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quarta-feira, 31 de março de 2010

URCA que te quero URCA !


Existe uma torcida contra a URCA? É o que me parece. A torcida contra uma conquista que não foi deste ou daquele reitorado, mas de uma comunidade que se mobilizou e foi às ruas brigar pelo ensino superior, gratuito e de qualidade que hoje favorece toda a região deste cariri cearense e também beneficia até cidades de outros estados fronteiriços ao Ceará. Perguntem pra eles, os protagonistas, que ainda estão vivos e atuantes, como foi aquele momento histórico. De 1987 pra cá, 23 anos depois, quantos se favoreceram com a graduação nos mais diversos cursos implantados? Quantos hoje são mestres e doutores? O projeto da URCA deve ser reconhecido como maior e mais importante do que qualquer projeto pessoal, político-partidário ou de um grupo de apadrinhados. Se a gente pensar bem, cada um de nós tem um projeto próprio na cabeça idealizado para a Universidade Regional do Cariri e o do outro não nos serve. Mas não funciona assim. Se a gente não parar com essa encrenca e começar a “brigar” pelo bem comum da nossa região não chegaremos a lugar algum. Aliás, chegaremos ao que não se quer: transformar a Universidade do Cariri, que é a URCA, num mirrado Instituto, como quer a torcida do contra tudo. Quem perderia ou ganharia num jogo desses?


Filosofando: Para se construir uma simples casa é necessário um terreno, um projeto de um arquiteto, um engenheiro para os cálculos estruturais, recursos financeiros para o material necessário, um mestre de obras, um pedreiro e dois serventes, algum tempo, e por aí vai. Para destruir uma casa, basta um trator e alguém que guie o trator.

23 comentários:

Unknown disse...

Tens razão, Salatiel. Mas algumas coisas são mais complexas.
Mas quem governa não deve permitir:
- o nepotismo,
- o patrimonialismo,
- a privatização.
No mínimo.

Deve lutar também pela autonomia e pelo princípio da coisa pública. Não se trata de um projeto, mas de princípios mínimos, diretrizes. O resto é possível conversar sim.


E essa de "vestir a camisa" não dá, algumas pessoas querem que a gente "vista a camisa", mas é mais ou menos assim: você carrega o piano e ela assume um cargo e serve-se da instituição.

Océlio Teixeira de Souza disse...

Caro Salatiel, gostaria de parabenizá-lo pelo texto. Permita-me no entanto algumas reflexões:

1. Vc fala corretamente que a URCA é fruto de uma longa luta, iniciada lá atrás, creio que ainda nos anos de 1960, 70, e concretizado em 1986/87. Ótimo essa sua visão histórica. Eu que estou a 16 anos na universidade(entrei através de concurso público, aliás o primeiro, durante o reitorado do Dr. Edmilson) fico triste hoje quando vejo nossa instituição quase que parada. E pior, os que hoje estão na administração querem simplesmente apagar o período de julho de 2003 a junho de 2007, portanto 4 anos dos 23. E olha que temos na vice-reitoria uma historiadora... Vc acompanhou de perto a administração nesse período e sabe muito bem a nossa luta em prol da cultura e das artes, tendo a frente os professores Ze Nilton, Carlos Rafael, Zé Carlos, Sandra Nanci e outros.

2. A URCA tem dado uma grande contribuição ao Cariri formando professores, bacharés e tecnólogos. Temos hoje, 16 cursos, 4 criados naqueles 4 anos que querem riscar da história, mas precisamos avançar, chegar a 18, 20, 25 e quantos forem necessarios para contribuir com o desenvolvimento da região do Cariri e do Ceará. Nos últimos tres anos nem um curso novo. Pq?

3. As disputas políticas dentro da universidade sempre vão existir. Isso é bom e faz parte do debate, das visões de universidade diferentes e da riqueza de idéias que existe dentro da universidade. Agora, quando a disputa passa para o campo pessoal, para o desrespeito, para a perseguição gratuita... aí meu caro Salatiel a coisa complica. Ou então, quando alguns querem aparelhar a universidade para atender suas ideologias e partidos politicos.

3. Finalizando, fiquei feliz quando soube que vc ta trabalhando na universidade, contribuindo com seu talento e sua capacidade. Agora, como diz o ditado popular "uma andorinha só não faz verão".

Abç e FELIZ PÁSCOA.

Zé NIlton disse...

