TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 28 de fevereiro de 2009

No teu pedido

No teu pedido um poema
perdido no véu granulado da estrada
em que a esperança avança rumo ao nada

Que mais tu queres?

A última fagulha ultrapassou o peito
e apagou-se no porto
de onde partiria a voz
longe de ser alvissareira,
tampouco atroz

Existem torres recheadas de angústia,
vitrines com promessas,
ocultas rachaduras por onde a vida foge,
e o dia fica exaurido de suas forças

Algo escorre por entre os dedos,
mas não é sangue,
suor não é

Que mais tu queres?

Eis a cidade, suas notícias,
por que não abres os olhos,
vê tu mesmo as muitas delícias
que se atribuem a suas mulheres?

Talvez a vida seja o poema
turbado por estas cifras,
poema inigualável,
que tu não decifras

O poeta...
O poeta é o quê?


São Paulo, dez 2007.

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