TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Um outro olhar.


Soy loco por ti

Por Glauco Faria, Colaborou Marília Melhado



Um verdadeiro paraíso. Ali gente como Al Capone, Lucky Luciano, Frank Costello e outros grandes nomes da máfia norte-americana eram os donos dos maiores cassinos e hotéis, onde músicos do porte de Frank Sinatra e Nat King Cole se apresentavam com certa regularidade. A polícia e as autoridades do local eram dóceis e respeitosas com seus “beneméritos”, não atrapalhando os negócios que envolviam bebidas, drogas e prostituição. Enquanto isso, a maior parte da população vivia em condições semifeudais, tentando tirar seu sustento da monocultura de cana-de-açúcar.

Esse lugar era Cuba, nos anos 1940. Território livre para o crime organizado e os interesses de investidores norte-americanos. Boa parte deles com intenções pouco nobres. O filósofo Jean Paul Sartre, no livro Furacão sobre Cuba, lançado em 1960, dava uma descrição das condições de vida do povo cubano no período pré-Revolução. “Viviam com quatro meses de salários miseráveis, e oito meses sem trabalho, os homens se endividavam, ora no armazém da localidade, ora com seu empregador. Mais tarde, seu pagamento antecipado já havia sido devorado por tais empréstimos a juros.” O contraste entre essa realidade e a Cuba de hoje talvez possa explicar um pouco não só a intransigente defesa da Revolução feita pelas pessoas mais velhas no país, como a paixão que o sistema da ilha desperta em militantes de esquerda em todo o mundo, inclusive no Brasil. Mas, ao contrário do que alguns tentam fazer crer, não é uma paixão cega, baseada simplesmente na simpatia ou no carisma de um líder como Fidel Castro, e sim calcada em conquistas e avanços que fazem da experiência cubana um evento único no mundo. O religioso Frei Betto é um dos entusiastas do regime. Já foi diversas vezes à ilha e, quando essa reportagem estava sendo produzida, se preparava para ir novamente a Cuba. Ele conta como conheceu o presidente cubano, naquela ocasião, junto com outro líder. “Encontrei Fidel pela primeira vez em Manágua, em 19 de julho de 1980, por ocasião do primeiro aniversário da Revolução Sandinista. Em companhia de Lula, conversei toda uma noite com ele. Confirmou-me a impressão de um homem carismático, inteligente, dotado de firmes convicções ideológicas e casado com a Revolução. Complacente e compassivo é ainda hoje Fidel, onde o coração parece predominar sobre a razão”, relata. “Cuba é o único país da América Latina em que ninguém nasce condenado à morte precoce, graças ao fato de toda a população ter assegurada cesta básica e educação e saúde gratuitas. Há um cartaz no caminho do aeroporto de Havana para o centro da cidade que diz tudo: ‘Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana’”, ressalta.
A educadora Elza Lobo foi diversas vezes a Cuba e tem uma relação de afeto com o país. Começou a acompanhar o cotidiano da ilha desde o assalto ao quartel de Moncada, em 1956, e vislumbrou uma mudança que viria a se concretizar em 1959, com a vitória dos revolucionários no início de janeiro. A partir daí, muitos se inspiraram nas primeiras medidas tomadas pelo novo governo. “Quando militava no movimento estudantil vi, por exemplo, o Vilanova Artigas organizou um grupo de estudantes de Arquitetura em 1960 para um projeto de construção de moradias populares em Cuba”, recorda. Mas o fato que iria conquistar a simpatia de Elza seria a campanha nacional de alfabetização implementada em 1960. Em 1958, segundo dados oficiais, 23,6% da população era analfabeta. Já em 1961, Fidel Castro declara em uma conferência na Organização das Nações Unidas (ONU) que Cuba era um território livre de analfabetismo, servindo de modelo para outras experiências. “Resolvemos fazer um plano nacional de alfabetização no Brasil, com o envolvimento de estudantes a exemplo do que havia ocorrido em Cuba, mas utilizando o método Paulo Freire. O Ministério da Educação, a União Nacional dos Estudantes e as Uniões Estaduais dos Estudantes estavam elaborando esse projeto, que foi abortado com o golpe de 1964.”
Lúcio Manfredo Lisboa tinha 13 anos quando o ditador Fulgencio Batista foi derrubado. O fato foi muito importante para ele. “Isso marcou muito minha juventude”, lembra. Mesmo depois de formado em Engenharia Química, o desenrolar da Revolução Cubana o acompanhava. Em 1985, finalmente conseguiu realizar seu sonho de conhecer o país. “Tive a oportunidade de acompanhar uma delegação da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) para um evento sobre meio ambiente. Desde então, fui para lá 11 vezes”, conta.
