TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Confessionário

O abismo do outro passa por meu silêncio.
O beijo e o abraço das sombras alheias
resvalam-se no meu dorso.

Que patético seria o ruminar dos meus bichos
se não lhes oferecesse minha alma.

Meu cotidiano é vasto -
cabe tantas sombras e tantos bichos.

Mas o sentido é o meu sentido.

A loucura é a minha loucura.

A verdade é a minha verdade.

A tolice é somente minha.

Não culpo a vítima pela distância
entre a ponte podre e a margem segura.

A grande Magia e imenso Fogo
acontece quando o poeta
e quem ouve
esquecem-se da palavra
e do Vazio.

Um único tombo -
E o bueiro aberto consome o que traga.

Um comentário:

Marta F. disse...

Cara, que lindo, Domingos. Achei tão fundo, tão alma, tão teu verdadeiro e limpo.
Escrevo isto imediatamente após ter lido, emocionada.
Um abraço meu querido, e que tudo de verdade, de loucura e de sentido te preencham ainda mais, beijo.