Após sair da reitoria da Urca nunca fiz nenhuma observação crítica ou coisa que o valha sobre a Urca, diga-se, sobre sua atual administração. Pelo contrário, tenho cooperado sempre que procurado, com a toda a boa vontade de quem foi reconhecidamente um de seus legítimos fundadores.
Ocorre que, ultimamente, provocações extemporâneas e descabíveis vem sendo assacadas contra minha pessoa, como que para encurralar-me na suposição de uma postulação a cargos que não quero, não almejo, não me apetece.
Então, respeito a dedicação sempre propositiva de Luis Carlos Salatiel, recentemente chamado para dinamizar projetos extensionistas, e acho que se permitirem, ele fará bom trabalho. No entanto, sou obrigado a concordar com o prof. Darlan Reis, por conhecer o drama, a trama e o dilema por que vive a nossa Urca, quando diz " mas algumas coisas são mais complexas".
Prof. Zé Nilton

Unknown disse...

Apesar de todo o temor de alguns em irritar o governo, creio que todos concordam que há a necessidade urgente de concurso para professores efetivos. Não dá para tampar o sol com a peneira. Esse é um grave problema. E o governo não se pronuncia, aliás, diz que não fará. Não existe universidade sem professores.
E nem autonomia para isso, a URCA tem.

Unknown disse...

Não transformemos a questão das diferentes propostas para a universidade como um problema. São projetos distintos, que refletem as diferentes concepções na sociedade.
Agora, o funcionamento efetivo, a produção científica, acadêmica, cultural, de extensão, de ensino, só existem com um corpo docente e técnico que exista e tenha qualificação.
Isso sim é um problema grave.

Armando Rafael disse...

1 – Há tempos li e guardei um artigo de Tiago Cavalcanti, Economista, Professor da Universidade de Cambridge e Professor Licenciado da UFPE que diz em resumo: Segundo a revista “The Economist” (citando dados do Instituto de Educação Superior da Universidade de Jiao Tong em Shangai) entre as 20 melhores universidades do mundo 17 são americanas – 6 estão na Califórnia, duas são inglesas e uma é a universidade de Tóquio no Japão;

2 – Segundo a mesma matéria: “A melhor universidade brasileira é a Universidade de São Paulo, que aparece apenas no final das 150 melhores do mundo. Atualmente as universidades americanas empregam 70% dos profissionais ganhadores do Prêmio Nobel e produzem cerca de 30% dos artigos científicos publicados nas áreas de ciência e engenharia”

3 – Por que a Europa não se destaca no setor de universidades. As universidades da Europa Continental são controladas pelo Estado e têm pouca autonomia. Os professores são funcionários públicos e há isonomia dentro de cada categoria. As promoções são, na maioria das vezes, baseadas em tempo de serviço. A meritocracia tem papel reduzido.

Armando Rafael disse...

4 - Por outro lado, nas universidades americanas, (algumas são universidades públicas), MAS NÃO SÃO GRATUITAS, os professores não são funcionários públicos e as universidades não são controladas pelo Estado. Estas são, em parte, financiadas pelo Estado, mas há também as doações de ex-alunos, investimentos diretos do setor privado e, claro, a cobrança de anuidades.

5 - Poderiam então argumentar que nos Estados Unidos a universidade não tem o papel social de combater a desigualdade e que só os ricos acabam obtendo o grau universitário. Isto não é verdade. Há bolsas e descontos para indivíduos mais pobres nos Estados Unidos. Uma família de classe média paga, em geral, apenas 34% do valor da anuidade “oficial”.

6 – A realidade das universidades públicas brasileiras é calamitoso, com a estrutura física caindo aos pedaços, professores fazendo greve e defendendo corporativismo, professores que SE SERVEM da universidade, dentro de um aparelhamento da instituição para atender a suas ideologias ultrapassadas e a partidos políticos nanicos. Muitos desses “dinossauros” ainda defendem o “socialismo real” que implodiu de podre há 21 anos.
Esperar o quê de uma universidade com esse modelo?

Unknown disse...

Não podemos nos esquecer de onde estamos, onde vivemos.