“Ali, me despertei para o país, para as conquistas sociais que haviam sido obtidas. Além disso, com o tempo estabeleci amizade com muitas famílias cubanas, independentemente de ideologia. Minha ligação com o país não é apenas ideológica, mas emocional e cultural”, confessa Lúcio, que assegura que o país é o “mais culto da América Latina”. “A Revolução investe muito nisso, principalmente após o advento da globalização. Eles acreditam que um povo com cultura resiste mais aos valores de fora e por isso investem pesadamente nesse aspecto.”
Se a cultura é um dado que impressiona, decerto está longe de ser o único. A avançada medicina, por exemplo, hoje é uma das principais fontes de receita do país. Cuba se tornou o primeiro país a desenvolver, na década de 1990, a vacina contra a meningite B, o que resultou em um significativo aumento de suas exportações. Fenômeno semelhante aconteceu em relação à hepatite B, cuja vacina é fornecida atualmente para 30 países. Nada incomum para Cuba, que possui a maior proporção mundial de médicos por habitantes, com um profissional para cada 172 cubanos.
Mas, embora o país tenha investido, principalmente nos últimos anos, em biotecnologia, o forte do sistema de saúde cubano é a medicina preventiva. Adriano Biava, economista, conheceu o país em 1996 e mantém encontros periódicos com acadêmicos de sua área em Cuba. Ele cita um exemplo que elucida a orientação da política de saúde do país. “Quando teve início a crise econômica em função da extinção da União Soviética, alguns itens alimentícios, como azeite, por exemplo, começaram a faltar em Cuba”, recorda. “Como conseqüência, o consumo de car ne de porco e da gordura do animal aumentou, resultando em elevação da obesidade e dos índices de colesterol da população. Por conta disso, o governo elaborou um plano nacional para aumentar a produção de legumes e auxiliar na mudança de hábitos alimentares das pessoas, evitando doenças futuras.”
A excelência na área atrai estudantes de diversos países, inclusive os do Brasil. A brasileira Talita Aparecida Tomé da Cruz, de Itapevi, na Grande São Paulo, é uma das cem estudantes de baixa renda selecionados pela Embaixada de Cuba para cursar Medicina com uma bolsa que garante ainda moradia e alimentação. “Eles perguntam o que você conhece de Cuba e por que escolheu Medicina”, conta Talita à reportagem do jornal Visão Oeste. “Sinto-me privilegiada, muitas pessoas tentaram e não conseguiram.” A queda do comunismo no Leste Europeu e o fim da União Soviética foram um duro golpe na economia cubana. Para se ter uma idéia, entre 1989 e 1993, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 34%, as exportações se reduziram em 66% e os investimentos desabaram 80%. Desde então, Cuba tem adaptado seu sistema econômico para a realidade da globalização. “Para atrair capitais que pudessem ajudar no desenvolvimento econômico, Cuba modificou suas leis relativas ao investimento estrangeiro da ilha. O capital é bem-vindo, desde que na forma de joint venture com o Estado”, esclarece Arthur Amorim no livro Y Ahora Fidel? (Editora Conex). “Hoje já existe operando em Cuba pouco mais de 400 joints, com investimentos que passam da casa dos US$ 3 bilhões. Essa cifra pode não parecer grande, mas para o tamanho da ilha é muito significativo”, garante o autor. Ainda para suprir a falta de divisas, o governo direcionou seus esforços no turismo, um mercado bastante competitivo, ainda mais se tratando do Caribe, região com diversas ilhas paradisíacas. Mesmo assim, Cuba foi bem-sucedida. Nos últimos dez anos, a atividade tem crescido a uma média de 15% ao ano sendo que, dos 300 mil turistas que o país recebia em 1990, atingiu-se a marca de 2 milhões em 2004. A contribuição do turismo na balança de pagamentos cresceu de 4% para 43% em 2000. Para isso, a planificação estatal foi fundamental. “Em cada hotel que a Meliá constrói é feita uma sociedade na qual Cuba fica com 51% do empreendimento. A Meliá entra com o investimento e a tecnologia, constrói o hotel e treina o pessoal. Cuba entra com o terreno e com a infra-estrutura, estradas de acesso a uma nova praia, saneamento, eletrificação, o que for preciso. Os funcionários são todos cubanos, com uma ou duas exceções, e o Estado se encarrega do pagamento de todos os salários. Não há taxas para o empreendimento. Também não há impostos, os sócios dividem os resultados meio a meio”, analisa Amorim.
Para boa parte dos estudiosos, o modelo cubano se parece muito mais com o que esta sendo feito hoje na China e no Vietnã. “Um processo de reformas gradual, com abertura ao capital, mas sem perder o controle do Estado. É um modelo que está sendo chamado de economia socialista de mercado”, explica o autor.

