toda a Ciência. Sem Ética não existe nada além da barbárie. O bailado suave do Dr. Eldon vai fazer falta num mundo cada vez mais propenso às lutas marciais do que ao Ballet.

J. Flávio Vieira