Aqui, se paga às empregadas domésticas, setenta reais. E olhe que são vários relatos...
Aqui, os mais pobres ainda são transportados em caminhões, os "paus-de-arara"...
Aqui, em muitas casas, não tem água encanada e nem esgotamento sanitário...
Aqui, os mais poderosos tentam se apropriar dos símbolos da religiosidade popular, percebendo que o povo cria os seus próprios, por isso tentam controlá-lo...
Aqui, ainda existe a pistolagem...
Aqui, existem os "para-empresários" dentro até das universidades públicas. São aqueles que usam o bem público e ao mesmo tempo, privatizam, ganham dinheiro e ainda por cima, "socializam" as dívidas e os problemas...

Ah, sim, lá nos Estados Unidos da América, as universidades não são gratuitas!
Aqui, são. O que teríamos que fazer? Imitá-los? Sei...

LUIZ CARLOS SALATIEL disse...

Eu, sinceramente, desconheço ainda realidade da URCA no seio administrativo. Mas, estando ali nos últimos 20 dias, me despertou um sentimento enorme de afeiçao e responsabilidade por ela e, talvez recebendo uma inspiração do próprio Martins Filho, passeei por seus jardins e corredores do campus do Pimenta e vi: alunos nas salas de aula tentando aprender e os professores se doando para ensiná-los; quadros expostos com notas das provas e estudantes ansiosos pelos resultados; laboratórios com gente pesquisando; a pausa para o café e lanche no Saraiva; uma garota riponga arpejando as cordas de um violão e cantando canções do Renato Russo; um jornalzinho de poesia afixado nas paredes e convocando mais poetas; uma coleção do jornal "A Ação" sendo recuperada nos arquivos de documentação do departamento de história (foi o Darlan que me mostrou); uma galeria de arte sendo reativada; uma possibilidade de convênio com a Sociedade Lírica do Belmonte sendo articulado; um documentário sendo produzido pelo Imago e IEC; uma vontade e articulação de se conseguir um complexo de comunicação (rádio, TV, editora e gráfica); um culto evangêlico numa das praças centrais; um estudante com o filme do Glauco para ser exibido na semana de história e muito mais. É desse ambiente que eu gosto e farei questão de preservá-lo enquanto estiver por lá. Um dia, todas as administrações da URCA farão parte de um passado e serão lembradas pelo bem que fizeram a ela.
Será que é o meu olhar estrangeiro?

Armando Rafael disse...

Ilustre prof. Darlan:

Xeque-mate:
Onde estão as melhores universidades? nos EUA (onde são pagas) ou no Brasil (pública, gratuita e SEM qualidade)?
O resultado do Exame Nacional do Ensino Médio–Enem, do Ministério da Educação (MEC), mostra que a qualidade de ensino na rede pública ainda está anos-luz atrás da rede privada.
Por isso muitos vivem a repetir o surrado slogan: "Universidade pública, gratuita e de qualidade para todos". (Aliás nunca entendi esse “todos”. Significa que todo mundo tem que cursar universidade? Ora, se próprio presidente da república se ufana de que só tem um curso de nível médio, feito no Senai e se considera o maior da história?)
A realidade nua e crua – doa a quem doer – é que não existe qualidade de ensino nas universidades estatais.
Na Urca, nos cursos noturnos, os alunos entram as 18:30 e já as 21:30 estão correndo para pegar os ônibus. 3 horas por dia (aí incluídos os intervalos) e todo ano sai centenas de biólogos, advogados, economistas, historiadores, geógrafos, pedagogos etc.etc para inundar o mercado.
Aliás não é só a educação pública que é ruim. Os demais serviços públicos no Brasil estão à beira do caos. E não é por falta de dinheiro. O Brasil é o país da bi-tributação. O governo arrecada bilhões, mas é incompetente, perdulário, despreparado e gasta mal o que arrecada. Sem falar no outro tanto que sai pelo ralo da corrupção.
Comemorar o quê?

LUIZ CARLOS SALATIEL disse...

A nossa realidade precisa ser transformada ou vamos nos mudar daqui?

Unknown disse...

Sr. Armando:

1º Os Estados Unidos da América são a única superpotência mundial. São uma potência econômica, militar e científica. Os maiores cientistas do mundo estão lá ou são contratados para ir trabalhar naquele país.

2° A região em que vivemos em que pese suas riquezas, história e tradições é altamente desigual. UMA UNIVERSIDADE REFLETE O QUE HÁ NO SEU ENTORNO!