Classes Se por um lado, a ênfase no turismo é responsável por parte da recuperação econômica de Cuba no período que se segue após a queda do Muro de Berlim, de outro, cria também uma espécie de casta. Aqueles que vivem da atividade, recebem em moeda norte-americana, um diferencial em relação aos demais. “Quem lida com turismo tem uma condição melhor do que um professor com PhD, porque só eles ganham em dólar”, conta Nelson Medeiros de Oliveira Neto, que fez intercâmbio no país.
Fabio Soprani, que participou da Brigada de Solidariedade a Cuba em 2003, reconhece que há uma certa diferenciação entre aqueles que trabalham com turismo e os demais, assim como também em relação àqueles que estão ligados à máquina estatal. Ainda assim, minimiza a questão. “Em Cuba, há uma divisão entre a burocracia estatal e a população, só que, diferentemente da extinta União Soviética, não se criou uma classe burocrática lá. O Estado não privilegia os políticos, o cidadão recebe o mesmo do que ganhava antes de trabalhar ali”, afirma.
“Durante a crise econômica no país, começaram problemas sérios de corrupção, não no primeiro, mas no quarto, quinto escalões. Hoje, há uma grande campanha contra a corrupção”, relata Lúcio Manfredo Lisboa. No perío¬do de recuperação econômica, a classe burocrática pagou seu preço, já que 15 ministérios foram fechados.
Outro ponto polêmico quando se fala de Cuba é a questão do sistema político. Se não é semelhante à democracia representativa clássica, para muitos o regime também não pode ser classificado como uma ditadura, até porque os cubanos votam. Clara Charf, que viveu durante nove anos exilada em Cuba (ver box), chegou a presenciar algumas reuniões para indicar candidatos à Assembléia Municipal do Poder Popular. “Era um processo muito interessante. Os moradores do bairro se reuniam, às vezes na rua mesmo, e indicavam os candidatos. Depois, nos lugares de muita visibilidade, ficavam cartazes com as fotos e os nomes deles, todos com espaço igual”, explica Clara. Outro aspecto a se destacar é que, a cada quatro meses, o delegado municipal (equivalente a um vereador daqui) tem que prestar contas a seus eleitores que, se estiverem insatisfeitos, podem tomar medidas para cassar seu mandato.
“A questão do partido único é um tema complicado. Não sei se é um erro, mas do ponto de vista da construção de alternativas de Estado popular é um tema que tem que ser debatido”, reconhece o coordenador do MST João Paulo Rodrigues, ressaltando, porém, os acertos do regime.
“Os que hoje acusam Cuba de não manter um regime democrático, geralmente não têm a menor idéia das experiências da ilha com a democracia”, explica Arthur Amorim. O cantor e compositor Chico Buarque, em entrevista dada ao jornalista Fernando de Barros e Silva, da Folha de S. Paulo em dezembro de 2004, também falou a respeito. “Quanto a fuzilamentos ou a prisão de dissidentes políticos, fico contrariado, porque não gosto e não concordo com isso. A questão é muito delicada. Eu gostaria que Cuba fosse um país democrático. Agora, eu gostaria de uma maneira,e o Bush de outra. Cuba poderia ser hoje o Haiti. Cuba não é. É claro que me desagrada a idéia de um partido único, de liberdades vigiadas, mas existe ao mesmo tempo a necessidade de um controle para manter os valores da Revolução, que a meu ver são louváveis.” F

