TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Cinco para as quatro

Eis um rio desaguado
Que solidão insólita aquela
Sem dentição aparente

Na margem direita
A desolação do velho sofá
Sem reino e sem níqueis
Retidos em segredos

Na margem esquerda
A disjunção onírica
Das cápsulas deflagradas
Que não decifram o inimigo

Na margem incontida
O prazer inafiançável de
Se dependurar em grampos
Sob a pele em sala escura

Eis uma inundação
De espermas nas pernas
Sem restrição aparente

7 comentários:

Domingos Barroso disse...

O poema e os seus cantos.
De espaço, de vazio, de segredos.
Sobretudo de imagens.

Nem sempre é preciso um choque.
Há energia suficiente para um longo,
longo, longo tempo de tremores.
Pés descalços, tempo chuvoso -
corre-se o risco.

Um forte abraço,
meu camarada e meu irmão.

Marta F. disse...

Há algo em comum comigo, uma direção desviada, um surpreendimento com o que não estava predito, tuas letras me pegam de jeito, estilo que admiro.

Beijo esporádico, como suas aparições.

Lupeu Lacerda disse...

cinco pras quatro
balas deflagradas
pernas
espermas
e um sofá confessional sem moedas escondidas.

porra!

Marcos Vinícius Leonel disse...

Valeu, poetas,

a poesia é a única estrada que cria o seu próprio rumo. Ainda bem que estamos nela.

abraços

chagas disse...

"Eis uma inundação"
de imagens
nos versos de um bom poema.

chagas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcos Vinícius Leonel disse...

Valeu Chagas, pelo comentário,
valeu poeta, abraços!