3° Quando o senhor fala dos alunos que saem correndo às nove e meia da noite, esquece de dizer que muitos viajam desde Campos Sales, Exu, Penaforte, Cedro(PE) e outras cidades. Muitos passam necessidades como a da questão alimentar.

4° Numa região com essas características, uma universidade ser PÚBLICA E GRATUITA é decisivo na vida de milhares de jovens. Ter um restaurante universitário faz a diferença. Ter uma biblioteca de qualidade faz a diferença. Muitos alunos não tem renda nem para comprar um livro. Um livro apenas.

5º A URCA tem muito valor sim. Tem uma produção científica de qualidade, apesar de todo o problema de infra-estrutura e de falta de professores que enfrenta.

6º Mas é a produção científica da URCA INCOMPARAVELMENTE maior que a das INSTITUIÇÕES PARTICULARES da região. Veja o que se produz no LPPN (Laboratório de Pesquisa de Produtos Naturais), coordenado pelo Prof. Galberto Martins.

7º Veja as pesquisas na área das Ciencias Econômicas, da Bioprospecção Molecular, na área da Enfermagem, lá no nosso Centro de Documentação e Pesquisa Histórica, na área da Geociências, com o Grupo de Goegrafia Agrária, o trabalho do pessoal de Artes, enfim, temos muito o que apresentar.

8° Nada no mundo das PRIVADAS aqui da região se compara a isso.
Pelo contrário, várias PRIVADAS buscam na URCA seus professores a fim de credenciarem seus cursos junto ao MEC.

9° Fora a importância que a UFC tem para a Região do Cariri. É inegável que a presença da UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ vai ajudar a mudar o perfil da região. E mudar a vida de muitas pessoas.

Por fim, não queira comparar a situação da universidade norte-americana com a nossa. Fico muito feliz de ter uma posição frontalmente contrária à sua, por tudo o que já debatemos e pelos valores que defendemos, cada um do nosso lado. O que estamos discutindo aqui é apenas a prova inequívoca de como entendemos a nossa sociedade.

Atenciosamente

Unknown disse...

Salatiel, mais uma vez, concordo contigo.
O que você viu de pujante e vivo na URCA é verdade.
O que não impede que discutamos soluções para melhorar a URCA.
Mas acho que concordamos que a solução passa pelo fortalecimento da instituição e não pela sua privatização como apregoam alguns.
Abraço.

Amanda Teixeira disse...

Só agora vi esse post do Salatiel e a discussão.

Pra começar, devo dizer que não entendi bem a afirmação de que existe uma torcida contra a URCA. O que está acontecendo? Creio que a região do Cariri se orgulha muito de ter uma universidade estadual que, mesmo sofrendo todos os problemas que conhecemos, consegue formar bons profissionais, lançá-los nos mercado ou abrir portas para que sigam carreira acadêmica. Tenho muito orgulho de ter estudado na URCA e quando critico a universidade é porque não me conformo com o descaso do governo estadual, de alguns que fazem parte da administração e de certos professores e alunos. Temos que criticar para que ela melhore. A URCA continuará estagnada como o Crato se "dourarmos a pílula" e dissermos que tudo está muito bom como está. A mudança é necessária.
Sobre as afirmações feitas nos comentários, tenho algumas observações:

1) Foi dito aqui que a USP é a melhor universidade do Brasil. Pergunta: a USP é pública ou particular? Se não me engano, ela é estadual (como a URCA!).

2) A UVA é uma "universidade" particular. A UVA de Sobral (UEVA) é pública. Qual das duas é melhor?

3) As universidades européias não se destacam? E de onde saíram os intelectuais que estudamos aqui, nas universidades brasileiras? As universidades americanas podem até se destacar no campo das ciências naturais e exatas, mas o campo das humanas continua sendo dominado por profissionais formados na Europa, em universidades públicas.

4) Acompanhei parte da administração Herzog e da administração de Plácido. Vi falhas em ambas. Não conseguiria jamais dizer qual delas foi a melhor ou a pior. Por um lado, a administração Herzog privatizou cursos e recebeu dinheiro que até hoje não sabemos por onde anda. Por outro, incentivou a pesquisa e a extensão muito mais eficientemente que a atual administração. A administração do Plácido, por sua vez, parece que fez o possível para tornar públicos esses cursos privatizados. Mas sua atuação parece ter parado por aí. Corrijam-me se eu estiver enganada.

5) Não adianta criar cursos se não existem professores para dar aula. Os cursos criados durante a administração Herzog continuam até hoje com carência de professores.

6) Pra finalizar, devo dizer que as pessoas que as pessoas precisam conhecer os programas do atual governo para as universidades federais. Ao contrário do que aconteceu no governo FHC, está havendo uma valorização dessas universidades e de seus profissionais e pesquisadores, que atualmente contam com laboratórios e verba pra pesquisa. As estruturas físicas vêm recebendo tanta atenção quanto a qualidade do ensino. As pessoas adoram falar mal sem conhecer. Esse modelo de universidade caindo aos pedaços é fruto da administração FHC, assim como a desvalorização da educação básica é fruto da Ditadura Militar. Infelizmente, as universidades vêm se recuperando muito mais rapidamente que o ensino público de nível fundamental e médio. Ah, professores socialistas também estão ficando raros, viu? E acho que dos males das universidades públicas (principalmente das estaduais), eles são o menor.

PS.: Antes de criticar, é preciso ter informações sérias e atualizadas sobre aquilo que estamos criticando.

É isso.

Armando Rafael disse...

Ilustre prof. Darlan:

Numa coisa estamos rigorosamente empatados. No tocante as universidades privadas e públicas, e - repetindo suas palavras - eu também "fico muito feliz de ter uma posição frontalmente contrária à sua".

A diferença entre nós é que eu procuro assimilar a lição deixada por Mário Covas:

“E para que eu me credencie a defender a minha verdade, começo por manifestar a humildade de saber que existem outras verdades e que elas são tão sustentáveis quanto as minhas e que a única razão pela qual um homem, um democrata passa a ter o direito de defender a sua verdade é exatamente o respeito que ele manifesta pela Alheia”.

Unknown disse...

Certo. O senhor então seria o democrata. Ok.
Abraço.

Océlio Teixeira de Souza disse...

Cara Amanda, como vc sabe fiz parte da administração do prof. André Herzog e tenho a absoluta certeza de que ela está anos-luz à frente da atual. Sobre a questão do dinheiro a que vc se refere, basta vc ir ao TCE e a FUNDETEC que vc saberá. O que acontece é que a atual administração nos quis impigir o estigma de maus administradores. Mas pode ter certeza que esse estigma não pegará, pois a verdade sempre prevalece.

Em relação aos cursos que criamos, quero acrescentar que foi contratado no nosso período cerca de 56 professores efetivos, incluisive para os novos cursos, tdo feito dentro de um planejamento. Pelo que sei, nos últimos três anos não foi contratado nenhum professor efetivo.

Darlan, concordo com vc. As diferenças de visões não devem ser um problema, pelo contrário, deve fortalecer o debate sobre a universidade que queremos. E se esse debate for feito dentro do respeito e da civilidade ele será bastante positivo.

Amanda Teixeira disse...

Esclarecendo: Océlio, quando disse que não sabemos onde foi parar o dinheiro, quis dizer que não vi esse dinheiro investido na URCA. Falar em Jardim das Palmeiras não vale! Não vou ao TCE ou à FUNDETEC. A universidade, como instituição pública, devia prestar contas à comunidade. No mínimo, esses dados deveriam estar no site.

Sobre a contratação de professores efetivos, ótimo. Mas isso não exime a administração Herzog de ter aberto vários cursos pagos que funcionavam sabe-se lá como e distribuíam diplomas da URCA por aí. Afinal, a Urca é pública ou não?

O que eu acho é que a administração Herzog era mais ativa enquanto a nova administração é "acomodada". Mas não sei o que é pior: não fazer nada ou fazer bobagem.

Bem, é isso.

Zé NIlton disse...

Cara Amanda Teixeira.
Você responde ao prof. Océlio, termina afirmando: "Mas não sei o que é pior: não fazer nada ou fazer bobagem".
Não quero polemizar com você sobre assuntos tão complexos... e tão partidários. Muito me magoou sua suposição de que na nossa administração fizemos "bobagem".
Isto não fizemos, pode acreditar.
Fizemos, sim, ousar. E ousamos como outrora grandes figurar o fizeram, quando criaram as faculdades de Direito, Economia, Filosofia, todas particulares e que depois, pela pressão social, os governos a tornaram públicas.
Não assimilamos o primado da Uva. É tanto que não abrimos um curso isolado em Iguatu. Criamos um campus, com 4 cursos. E tenho guardado comigo o discurso que fiz na implantação invocando o poder público para garatir acesso a todos naquela grande ousadia.
Sem ousar, nestes sertões sempre distantes dos centros de poder, nada feito, minha cara.
Se a Urca não está bem, a culpa não é de nenhhum de seus abnegados administradores. Vamos creditar ao governo, qualquer um, que deveria investir mais na educação do povo. Isto é feito ?
A USP e Unicamp são estaduais e de referência porque lá se fez valer a constituição do estado no repasse de recursos para as universidades.
Você sabia que há um documento legal que se reporta a isso, aqui no Ceará ? Procure e veja o quanto seriam os recursos do estado destinados ao ensino superior.
A bobagem é mais em cima, convenhamos!