O rato que ruge
Apesar de ter apenas 110.992 km² e pouco mais de 11 milhões de habitantes, a pequena Cuba é uma verdadeira pedra no sapato do gigante Estados Unidos. Na prática, a relação entre os dois há tempos é conflituososa, tendo se tornado crítica após a Revolução. Os EUA cortaram relações diplomáticas com Cuba em janeiro de 1961 e, três meses depois, 1.500 homens treinados pela Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA) invadiram a baía dos Porcos, operação fracassada que terminou com o saldo de centenas de norte-americanos presos.
“[A invasão] só serviu para consolidar, e até mesmo justificar, a posição de Fidel. Perante os olhos do mundo ele tornou-se o líder com coragem para enfrentar a grande potência dominadora. O Davi que ousava contrapor-se a Golias”, explica Arthur Amorim. A partir daí, cada medida norte-americana contra Cuba era respondida à altura pelo governo caribenho. “Quando os Estados Unidos cortam o fornecimento de petróleo, Fidel passa a comprar o produto da Rússia. Quando a Texaco e outras empresas petrolíferas da Ilha se recusam a refinar o petróleo comunista, Fidel desapropria as refinarias. Quando Kennedy suspende a importação do açúcar cubano, cortando quase toda a receita financeira de Cuba, Fidel desapropria 36 engenhos e usinas, todos eles americanos. Quando as centrais de energia elétrica e de telefonia param seus trabalhos, Fidel decreta sua imediata estatização. E assim foi, de medida em medida, sempre uma reação igual e contrária. Com o passar do tempo, ficou impossível saber o que era causa, o que era efeito”, conta.
“Para eles, os terroristas islâmicos são inimigos da liberdade, mas os que atacam Cuba são ‘lutadores’ da liberdade. Os EUA acham que existem terroristas bons e terroristas maus...”, ironiza o vice-cônsul cubano em São Paulo Bladimir Martinez Ruiz. Ele conta que, além do bloqueio econômico, diversas outras medidas foram tomadas pelos norte-americanos para prejudicar seu país. “Qualquer navio que entra em Cuba não pode ingressar nos EUA por seis meses. Empresários que negociam conosco não recebem visto para entrar em território estadunidense.”
Os ataques norte-americanos não conseguiram derrubar o regime cubano, mas sem dúvida tornam a situação econômica do país bastante complicada, servindo, inclusive, como justificativa para a falta de flexibilização no sistema político. “A Revolução Cubana pode e deve ser melhorada em muitos aspectos, mas primeiro é preciso que se suspenda o bloqueio criminoso imposto pelo governo dos EUA e as agressões imperialistas”, clama Frei Betto.


Revista Fórum

Um comentário:

Armando Rafael disse...

