TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A cueca

Precisamente três dias
a mesma cueca.
Não por falta.

Tenho no guarda-roupa
todas as nuvens de algodão
do firmamento.

Digamos que me sinto místico
usando a preta.

Oh, cueca preta
que frêmito fervor.

Três dias.
E uma lua.

O perfume adocicado
pela virilha.

Uma espécie de maçã
com sabor de pera.

Três dias a mesma cueca preta.
Digamos que me sinto
supersticioso galã de cinema.

Por onde passo deixo um rastro
de beatitude e volúpia.

Pressinto pelos olhares melosos
das colegas de trabalho
e das anciãs na calçada.

Nenhum comentário: