TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

UM NOTURNO COM PROMESSA DE PLENITUDE

O mundo, dizem, é uma explosão. Uma expansão. A fuga. Aqui neste espaço em que respiro, portanto vivo, sou o próprio universo. Nada existe intra ou extra entre nós, somos um só. Apesar dos ruídos da destemperada cidade, o universo que somos, ele e eu, tem uma função auditiva serena. Não é lento e nem rápido, exuberante ou sereno, é, sobretudo a fala em que todos se entendem. De um tempo e um território, mas é uma fala que especialmente me atinge.

O Noturno de Brasílio Itiberê da Cunha. Grande músico brasileiro autor de mais de 37 obras. Obras variadas, noturnos, valsas, mazurkas, romances, marchas, barcarolas, estudos entre outros estilos. Prisioneiro deste noturno sou informado que a mais conhecida obra deste brasileiro é A Sertaneja, uma fantasia sobre base folclórica. Nascido em 1846 na cidade de Paranaguá, Itiberê da Cunha foi um dos primeiros músicos a trazer a base cultural brasileira para a elaboração musical erudita. Como vemos seguindo os passos dos românticos que foram em buscas de suas raízes fundadoras no que, então, era a novidade estética da humanidade, especialmente da Europa. O momento das fundações da nacionalidade.

Artur Moreira Lima e Arnaldo Estrela gravaram discos com obras de Itiberê Camargo. Este que escuto foi gravado pela FUNARTE com a pianista Ana Cândida que, aliás, tem uma belíssima interpretação da música. Este compositor inaugura a pesquisa sobre a própria realidade folclórica da jovem nação, assim como depois a genialidade de Villa Lobos a torna universal.

Itiberê formou-se em direito pela Faculdade de São Paulo e muito jovem, com 24 anos de idade foi nomeado embaixador do Império na Europa por Dom Pedro II. Brasílio estudou piano e em sua própria casa e na essência foi um autodidata. O pai era um músico amador e não apenas o estimulou no piano como ao outro filho João Itiberê da Cunha. João foi levado para terminar os estudos na Bélgica por seu irmão Brasilio e lá terminou direito na Universidade de Bruxelas, fez parte do movimento simbolista belga e escreveu no Le Figaro de Paris.

Brasílio morreu em Berlim no ano de 1903, aos 57 anos de idade. Passou a maior parte de sua vida fora do Brasil. Foi amigo do pianista Anton Rubinstein para quem escreveu Estudo de Concerto, de Sgambatti e Liszt.

3 comentários:

socorro moreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dihelson Mendonça disse...

Era um compositor muito virtuosistico ao instrumento. Fã de Sgambatti e Liszt não poderia ser diferente. É bom saber que as pessoas finalmente descobrem esses talentos aí que o tempo quase esqueceu. Um dia talvez descubram meus Noturnos, Prelúdios e Valsas, daqui a 150 anos também...como já disse, "Um dia todos morreremos, para sermos imortais"...

Abraços,

Dihelson Mendonça

socorro moreira disse...

Di, que saudades de vc !
Tomara que a gente se encontre num noturno , e num prelúdio , dançar a valsa do encontro !