Em homenagem ao bravo deputado Ulysses Guimarães (quem não lebra sua frase: TENHO ÓDIO E NOJO DE DITADURAS), publico abaixo a outra versão sobre a mais longa, corrupta e sangrenta ditadura do continente americano:

"A revolução cubana inventou vários mitos a respeito de seu próprio país. A propaganda comunista apregoa que Cuba era uma nação agrária, pobre, com uma população majoritariamente analfabeta e um governo corrupto e que a revolução modificou totalmente esse quadro de miséria do país. A mentira sobre Cuba lembra muito bem a caricatura soviética do czarismo: a de um país “semi-feudal” que foi industrializado por Stalin. Ao contrário do que se apregoa, Cuba era um país altamente desenvolvido e com uma qualidade de vida equiparado a vários países europeus, em 1959. Tinha a segunda melhor qualidade de vida na América Latina e sua população era majoritariamente alfabetizada, (80% da população). Sua renda per capita era semelhante a da Itália e proporcionalmente tinha mais médicos do que a Finlândia. A maior parte de sua população vivia nas cidades e, embora o açúcar fosse o principal produto de exportação, no entanto, ele correspondia a apenas um terço da economia do país. Dois terços da economia cubana dependiam de outras atividades comerciais e prestação de serviços urbanos.

Outro mito apregoado pela fábrica de desinformação castrista é a de que a economia cubana era dominada pelos empresários americanos. Pelo contrário, a influência americana tinha vertiginosamente diminuído na economia do país. Para se ter uma idéia dessa “nacionalização” privada da economia cubana, em 1935, das 161 centrais açucareiras cubanas, apenas 50 eram cubanas. Em 1959, 121 propriedades açucareiras já estavam em mãos nacionais. Em 1939, os bancos cubanos manejavam 23% dos negócios privados. Em 1958, essa estatística já chegava a mais de 60% dos bancos privados em mãos de nacionais. Isso porque o capital norte-americano preconizava, em 1958, apenas 14% do capital investido em Cuba, com tendência a decrescer mais ainda. Outra bobagem repetida a exaustão pela propaganda comunista é a estória de que Havana era um gigantesco prostíbulo urbano. A prostituição em Cuba era tão parecida como qualquer cidade de grande porte e zona portuária. Isso porque a maior parte dos clientes era feito de cubanos natos. A maior parte dos turistas do país provinha de famílias norte-americanas e, por mais que houvesse o crime organizado e a máfia dos cassinos, nada que a lei e a ordem num país democrático não combatessem o crime comum.

O único grande problema no país era político, em particular, a corrupta ditadura de Fulgêncio Batista, que desagradava, quase que por unanimidade, os grupos sociais do país. Quando Fidel Castro chegou à Havana, em 1º de janeiro de 1959, teve um sólido apoio popular, precisamente porque a guerrilha de Serra Maestra prometia acabar com a ditadura e instaurar a democracia. A maioria da população não queria um regime comunista. As classes médias cubanas foram bastante entusiastas da queda de Batista e sonhavam com a restauração da Constituição de 1940 e eleições livres, prometidas por Castro. Bispos católicos, indignados com a corrupção e a violência de Batista, participaram da oposição ao regime. Até os Eua apoiaram Fidel Castro. A recusa dos americanos de armarem o exército de Batista foi muito mais devastadora à ditadura do que a guerrilha. Comenta-se que a própria CIA deu apoio logístico a Fidel Castro. Todavia, a promessa de ser a restauração da democracia, começou a ser um novo pesadelo: os cubanos caíram na armadilha de trocar uma ditadura autoritária, por outra pior, totalitária. Lenta e gradualmente, Castro mostrou suas verdadeiras intenções políticas: primeiro, começou a perseguir e fuzilar opositores políticos. Essas perseguições não pouparam nem mesmo os antigos companheiros de guerrilha, sinceros democratas, quase todos eles presos, exilados ou mortos. Fechou os jornais de oposição, confiscou as propriedades do país, coletivizou a agricultura e instaurou uma ditadura socialista de partido único. Concomitante a isso, criou um Estado policial e uma polícia política, o Mint, junto com os chamados Comitês de Defesa da Revolução, cujo artifício era o de espionar cada bairro do país. A classe média, que outrora apoiou o novo regime, foi embora do país. E o padrão de vida da nação caiu vertiginosamente".