Amanda Teixeira disse...

Olá, Zé Nilton

Pra começar, quero dizer que não quis criar polêmica com ninguém. Nem com membros da antiga administração nem com membros da nova. Se vocês perceberem, no meu post falei mais sobre as universidades em geral que sobre a URCA e toquei no ponto da administração Herzog muito rapidamente. Colaboram ou comentam nesse blog diversos membros da antiga administração (da atual também, mas até nisso os antigos são mais ativos!) e entendo que tenham ficado chateados, mas não falei para atingir ninguém pessoalmente. Não tenho nada contra ninguém aqui, pelo contrário. Sempre fui até mais próxima de membros da antiga administração que de integrantes da nova. Mas nem por isso vou fechar os olhos. Não retiro a minha fala: acho que abrir cursos particulares é sim uma bobagem, pra não usar termo pior. A pressão deveria ter sido feita sobre o governo para que esses campi fossem públicos desde o início. Uma coisa é abrir um campus particular com dinheiro de empresas privadas e depois o governo torná-lo público; outra - bem diferente - é abrir campi particulares com dinheiro público (me corrijam se o processo não se deu desta forma). Nunca vi instituições públicas terem autonomia para criar instituições particulares que levam o nome da instituição pública (!).

Não acredito que exista legislação que ampare a criação dessas faculdades particulares. Se existir, peço desculpas pelo que disse e retiro o que escrevi até agora. Não vou ser simplista e dizer que todos os problemas que a URCA enfrenta ou enfrentou são culpa da administração Herzog.
Sabemos, inclusive, que existem pós-graduações pagas funcionando na URCA durante a atual administração e que a contratação dos profissionais que lecionam nelas não se dá por meio de concurso público. Aliás, o concurso público para servidores prometido pela adminsitração de Plácido nunca saiu.

Evidentemente, o problema da URCA e das estaduais do Ceará está intimamente ligado ao descaso do governador tanto com a educação. Mas isso não tira também a responsabilidade das universidades de pressionar o governo.

É isso.

Abraços e bom fim de semana a todos.

________________

Amanda Teixeira disse...

Errata: descaso do governador tanto com a educação quanto com a educação de nível superior.

Océlio Teixeira de Souza disse...

Amanda, só um detalhe: abrir cursos auto-sustentados não é bobagem. É uma visão diferente. Foi ousadia. Tanto é que em todas as turmas somos lembrados por isso.
Nesse sentido, como ja frisei, o Darlan tem razão: não transformemos visões de universidade e de mundo diferentes em problema.

Zé, vc tem toda a razão. Suas palavras são por demais esclarecedoras.

Feliz Páscoa para todos.

Unknown disse...

Prezados colegas,

O que importa daqui para a frente é o que queremos para a URCA.

Eu penso que, urgentemente:

- Concurso para professor efetivo. Só assim poderemos pensar em futuros mestrados e doutorados.

- Mestrados e doutorados.

- Biblioteca central de verdade, muito melhor do que a que temos hoje.

- Cursos de graduação, só gratuitos.

- Um Plano de Desenvolvimento Institucional.

- Transparência total no uso dos recursos da URCA e da FUNDETEC. Com a utilização do site da universidade sim.

- Fim do nepotismo direto e indireto.

- Contratação de tereceirizados mediante seleção, por necessidade dos setores e nunca mais por bilhete e indicação de políticos e "personalidades" da "sociedade".

- Cumprimento das regras do servidor público estadual,nos seus direitos e deveres, como no caso da Dedicação Exclusiva e da necessidade de cumprirem a pesquisa, o ensino e a extensão.

Isso é o mínimo para começarmos.

Abraço.